segunda-feira, março 28, 2016

'Não necessitamos que o império nos presenteie com nada', diz Fidel

O ex-presidente de Cuba Fidel Castro, de 88 anos, vota neste domingo (19) durante as eleições locais no país (Foto: AP Photo/Alex Castro)O ex-presidente cubano Fidel Castro afirmou nesta segunda-feira (28) que Cuba não necessita que "o império" lhe presenteie com nada e que o povo deste "nobre e
abnegado país" não renunciará "à glória, aos direitos e à riqueza espiritual que ganhou com o desenvolvimento da educação, da ciência e da cultura".
"Não necessitamos que o império nos presenteie com nada. Nossos esforços serão legais e pacíficos, porque é nosso compromisso com a paz e a fraternidade de todos os seres humanos que vivem neste planeta", precisou Castro em artigo publicado nesta segunda-feira nos veículos de imprensa oficiais da ilha intitulado "Irmão Obama".
O antigo líder cubano, de 89 anos e retirado do poder em 2006, analisa em sua "reflexão" o discurso que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, feito na terça-feira (22) ao povo cubano durante sua visita à ilha, a primeira de um líder americano à Cuba revolucionária.
"Somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais que necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo", ressaltou o líder da Revolução cubana em sua primeira reação à visita de Obama a Cuba.
O artigo do ex-presidente, entre os conhecidos como "reflexões de Fidel", datado às 22h27 de 27 de março, foi divulgado nesta manhã nos meios de comunicação oficiais da ilha e nele debulha aspectos das palavras de Obama na terça-feira desde o Grande Teatro de Havana.
Sobre as declarações de Obama a favor de "esquecer o passado e olhar para o futuro", Fidel Castro considera que utilizou as "palavras mais açucaradas" e afirma que os cubanos correram "o risco de um infarto" ao escutar o presidente dos Estados Unidos falar de cubanos e americanos como "amigos, família e vizinhos".
"Após um bloqueio impiedoso que durou quase 60 anos e diante dos que morreram nos ataques mercenários a embarcações e portos cubanos, além de invasões mercenárias, múltiplos atos de violência e de força?", questiona Fidel.
Segundo ele, "um dilúvio de conceitos inteiramente inovadores" entraram na mente dos cubanos que o escutavam quando este afirmou que sua visita a Cuba tinha o propósito deixar para trás a Guerra Fria nas Américas e de estender uma "mão de amizade" ao povo cubano.
Castro lembra a Invasão de Baía dos Porcos, quando em 1961 "uma força mercenária com canhões e infantaria blindada, equipada com aviões, foi treinada e acompanhada por navios de guerra e porta-aviões dos Estados Unidos, atacando de surpresa nosso país".
"Nada poderá justificar aquele ataque que custou a nosso país centenas de baixas entre mortos e feridos", rememora Fidel Castro, sobre aquele acontecimento que aprofundou a divisão entre EUA e a Cuba Revolucionária.
Fidel Castro também criticou que nas declarações de Obama sobre a origem mestiça tanto de Cuba como dos EUA, não mencionou que "a discriminação racial foi varrida pela Revolução", que aprovou "a aposentadoria e o salário de todos os cubanos" antes que do presidente americano "completar dez anos".
"O odioso costume burguês e racista de contratar aguazís para que os cidadãos negros fossem expulsos de centros de recreação foi varrida pela Revolução Cubana", afirma Castro, que lembrou que a solidariedade cubana também livrou essa luta contra o racismo em Angola e outros povos da África.

O presidente dos EUA, Barack Obama, discursa no Gran Teatro, em Havana, durante visita histórica a Cuba (Foto: Carlos Barria/Reuters)Presidente dos EUA, Barack Obama, discursa no Gran Teatro, em Havana, durante visita histórica a Cuba (Foto: Carlos Barria/Reuters)

Fonte: G1

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