quarta-feira, novembro 23, 2016

Delegado suspeita que idoso achado dentro de poste teve 'morte natural'

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/A Polícia Civil já iniciou a investigação sobre a morte do carpinteiro Dagoberto Rodrigues Filho, de 68 anos, cujo corpo foi encontrado dentro de um poste, no Setor Jardim Europa, em Goiânia.
Segundo o delegado Dannilo Proto, responsável pelo caso, a suspeita inicial é que ele tenha morrido por causas naturais.
"Estamos colhendo as informações preliminares no local do fato e checando se há alguma câmera de segurança que o flagrou entrando no poste. Preliminarmente, tudo aponta para uma morte natural, mas ainda é muito cedo para afirmar", disse ao G1.
Ainda de acordo com Proto, relatos dos familiares já ouvidos informalmente corroboram essa hipótese. Eles disseram que o idoso tinha distúrbios psicológicos, além de sumir de casa com frequência e retornar somente dias depois.
Apesar disso, o delegado não descarta outras linhas, como homicídio. "Estamos analisando como ele entrou lá ou ainda se alguém o executou e escondeu o corpo dentro do poste, o que é menos provável", explicou.
O carpinteiro foi achado morto no último domingo (20), no canteiro central da Avenida Viena, no Jardim Europa, região sudoeste de Goiânia. O poste seria usado na expansão da rede de alta tensão, e estava deitado no canteiro central da via com uma abertura na parte de baixo. Como estava em avançado estado de decomposição, o corpo foi identificado por meio de análise de digital. O enterro aconteceu nesta manhã no Cemitério Vale da Paz, em Goiânia.
Transtorno bipolar
Filha de Dagoberto, a auxiliar de contabilidade Adriane Rodrigues já havia cobrado uma investigação policial sobre o caso.

Dagoberto Rodrigues Filho foi encontrado morto em poste de energia, em Goiânia, Goiás (Foto: Arquivo pessoal/Adriane Rodrigues)Dagoberto foi encontrado morto em poste de
energia (Foto: Arquivo pessoal/Adriane Rodrigues)
“A Polícia tem de averiguar para sabermos o que realmente aconteceu. O que me deixou em alerta foi um sinal de queimado no começo do poste. Pode ter sido que alguém colocou fogo e, apurado, meu pai correu para a parte mais fina e ficou engastalhado. Mas também ele pode ter passado mal lá dentro porque é muito abafado”, disse.
Ela ainda que não conseguiu tratamento para o pai, que tinha transtorno bipolar e afirmou que ele foi internado duas vezes, mas depois de receber a última alta, em agosto deste ano, não recebeu o acompanhamento médico adequado.
Desaparecimento
A auxiliar de contabilidade conta que o pai morava com ela, a mulher e o neto no Setor Aeroporto Sul, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Segundo ela, Dagoberto costumava passar vários dias fora de casa. “Às vezes, ele saía e ficava até cinco dias sumido, mas sempre voltava ou dava um jeito de ligar para a gente buscar", disse.
No último dia 7 de novembro, Dagoberto voltou a sumir, mas, diferente das outras vezes, não entrou em contato. A família começou a procurar e ir a clínicas e hospitais, mas não conseguiu nenhuma informação sobre ele.
Adriane resolveu pedir ajuda nas redes sociais. A família havia morado por 26 anos no Jardim Europa, bairro onde o corpo foi encontrado. Uma antiga vizinha viu as fotos na web e ligou para auxiliá-la informando do corpo achado dentro do poste.

Naquele momento, a filha se lembrou de algo que o pai uma vez lhe disse. "Das vezes em que ele saía, eu perguntava onde ele dormia, que não precisava daquilo. E uma vez ele confessou que já tinha dormindo dentro daquele mesmo poste. Na hora, me deu aquele estalo", revela.


Corpo de idoso encontrado em poste é enterrado em Goiânia, Goiás (Foto: Murillo Velasco/ G1)Corpo de idoso encontrado em poste é enterrado em Goiânia (Foto: Murillo Velasco/ G1)

Adriane então esteve no local e acompanhou parte do trabalho feito pelos bombeiros, que tiveram de serrar o poste. Na segunda-feira de manhã, ela esteve no IML com toda documentação do pai, mas, ainda assim, não foi possível a identificação. A Polícia Civil só confirmou a identidade durante a tarde, após análise de digitais.
IML
Em relação ao exame de necropsia, ele foi concluído pelo Insituto Médico Legal (IML). No entanto, segundo o órgão, o laudo não aponta a causa da morte de Dagoberto. O supervisor administrativo do órgão, Daniel de Carvalho, disse ao G1 que o fato do corpo ter ficado dentro de uma estrutura metálica pode ter avançado o estado de decomposição, impossibilitando constatar, por exemplo, se foi perfurado.
Dias antes do corpo ser encontrado, moradores da região já tinham acionado os bombeiros diante do cheiro forte nas imediações onde a estrutura estava. Geralda Aparecida da Silva, dona de uma pamonharia que fica em frente ao local, conta que os fregueses do restaurante já estavam reclamando do odor. "Muito ruim. Um cheiro muito forte que incomodava bastante", disse.


Adriane Rodrigues, filha de Dagoberto, idoso encontrado morto dentro de um poste em Goiânia, Goiás (Foto: Murillo Velasco/G1)Adriane chora morte do pai, encontrado morto dentro de um poste (Foto: Murillo Velasco/G1)

Rede de alta tensão
O poste onde o corpo foi encontrado é um dos que estão deitados nos canteiros centrais de várias vias da região sudoeste de Goiânia. Eles foram deixados no local há quase 3 anos para serem instalados nas obras de expansão de uma rede elétrica de alta tensão, pela Companhia Energética de Goiás (Celg).

A estatal federal Eletrobras suspendeu a obra há 2 anos, depois que um relatório do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID) apontou várias falhas no projeto de implantação da rede. Agora, os moradores do bairro lutam para que as estruturas sejam retiradas.

A Celg informou que ainda não tirou os postes do local porque espera a obtenção do alvará de construção e renovação da licença ambiental da Prefeitura de Goiânia para, então, continuar as obras de implantação da linha de alta tensão. De acordo com a companhia, o sistema é “imprescindível” para a melhoria do sistema e atendimento aos próprios moradores.

Fonte: G1

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