sexta-feira, outubro 16, 2015

Ao MP, policiais relatam 'omissão' e 'proteção' ao tráfico de drogas no RN

Favela do Mosquito, que fica no bairro das Quintas, foi o principal alvo do cumprimento dos mandados (Foto: Ediana Miralha/Inter TV Cabugi)O Ministério Público ouviu de um policial civil e dois policiais militares que havia 'omissão' e 'proteção' ao tráfico de drogas na Favela do Mosquito, no bairro das Quintas, na Zona Oeste de Natal. Os depoimentos, os quais o G1 teve acesso,
fazem parte das denúncias da operação Citronela, deflagrada no dia 25 de setembro pelo Ministério Público.

Os três policiais também revelam que o principal investigado do caso, o paraibano Joel Rodrigues da Silva, de 42 anos, mais conhecido como 'Joel do Mosquito', comandava o tráfico de drogas no local. Preso na operação, Joel foi encontrado morto dependurado pelo pescoço no último sábado (10) dentro da Cadeia Pública de Natal.

Nos depoimentos, o agente e os dois PMs ainda afirmam que drogas e armas usadas pelos traficantes eram transportadas pelo Rio Potengi, que margeia a Favela do Mosquito. Os traficantes andavam livremente armados com fuzis pelas ruas e intimidavam moradores do Mosquito para que eles não dessem informações para a polícia.

 De acordo com o MP, o comando do tráfico de drogas na Favela do Mosquito rendeu a Joel um patrimônio de aproximadamente R$ 2 milhões, incluindo automóveis de luxo, apartamentos, terrenos em praias, uma empreiteira e duas clínicas de estética.

Novos Rumos
A partir das informações colhidas na Citronela, o MP desencadeou a operação Novos Rumos quadro dias depois, no dia 29 de setembro. Em processos das duas operações, o Ministério Público apontou indícios de que policiais do 9º Batalhão da Polícia Militar estavam envolvidos com o tráfico de drogas na Favela do Mosquito.

Morte em cadeia
O corpo de Joel foi encontrado dependurado pelo pescoço na noite do sábado passado, dia 10. Detentos do Presídio Provisório Raimundo Nonato Fernandes, a Cadeia Pública de Natal, fotografaram e espalharam pelas redes sociais uma imagem que mostra o detento sendo estrangulado dentro do pavilhão B da unidade. Em revista feita por agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE) dentro da cadeia nesta quinta-feira (15), foram encontrados 14 aparelhos celulares. Um deles, segundo a direção, pode ser o aparelho utilizado para registrar a morte do traficante.

Para a delegada Taís Aires, da Delegacia Especializada de Homicídios de Natal (Dehom), a morte de Joel não foi suicídio. "Muita gente tinha interesse na morte dele", disse. A polícia não tem suspeitos.

 "Joel do Mosquito movimentava grande quantidade de drogas, tanto que a operação Citronela constatou, inclusive, que ele tinha um patrimônio bem extenso. Então muita gente poderia ter interesse na morte dele, principalmente pessoas que queriam invadir a área dele. Existem várias possibilidades, mas ele era realmente um grande traficante", explicou a delegada.

A delegada afirma que, apesar de Joel ter se tornado um alvo visado, ainda não é possível apontar um suspeito de ter matado ou encomendado a morte dele. "Fica muito difícil de a gente conseguir, de início, identificar alguém. Até porque os presos tinham acesso às celas uns dos outros. Dentro do presídio eles ficavam isolados apenas da área administrativa. São aproximadamente 200 presos lá, o que dificulta termos suspeitos logo no início da investigação", ressaltou.

 Operação Citronela
Durante a operação Citronela (veja vídeo ao lado) foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão e duas pessoas foram presas em combate a crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Um dos detidos foi Joel do Mosquito, apontado pelas investigações como líder de uma organização criminosa que comandava o comércio de entorpecentes na região.

De acordo com o Ministério Público, Joel possuía condenação criminal por tráfico de entorpecentes, tendo constituído ao longo do tempo um vasto patrimônio distribuído em nome de terceiros e gerenciado de modo a ocultar a origem ilegal dos recursos.

“Ao longo da investigação ficou comprovado que o grupo é responsável pela gestão de um elevado patrimônio, avaliado em R$ 2 milhões, composto por automóveis de luxo, apartamentos, terrenos em condomínios de praias e em outros locais de alta valorização imobiliária, uma empresa de construção civil, dois salões de beleza e cafeteria em área nobre da capital”, afirmou o MP.

Por fim, foi determinada a indisponibilidade dos bens dos investigados e das empresas utilizadas para lavagem de dinheiro. Também foram apreendidas armas, drogas e considerável quantidade de dinheiro.

Fonte: G1

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