Moradores de Istambul e cidades próximas relatam um clima de apreensão nas ruas da cidade. Um toque de recolher foi anunciado
As Forças Armadas da Turquia anunciaram que passaram a controlar o governo, em golpe de Estado contra o presidente Recep Tayyip Erdogan, que pediu a seus seguidores que desafiem os militares.
"As pessoas não estão correndo pelas ruas, até porque não teria como. As vias estão apinhadas de gente andando, porque não conseguem encontrar táxis e os ônibus estão absolutamente lotados", diz a publicitária Selen Bayrak, 30, que mora em uma travessa da avenida Istiklal, cartão-postal de Istambul.
Os bares da região boêmia de Beyoglu fecharam mais cedo. Às 23h, horário que costuma ser o pico do movimento, as casas começaram a fechar suas portas, segundo o relato da jornalista Deniz Utmuz, 42. Ele estava com um grupo de amigos quando viu pelo Twitter relatos da movimentação dos militares em Ancara
"Todos se levantaram, pagaram a conta e foram para casa. Parece que as pessoas deste país nascem sabendo como agir num momento desses."
A debandada aconteceu cerca de uma hora antes de militares anunciarem no canal público de TV TRT que um toque de recolher havia sido instituído, e que os aeroportos estavam fechados.
Julho é o ápice do verão, em que as temperaturas alcançam 40° C, e em que parte razoável da elite turca sai das grandes cidades. "Nosso plano era voltar para Istambul amanhã", diz o assistente de roteiro Erem Çiçek, que está em Alaçati, praia a cerca de 600 km de Istambul.
"Agora não fazemos ideia de se as estradas estarão abertas."
Algumas vias, como uma as duas pontes que ligam as área europeia e asiática da cidade foram bloqueadas pelos militares.
'VOLTA AO NORMAL'
O turco Aidyn Takmaz, 39, que é casado com uma brasileira, relata que tudo parece tranquilo em Antália, cidade no sul da Turquia, onde passa férias.
"As notícias que temos aqui é de que, aos poucos, os militares fiéis ao governo estão recuperando o controle em Istambul", disse.
Não está claro quem está no comado do país neste momento.
"O povo saiu para protestar. A maioria está contra o golpe militar, ao lado da democracia", afirmou. "Esperamos que tudo volte ao normal."
Fonte: Folha de São Palo
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