quarta-feira, junho 03, 2015

MP denuncia PM e ex-PM acusados de matar 8 corintianos da Pavilhão 9

 Oito pessoas morrem depois de serem baleadas na sede da Pavilhão 9, na Ponte dos Remédios, em São Paulo, SP, na noite deste sábado (18) (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)O Ministério Público (MP) denunciou à Justiça dois dos três homens apontados comoresponsáveis pela chacina que deixou oito corintianos mortos a tiros na quadra da torcida
organizada Pavilhão Nove, no dia 18 de abril, na Zona Norte de São Paulo. A Promotoria também pediu a conversão da prisão temporária de dois deles em preventiva.

Um policial militar e um ex-policial militar estão presos acusados pelos oito assassinatos. Eles negam. Outro policial da ativa é investigado por suspeita de participar dos homicídios. Ele ainda não foi preso e seu nome é mantido em sigilo para não atrapalhar a apuração da Polícia Civil.

Até esta quarta-feira (3) o juiz Luis Filipe Vizotto Gomes ainda não havia analisado a denúncia do MP. Para o promotor Rogério Leão Zagallo, responsável pela acusação, o motivo do crime foi a disputa pelo tráfico de drogas da região e desavenças entre um dos executores e uma das vítimas.

Oito mortos
O policial Walter Pereira da Silva Júnior, que pertence ao batalhão da Polícia Militar (PM) de Carapicuíba, na Grande São Paulo, e o ex-policial Rodney Dias dos Santos são acusados de executarem os torcedores Ricardo Junior Leonel do Prado, de 34 anos; André Luiz Santos de Oliveira, de 29 anos; Matheus Fonseca de Oliveira (‘Quadrilha’), de 19 anos; Fabio Neves Domingos (‘Dumeno’), de 34 anos; Jhonatan Fernando Garzillo (‘Edilsinho’), de 21 anos; Marco Antônio Corassa Junior, de 19 anos; Mydras Schmidt, de 38 anos; e Jonathan Rodrigues do Nascimento (‘Joe’), de 21 anos.

Veja acima quem são as oito pessoas mortas na sede da torcida Pavilhão Nove  (Foto: TV Globo/Reprodução)Veja acima quem são as oito pessoas mortas na sede da torcida Pavilhão Nove (Foto: TV Globo/Reprodução)

“Existem provas contundentes produzidas pelo DHPP [Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa] de que a vítima Fabio e o denunciado Rodney eram rivais pela disputa do tráfico de drogas na região do Ceasa [Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo]. Fabio era o alvo do trio que entrou na Pavilhão Nove”, disse Zagallo. “Os demais morreram porque estavam lá e poderiam ajudar a identificar os assassinos”.

Os dois acusados foram presos em 7 de maio. Foi um faxineiro, que se escondeu numa bandeira durante a chacina na Pavilhão Nove, quem reconheceu o policial e o ex-PM como os executores.

8 corintianos mortos (Foto: Reprodução / Polícia Civil)Imagem mostra corintianos mortos na quadra
(Foto: Reprodução / Polícia Civil)
'Estado Islâmico'
“Os assassinos agiram com crueldade compatível a do Estado Islâmico. Renderam e mataram as vítimas ajoelhadas, com tiros nas nucas", disse o promotor. "Sete morreram no local. Uma foi baleada e saiu correndo, mas morreu depois”.

A Pavilhão Nove é uma das torcidas organizadas do clube de futebol do Corinthians. A sede da torcida fica num barracão, onde ocorreram as mortes. De acordo com depoimentos das testemunhas, dias antes da chacina houve discussão entre Fabio e um dos assassinos.

Antes de serem mortos, os corintianos preparavam bandeiras que seriam levadas para o jogo contra o Palmeiras, no dia 19 de abril, na Arena Corinthians, em Itaquera, Zona Leste.

No dia anterior, câmeras de segurança de um posto de combustível, que fica ao lado da quadra da torcida, gravaram pessoas fugindo, escapando dos assassinos. De acordo com o relato de dois dos cinco sobreviventes da chacina, os criminosos teriam se identificado como "polícia" quando chegaram à quadra, por volta das 23h. Eles estavam com o rosto descoberto. Em seguida, mandaram oito torcedores se ajoelhar e atiraram nas cabeças deles.

Alvo
Fabio, ex-presidente da torcida, era o alvo dos criminosos. Ele foi o único dos mortos a receber dois tiros _os demais foram atingidos por um disparo. Ele era um dos 12 corintianos presos em Oruro, na Bolívia, em 2013. Estava entre os suspeitos de disparar um sinalizador que atingiu e matou o adolescente boliviano Kevin Espada, torcedor do San José, num jogo contra o Corinthians pela Libertadores.
Ainda de acordo com a investigação, depois de ser solto, Fábio se envolveu numa briga entre corintianos e vascaínos em Brasília. Segundo os policiais, ele e mais três outras vítimas da Pavilhão Nove já haviam sido condenados por tráfico de drogas.
Antes das prisões dos acusados, a polícia chegou a informar à imprensa que a ordem para executar os oito torcedores do Corinthians partiu de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios. A informação foi corrigida posteriormente com a prisão do PM e do ex-PM.
De janeiro a março de 2015, 33 policiais foram expulsos da Polícia Militar por vários motivos, não apenas por crimes, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP). Nos últimos cinco anos, 858 PMs foram expulsos da corporação.

A torcida organizada Pavilhão Nove foi criada em homenagem aos presos mortos em um dos pavilhões da penitenciária do Carandiru, em São Paulo, em outubro de 1992.

Se a Justiça aceitar a denúncia do MP, os dois acusados se tornarão réus no processo e continuarão presos até um eventual julgamento. O G1 não localizou os advogados de Rodney e Walter para comentarem o assunto.

Fonte: G1

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