Em 3 de dezembro do ano passado, o árbitro foi vítima de xingamento homofóbico por parte do armador Rajon Rondo, então pelo Sacramento Kings e hoje no
Chamado de "um puta de um viadinho" pelo jogador - expulso da partida -, ele pensou por vários dias na possibilidade de confessar ser homossexual. A punição branda a Rondo (um jogo fora) se tornou o estopim para que o juiz tomasse tal atitude.
Toda a história por trás daquele mês de dezembro foi contada na edição de outubro da revista "TrueHoop", da ESPN nos Estados Unidos (disponível aqui em inglês).
Kennedy trabalhava no duelo Kings x Boston Celtics, na Cidade do México, com os árbitros Bennie Adams e Ben Taylor quando aconteceu o incidente com Rajon Rondo.
De acordo com Adams, não houve uma reação imediata do companheiro de apito após o insulto. No entanto, no vestiário, a cabeça de Bill Kennedy começou a ficar agitada quando precisou escrever sobre o caso no relatório pós-jogo.
"Billy ficou chocado que aquelas palavras estavam sendo usadas em 2015", contou Bennie Adams. "Assim que a noite avançava, você pode vê-lo refletindo e pensando. Enquanto ele estava escrevendo o relatório, ele estava como 'É o momento de eu me revelar e me erguer'".
Com problemas para enviar a súmula por conta de falha no Wi-Fi do hotel, os pensamentos de Kennedy não paravam de aumentar. "Você podia ver o processo, a conversa que ele estava tendo. 'Deu para mim. Não está certo isso acontecer às pessoas no lugar de trabalho ou em qualquer outro local... E eu vou dizer algo sobre isso'", relembra Adams.
Bill Kennedy recebeu telefonemas de dirigentes da NBA, e a associação de árbitros prometeu ajudá-lo, lembrando que uma vez Kobe Bryant foi multado em US$ 100 mil por usar uma frase homofóbica contra um árbitro heterossexual.
No entanto, Rajon Rondo garantiu que não sabia da orientação sexual do juiz, e os companheiros de time corroboraram com a defesa.
As investigações duraram mais de uma semana, e Bill Kennedy ficou ainda mais impaciente com a situação. Como o jogo foi no México, a NBA não possuía câmeras em todos os lugares para comprovar o xingamento, e uma especialista em audiologia foi contratada para ajudar.
Oito dias depois do incidente, a liga anunciou a punição ao armador: um jogo fora.
"A totalidade de todas essas questões - tentar levar em conta a privacidade de Bill, o devido processo para Rondo, uma potencial apelação e o fato de que nós nunca tivemos uma questão disciplinar na qual o que foi dito não foi captado pelo microfone - (indica) como nós chegamos a um jogo de suspensão nesse caso", afirmou o comissário da NBA, Adam Silver, à reportagem.
A associação de árbitros criticaram a suspensão branda dada ao jogador, e Bill Kennedy recebeu um telefonema de Silver, que explicou ter tentado garantir sua privacidade.
"Eu não achei que foi justo que esse indivíduo ia dizer o que disse e ser suspenso por só um jogo. Eu não achei que o caráter dele, ou seu caráter naquele momento, valeria apenas um jogo de suspensão. A outra única maneira de trazer isso era se eu fosse a público pedir atenção ao que realmente aconteceu. Eu queria que todos soubessem dos fatos", explicou o árbitro.
Então, 11 dias depois do acontecimento, em carta ao site Yahoo Sports, Bill Kennedy revelou sua homossexualidade a todos. Poucas horas depois, lá estava o árbitro em San Antonio para o duelo dos Spurs contra o Utah Jazz.
E como seria a reação?
O juiz ficou apavorado antes de entrar em quadra e pediu aos assessores de imprensa para não atender os jornalistas. No entanto, no caminho do vestiário para o jogo, recebeu um longo abraço do diretor geral dos Spurs, R.C. Buford.
No momento da apresentação dos times, quando as luzes ficam mais fracas, Gregg Popovich se aproximou dele. "Ele disse, abre aspas, 'Você tem mais coragem, você tem mais culhões do que qualquer um que eu conheço. Você tem mais bravura do que qualquer um que eu conheço. Agora, vai lá e chute traseiros'. Então, ele saiu. Ele não disse uma palavra para mim pelo resto do jogo", conta Bill Kennedy.
Fonte: ESPN
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