segunda-feira, março 02, 2015

Pagodeiros "reinaram" em Barcelona com Ronaldinho. Agora têm que se virar

Ronaldinho apadrinhava o pagode em Barcelona e ajudou o grupo Perfil a se destacarShows em casas lotadas, público seleto com presença de jogadores do Barça e cachês altos para tocar pagode. O grupo Perfil BCN reinou
em Barcelona enquanto Ronaldinho esteve como padrinho. Os músicos chegaram a faturar 10 mil euros (aproximadamente R$ 30 mil) por uma apresentação. Também desfrutaram de uma vida privilegiada, com viagens e diárias em hotel de luxo. Só que o meia foi embora há seis anos, e agora, a realidade é outra.

Três de quatro integrantes do grupo seguem vivendo em Barcelona. O cenário do pagode ruiu sem Ronaldinho na cidade e cantor e percussionistas passaram a se aventurar em outros ramos para manter o desejo de viver na Europa. Atualmente, trabalhos de pintor, cozinheiro, pedreiro são desenvolvidos. O pagode não rende mais que 150 euros ao mês (cerca de R$ 450). 

"O Ronaldinho apoiava o pagode. Todos na cidade nos viam como o grupo do Ronaldinho, pois ele sempre estava tocando com a gente. Isso ajuda, chama público. Só que ele foi embora justamente no período em que a crise começou por aqui. Nós não imaginávamos que esse cenário iria acabar", disse o cantor do grupo, Hercules da Sena.

Ronaldinho sempre teve ligação com o pagode. No Brasil, deixou o grupo Revelação em outro patamar ao levar as músicas da banda como tema da seleção campeão na Copa do Mundo de 2002. Na época, o Perfil pegou carona no sucesso.

A banda carioca passou a abrir shows do Revelação no Rio de Janeiro. E com boa fama uma turnê europeia foi realizada em 2005. Na ocasião, o percussionista Márcio Flauzineo montou uma estratégia para viver de pagode em Barcelona e jamais voltou. Ele juntou o irmão João, que já morava na Catalunha há dois anos, e dois conhecidos: Hercules e Pedrinho Fiel para formar o Perfil BCN, e usar da associação com Ronaldinho como o grande marketing. Deu certo!

"Messi, Deco, Daniel Alves, Edmilson, Belletti,  Giovanni do Santos, todos esses caras o Ronaldinho levava para os nossos shows. Foi uma época de dinheiro fácil. A gente tinha apresentação quase todo dia, fora quando tocávamos com o Ronaldinho só pela diversão", lembrou Márcio.

A diversão de Ronaldinho é a que, aos poucos, foi irritando o então treinador do Barcelona, Josep Guardiola, e os dirigentes.  O jogador morava em uma cidade vizinha a Barcelona, e para ficar pela região em dias de treinos e jogos se hospedava em um luxuoso hotel da praia. Lá, o grupo Perfil BCN sempre o esperava para o pagode.

"Chegamos a ficar quatro dias hospedados no hotel de graça e todos os dias batucando com o Ronaldinho. Ele não pagava nada. O fato de termos uma ligação com ele que nos dava esse direito. Não tínhamos gastos nenhum, as pessoas começaram a convidar a gente por questão de divulgação", comentou João Flauzineo.

A fama do grupo do Ronaldinho foi quebrando barreira. Apresentações foram feitas em outras cidades da Espanha, e até mesmo em países vizinhos como França e Portugal em uma época em que as viagens eram realizadas com o jeep da banda. 

Ronaldinho foi embora de Barcelona em 2008. A última grande exibição na cidade aconteceu em 2010, na abertura do show do grupo paraense Calypso, quando cerca de 15 mil pessoas estiveram presentes. Agora, as apresentações de outrora valiosas, com média de 2 mil  euros ao grupo, hoje são raras e rendem 50 euros para cada integrante. O carro já foi vendido pela necessidade de dinheiro.  

Pedrinho Fiel voltou ao Brasil pouco após a saída de Ronaldinho e abriu uma fábrica de cintos. O cantor Hercules gravou um DVD de pagode para o Brasil e se juntou a um empresário brasileiro de jovens jogadores de futebol em Barcelona para trabalhar. Na cidade catalã, João é cozinheiro e pintor. E o criador do gurpo, Márcio, é pedreiro. 

"Não quero voltar ao Brasil. Claro que a gente fecha as contas aqui com dificuldades a cada mês, mas isso não me desanima. Ainda quero voltar a viver com a música aqui. A gente esperava que o Neymar fosse apadrinhar o pagode como fez o Ronaldinho. Só que ele não é acessível aqui", comentou João.

"Ainda percebo que o grupo é famoso. Outro dia um policial veio me aplicar multa de trânsito e quando falei para ele que era do grupo do Ronaldinho ele reconheceu, e pediu para que eu tocasse cavaco. Toquei e ele me livrou da multa. O Ronaldinho sempre ajudou brasileiros aqui, e se soubesse disso tenho certeza que ficaria muito feliz", comentou Hercules. 

Fonte: Uol

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