sábado, outubro 01, 2016

Não estamos no buraco, mas é preciso ter cuidado, diz Marco Aurélio Cunha

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/Três técnicos em menos de um ano, negociação de seis jogadores do setor ofensivo no meio da temporada e a dificuldade em repor atletas com a mesma
qualidade. Essas são as justificativas encontradas por Marco Aurélio Cunha para a má campanha do São Paulo no Brasileiro.

Superintendente de futebol em um dos períodos mais vitorioso do clube –três brasileiros, um mundial e uma Libertadores (2005 a 2008)–, o agora diretor executivo foi chamado para estancar uma crise e tentar evitar o rebaixamento.

Atualmente, o time ocupa o 12º lugar com 34 pontos, quatro a mais que o Cruzeiro, primeiro da zona da degola.

"Não posso ignorar uma situação desta. Não estou no buraco, mas tenho que tomar cuidado para ele não me pegar. O momento agora é de responsabilidade", disse Cunha em entrevista à Folha.

O dirigente não faz críticas a seu antecessor no cargo, Gustavo Vieira de Oliveira.

"Não digo que demorou [para se planejar], porque foram quase de surpresa [as saídas]. Na surpresa, não existe planejamento. Foram perdas significativas e o mercado ficou mais difícil para reposição", defende.

Ele também minimiza a influência de disputas políticas no clube no desempenho do time na temporada.

*

Folha - Como você vê esse atual momento do São Paulo?
Marco Aurélio Cunha - De fora, a gente percebia a dificuldade do momento. Quando você fala e faz uma análise crítica, você tem que analisar a circunstância.

O São Paulo teve vários problemas. Dois treinadores, que saíram para seleções importantes, México [Osório] e Argentina [Bauza], e agora estamos com um terceiro [Ricardo Gomes].

De repente existe uma perda de qualidade. Tínhamos no começo do ano o Kieza, Rogério, Calleri, Alan Kardec, Centurion e o Ganso da linha média para frente. Hoje, não temos nenhum desses. Trouxemos o Cueva, o Chavez e tem os meninos que estão vindo como esperança.

Isso do meio para o fim do torneio. Isso é muito difícil para dar um padrão de jogo. Tivemos que refazer o time.

A saída do Bauza foi inesperada, mas de alguns jogadores não. Faltou planejamento após a eliminação da Libertadores?
A saída de jogadores nesse número exagerado causa algum dano. O São Paulo contratou substitutos, mas não no mesmo nível. Foram perdas significativas e o mercado ficou mais difícil para reposição porque quando a janela abre tem muita coisa à vista, quando ela está fechando as oportunidades diminuem e o preço aumenta.

O que você faria de diferente para segurar os jogadores?
Quando o jogador anseia sair do clube, temos que imediatamente pensar numa substituição. Então tem que começar a se planejar. Mas no meio do campeonato isso é muito difícil.

Está preocupado com este momento? Você vê ameaça de de rebaixamento para Série B?
Me preocupo com este momento, mas não com o rebaixamento. Os resultados desconfortáveis e a posição na tabela incomodam. Não ignoro o rebaixamento porque grandes clubes já desceram e esse é um sinal de que pode acontecer com qualquer um. Não tenho medo, mas temos que nos precaver.

E como se precaver dessa possibilidade de descenso?
Organizando a equipe, conversando com cada atleta, mostrando a responsabilidade que cada um tem sem fazer pressão. Não apontar culpados, mas exigir responsabilidade. Não estamos no buraco, mas temos que tomar cuidado para ele não nos pegar.

As brigas internas da diretoria afetaram o futebol?
O jogador não percebe essas coisas. Eles [jogadores] são muito focados neles mesmos. Eles são jovens e estão pensando na vida deles. Mas um mau resultado influencia, uma participação de torcida influi. O que repercute muito é o resultado e a ação negativa da torcida. Cobrança de dirigentes nem existe porque as coisas acontecem no Morumbi e não no CT da Barra Funda.

É o pior momento da história do São Paulo?
Eu me lembro de 2004, quando perdemos do Once Caldas [na semifinal da Libertadores]. Perdemos na sequência para o Paysandu e logo depois para o Palmeiras com uma falha do Rogério. A torcida xingou o Rogério, o Luis Fabiano e chamou o time de amarelão. Sobrevivemos e todos sabemos da história [o time foi campeão da Libertadores e do Mundial no ano seguinte].

Agora, é um momento crítico pela tabela. Esse momento é mais de desorganização do que de críticas.

Se o time estivesse bem, seguramente não teriam me chamado. Sempre foram colocadas aqui pessoas novas, e é assim que se faz mesmo. Eu vim em um momento que talvez eu não pudesse [vir], mas não poderia virar as costas. Se não viesse, não iria me sentir bem. Estou arriscando, já que tenho conquistas, uma história no São Paulo. Quando você arrisca isso só pode ser porque você tem respeito, paixão por esse clube. Seria errado eu vir num momento de glória.

O São Paulo já tem um planejamento para 2017 se permanecer na Série A?
Não temos planejamento porque planejamento é um fato consumado. Estamos todos os dias pensando em 2017, analisando o mercado. Temos uma base muito boa, temos jogadores jovens muito bons. É muito bom aproveitar os jogadores da base, ter paciência com eles. Melhor do que trazer um jogador mediano, caríssimo só para justificar a contratação.

RAIO-X
MARCO AURÉLIO CUNHA

Nascimento:
28.fev.1954 (62 anos),
em São Paulo

Formação:
Médico ortopedista

Cargos no futebol:
Conselheiro vitalício do São Paulo, Diretor-executivo de futebol do São Paulo e Coordenador de futebol feminino da CBF (licenciado). Entre 1996 e 2001 foi diretor de futebol de Coritiba, Santos, Figueirense e Avaí

Cargo fora do futebol:
Vereador em São Paulo (2008 a 2015) 

Fonte: Folha de são Paulo

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