quarta-feira, março 09, 2016

Enforcado em trave, preso morre dentro da maior penitenciária do RN

André Carlos Silva de Limeira (Foto: Divulgação/Alcaçuz)Um detento morreu na madrugada desta quarta-feira (9) dentro da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, maior presídio do Rio Grande do Norte. André Carlos Silva de Limeira, de 28 anos, mais conhecido como 'André Pé
Seco', foi encontrado com uma corda amarrada no pescoço, dependurado numa trave de futebol na quadra do pavilhão 2, dominado por uma facção da Paraíba. Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal.
A identificação do preso foi confirmada pela Coordenadoria de Administração Penitenciária. Durval Franco, diretor da Coape, afirmou ao G1 que a suspeita é que o preso tenha sido assassinado. Ao analisar uma foto tirada pelos próprios presos do pavilhão 2 momentos antes de o detento morrer, Durval disse que "isso foi um recado claro de que André seria assassinado. Ou seja, fizeram questão de mostrar que ele seria morto". Na imagem, o detento aparece, ainda vivo, com uma corda no pescoço. Depois, os presos também divulgaram outras fotos, onde André já aparece morto, dependurado na trave.
"Já chamamos o Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), que é o órgão competente para atestar o que causou a morte do preso, e também a Polícia Civil, que vai investigar o caso", acrescentou Durval.
"As brigas de facções supostamente podem estar por trás dessas mortes. A Alcaçuz, maior penitenciária do RN, pode tornar-se um ambiente tenso. A direção está fazendo de tudo para identificar os responsáveis. A polícia ficará responsável pelas investigações", destacou Juciélio Barbosa, vice-diretor do presídio.
Ainda segundo a Coape, André Carlos Silva de Limeira cumpria pena pelo crime de assalto à mão armada.


Rogério Dias Sabino (Foto: Divulgação/Alcaçuz)Rogério Dias Sabino (Foto: Divulgação/Alcaçuz)
Mortes em presídios
A morte de André Pé Seco foi a quarta registrada este ano dentro do sistema prisional potiguar. No dia 22 de fevereiro, na própria Penitenciária de Alcaçuz, a vítima foi Rogério Dias Sabino, de 48 anos. Ele foi espancado e enforcado. Segundo a direção, o preso cumpria pena por homicídio, assaltos à mão armada e falsificação de documento público. As condenações somadas chegavam a 70 anos. Ninguém assumiu a autoria do crime.

Damião Fernandes dos Santos, de 36 anos, cumpria pena por tráfico de drogas (Foto: Divulgação/Direção da Penitenciária Agrícola Dr. Mário Negócio)Damião Fernandes dos Santos
(Foto: Divulgação/Mário Negócio)
Dois dias antes, foi assassinado durante uma rebelião na Penitenciária Agrícola Dr. Mário Negócio, em Mossoró, o detento Damião Fernandes dos Santos, de 36 anos. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu a um ferimento no peito. Damião cumpria pena por tráfico de drogas.
E, no dia 21 de janeiro, Gledson Souza Saraiva, preso por assalto, foi encontrado pendurado pelo pescoço dentro da cela 5 do pavilhão 2 da Cadeia Pública de Mossoró. “Somente as investigações poderão apontar se foi suicídio ou se ele foi assassinado”, ressaltou o agente penitenciário Ednardo Sales, vice-diretor da unidade.

Gledson Souza Saraiva (Foto: Divulgação/PM)Gledson Souza Saraiva (Foto: Divulgação/PM)
2015
Ano passado, 28 homens morreram dentro de unidades carcerárias do RN. Deste total, 25 foram assassinados a facadas ou encontrados enforcados, mortos em condições suspeitas. Outros dois morreram soterrados após o desabamento de um túnel na Penitenciária Estadual de Alcaçuz. E, no início de 2015, um adolescente morreu ao ser baleado em uma unidade para cumprimento de medida socioeducativa durante uma tentativa de resgate no Ceduc de Caicó. Os números são da Coordenadoria de Análises Criminais da Secretaria Estadual de Segurança Pública.
Sistema em calamidade
O sistema penitenciário potiguar está em calamidade pública desde o dia 17 de março de 2015, após uma onda de rebeliões que atingiu pelo menos 14 das 33 unidades prisionais do estado. O decreto, renovado em setembro, tem validade até março deste ano.
De acordo com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), já foram gastos mais de R$ 7 milhões nas reformas das unidades depredadas. A secretaria reconhece que o sistema penitenciário do RN é ultrapassado e precisa de uma modernização com mais eficiência e tecnologia nos processos.

Fonte: G1

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