quarta-feira, novembro 23, 2016

De Virgulino para Direitos Humanos: “presídio não é casa de mãe Joana”

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/O Rio Grande do Norte parece não fugir à regra quando o assunto são os atritos entre Direitos Humanos e autoridades de segurança pública. Ao procurar o Conselho Estadual de Direitos Humanos e Cidadania do
Rio Grande do Norte, para repercutir a operação que prendeu o vice-presidente Condep/SP e vários advogados acusados de servir ao crime organizado, o portalnoar.com descobriu que a entidade está em pé de guerra com o secretário da Justiça e Cidadania do Estado, Walber Virgulino.

À reportagem, Geraldo Wanderley, líder dos Direitos Humanos no RN evitou falar sobre a prisão do colega paulista. Em suas palavras, ele tem “pouca relação com o pessoal lá de São Paulo”.

Geraldo aproveitou o contato com a reportagem para fazer queixas do secretário Walber Virgulino, que afirmou o está impedido de adentrar nas unidades prisionais potiguares.

“Eu estou proibido de entrar nas prisões do Estado pelo secretário de Justiça. Ele faz isso, e a Justiça não tá nem aí”, disse.

Na verdade…

O secretário Walber Virgulino negou que Geraldo ou qualquer outro integrante dos Diretos Humanos estejam proibidos de visitar os presídios do RN.

“Eu não conheço nem ele”, afirmou Walber. Mas, continuou: “Ou foi lá em Caicó ou em Caraúbas que ele (Geraldo) quis entrar na unidade dizendo que era dos Direitos Humanos, mas ninguém o conhecia. Ele deveria ter comunicado que faria a visita, mas quis entrar sem comunicar, e não é assim que funciona”.

Perguntado se o contato de Geraldo Wanderley para entrar no presídio deveria ser feito diretamente com o ele, o secretário disse que, além dessa alternativa, existe outra possibilidade. “Se ele quiser, nem precisa falar comigo. Basta mandar um ofício para a secretaria”, relatou.

“Eu, como secretário, só preciso saber quem está entrando no presídio. Preciso que digam a que órgão pertence, a que pastoral da igreja… Se não for assim, qualquer um vai querer entrar, e presídio não é casa de mãe Joana”, completou o secretário.

Força quando necessária

Geraldo Wanderley também afirmou que “depois que o secretário de Justiça assumiu a secretaria, a violência dentro dos presídios cresceu bastante”. O dirigente dos Direitos Humanos no Estado foi além e afirmou que “ele (Walber) está violando bastante os direitos dos presos. Já constatei isso”.

O secretário demonstra respeito para com a opinião de Geraldo e expõe a sua: “Eu não acho que tenha aumentado a violência. Digo que melhorou a moralização”.  E explica: “Veja só! O agente pede pra um preso sair da cela, e o preso se nega a fazer isso, desrespeita o agente. O que será preciso fazer? O uso da força, que defendo quando se faça quando necessário”.

Direitos Humanos

Motivo do contato da reportagem com os Diretos Humanos do RN, o vice-presidente da entidade em São Paulo, Luiz Carlos dos Santos, de 43 anos, foi preso com mais duas pessoas e 32 advogados numa operação da Polícia Civil e do Ministério Público. Eles são acusados de usar os respaldos que possuem para favorecer 14 chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Santos, o único dos presos que teve o nome revelado, já acumula dez passagens anteriores pela polícia – oito por estelionato e as outras por violência doméstica e extorsão. O diretor dos Diretos Humanos no RN reconhece que alguém com essa ficha não devia ocupar um cargo de tanta importância na entidade, mas admite que casos assim são comuns no país.

“Bem, essa é uma realidade que acontece bastante no Brasil. A gente luta para que pessoas que não tenham o perfil certo não assumam cargos nos direitos humanos. Mas, no Brasil, infelizmente é assim, a gente vê até ministros com condutas desalinhadas com a ética do serviço público”, comparou Geraldo Wanderley.

Já o secretário de Justiça do RN diz reconhecer a importância do trabalho dos Direitos Humanos e torce para que a entidade seja mais ética e transparente para evitar novos atritos.

“Eu concordo (com o trabalho dos Direitos Humanos). Realmente é necessário que se lute contra a violência, que se visite nossas unidades. Eu só preciso saber quem é que fazer esse trabalho, para que esta pessoa tenha o acesso permitido”, esclareceu Walber.

Fonte: Portal Noar

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