quarta-feira, julho 12, 2017

Dólar amplia queda após notícia sobre condenação de Lula, batendo R$ 3,20

Nota de US$ 5 dólares (Foto: REUTERS/Thomas White)

O dólar ampliou a queda em relação ao real nesta quinta-feira (12) após a notícia sobre a condenação do ex-presidente e Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, a moeda já operava em baixa, em meio ao otimismo com a aprovação da reforma trabalhista no Senado, na véspera, e de olho em pistas sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos.
Às 15h19, a moeda dos EUA caía 1,27%, cotada a R$ 3,2119 para venda. Antes, o dólar chegou a bater a casa dos R$ 3,20. Veja a cotação de hoje. A Bovespa também reagiu à notícia sobre a condenação de Lula, passando a subir com mais força.
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, condenou o ex-presidente Lula em uma ação penal que envolve o caso da compra e reforma de um apartamento triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo. Ele foi condenado a nove anos e seis meses.

Reação do mercado de câmbio (Foto: G1 )
Reação do mercado de câmbio (Foto: G1 )

O diretor de investimentos da Gradual Investimentos, Pedro Coelho Afonso, disse que o mercado reagiu à notícia já mirando as eleições de 2018, ainda de olho na possibilidade de aprovação da reforma da Previdência. "Agora, aparentemente, o Lula é carta fora do baralho", disse em entrevista ao G1.

Afonso comentou ainda que, mais cedo, em meio aos desdobramentos da denúncia contra o presidente Michel Temer, os mercados não reagiram com tanta força. "O Temer acaba parecendo uma escolha do mercado financeiro, mas, na atual conjuntura, devido a toda essa turbulência, ele seria o 'menos pior', pelo menos para terminar esse governo até a próxima eleição".
"Imaginando uma possível candidatura, a volta do presidente mudaria a equipe econômica que hoje é totalmente pró-mercado", acrescenta Fernando Bergallo, Diretor de câmbio da FB Capital.
A professora da economia da Fecap, Juliana Inhasz, afirma que a condenação de Lula sinaliza ao mercado que a Lava Jato tem efeitos reais, retirando as dúvidas de que o juiz Sérgio Moro fosse mesmo capaz de condenar uma grande figura política. “O mercado financeiro colocou na ponta do lápis e viu com otimismo o fato de que a corrupção está sendo levada a sério”, diz.
Contudo, a decisão de Moro acrescenta mais incertezas ao cenário político e econômico, na visão da professora, uma vez isso aumenta as chances de que outras figuras políticas atualmente no poder também sejam condenadas, entre elas o presidente Michel Temer.
Reforma trabalhista
O mercado abriu os negócios desta quarta repercutindo a aprovação da reforma trabalhista no Senado na noite anterior. Após sessão tumultuada que durou mais de 11 horas, os senadores aprovaram o texto-base da reforma trabalhista por 50 votos a 26 e, em seguida, analisou três destaques (sugestões de alteração à proposta original). Todos foram rejeitados.
"O placar de aprovação da trabalhista foi folgado e, embora seja um termômetro pequeno para a aprovação de outras reformas, ajudou no tom positivo", afirmou à Reuters o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello, para quem o dólar vem procurando se acomodar num piso mais baixo do que os R$ 3,30 das últimas semanas.
Segundo a agência, o mercado continuava apostando que, com ou sem o presidente, a agenda de reformas deverá prosseguir uma vez que a atual equipe econômica poderia continuar mesmo com outro assumindo a Presidência do país. Na linha sucessória, está o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo maia (DEM-RJ).
Cenário externo
Da cena externa, ajudava na queda do dólar nesta sessão o discurso da chefe do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed). Janet Yellen afirmou que não será preciso elevar tanto os juros no país. Em seu discurso semestral no Congresso, explicou que os riscos para a economia americana estão equilibrados, mas que "as possíveis mudanças" previstas pela política econômica de Donald Trump representam "uma fonte de incerteza".
O mercado segue atento a pistas sobre os rumos dos juros no Estados Unidos porque, com taxas mais altas, o país atrairia recursos aplicados atualmente em outros mercados, o que motivaria uma tendência de alta do dólar em relação a moedas como o real.
Último fechamento
Na véspera, o dólar fechou em queda ante o real pela terceira sessão seguida, ao menor nível desde 1º de junho, com os investidores apostando que a reforma trabalhista seria aprovada pelo Senado mesmo em meio à situação delicada do presidente Michel Temer, que vem perdendo apoio político.
A moeda terminou a sessão cotada a R$ 3,2532 na venda, queda de 0,19%. No mês, a moeda norte-americana teve queda de 1,8%. No ano, o dólar teve alta de 0,11%.

Fonte: G1

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