quarta-feira, janeiro 28, 2015

Reconstituição de crime de surfista termina com pequeno tumulto em SC

Recnstituição terminou por volta das 17h20, na Guarda do Embaú, em Palhoça (Foto: Guto Kuerten/Agência RBS)Após três horas, terminou no final da tarde desta terça-feira (27) a reconstituição do crime contra o surfista catarinense Ricardo dos Santos, o Ricardinho, morto na
última terça (20) depois de levar dois tiros durante um desentendimento com o policial militar Luis Paulo Mota Brentano, suspeito do crime. O procedimento começou por volta das 13h50 e finalizou depois das 17h. A imprensa não teve acesso ao local onde foram feitas a remontagem dos fatos, na Guarda do Embaú, em Palhoça, na Grande Florianópolis.
Ao final dos trabalhos, o policial militar foi chamado de "assassino" por pessoas que acompanhavam, de fora, a reconstituição. O objetivo era confrontar as diferentes versões apresentadas pelo suspeito e por testemunhas. Depois disso, a Polícia Civil deve concluir o inquérito e encaminhá-lo para o Ministério Público.
Reconstituição terminou depois das 17h desta terça (27) (Foto: João Salgado/RBS TV)Reconstituição terminou depois das 17h desta
terça (27) (Foto: João Salgado/RBS TV)
A mãe de Ricardinho acompanhou a ação na tarde desta terça (27). Com camisetas com o rosto do surfista estampado, os moradores acompanham à distância o trabalho. Eles seguram faixas e cartazes pedindo justiça e fizeram orações antes de começar a reconstituição. Conforme a RBS TV, aproximadamente 100 policiais militares estão no local, para garantir a segurança e o isolamento da área.
Ricardinho, de 24 anos, e o policial militar, 25, teriam se desentendido em frente à casa do atleta, na Guarda do Embaú, no dia 19 de janeiro. O policial, que estava de folga, confessou ter dado dois tiros na vítima, mas alega legítima defesa. As balas perfuraram vários órgãos internos. Uma acertou Ricardinho pelas costas e a outra o atravessou pela lateral do corpo. Ele morreu no Hospital Regional de São José no dia seguinte.
Durante a reconstituição, a polícia colocou um cordão de isolamento na área. Técnicos do Instituto Geral de Perícias, além da PM e da equipe da Polícia Civil responsável pela investigação, estiveram no local. O carro utilizado pelo policial militar suspeito no dia dos disparos também foi levado.
Horas antes do procedimento, a rotina dos moradores foi alterada na Guarda do Embaú. Os comerciantes fecharam seus estabelecimentos e uma das principais ruas foi bloqueada. Por volta das 8h, uma viatura da PM da Guarda do Embaú bloqueou a rua que dá acesso ao local onde houve o crime, impedindo a entrada de veículos. Dois agentes permaneceram no local. Perto das 11h, a estrada foi totalmente fechada, também para pedestres. 
PM deve ser expulso
Na segunda (26), o comandante geral da corporação afirmou em entrevista ao Jornal do Almoço, da RBS TV, que o soldado deve ser expulso da PM. "Iniciaremos o processo administrativo disciplinar o qual o excluirá na corporação. Está decidido", declarou o coronel Paulo Henrique Hemm.
Por telefone, o Centro de Comunicação Social da Polícia Militar informou que a expulsão ou não do policial depende da conclusão do inquérito da Polícia Civil. O soldado responde a um inquérito militar, aberto na semana do crime.
Legítima defesa
Em nota oficial enviada no domingo (25), por meio de advogado, o policial afirma que "jamais iria disparar contra uma pessoa, a não ser em defesa própria ou de terceiros". O PM segue alegando que agiu em defesa própria e do irmão menor. Ele também diz lamentar "sinceramente e profundamente o ocorrido".  A prisão preventiva dele foi decretada um dia após a morte da vítima, em 21 de janeiro, pela 1ª Vara Criminal de Palhoça.
O suspeito já foi investigado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por crime de tortura contra um jovem. Após a denúncia, em junho do ano passado, a promotoria encaminhou um ofício para o Batalhão da PM em Joinville. O documento recomendava que Brentano fosse afastado das ruas e cumprisse expediente dentro da unidade. A promotoria informou que não recebeu nenhuma resposta da corporação.
O comando da PM afirma que seguiu a recomendação do MPSC. O soldado foi transferido para  o setor de Inteligência, mas o comandante-geral não soube informar se o policial cumpriu expediente interno ou externo. A Polícia Civil alegou que faltaram elementos para indiciar o soldado.

Surfista mora na Guarda do Embaú, em Palhoça (Foto: Henrique Pinguim/Divulgação)Surfista morava na Guarda do Embaú, em
Palhoça (Foto: Henrique Pinguim/Divulgação)
Diferentes versões
A polícia ainda não sabe o que causou o desentendimento entre Ricardinho e o PM. Em uma das versões, testemunhas dizem que o policial estaria consumindo drogas em frente à casa do surfista, o que teria causado do desentendimento entre os dois. O laudo toxicológico já comprou que Brentano consumiu álcool no dia do crime, mas não outras drogas.
Outra versão indica que Ricardinho havia pedido para Brentano retirar o carro de cima de um cano na frente da casa do surfista, que ele e o avô precisavam consertar. Segundo moradores, o policial teria reagido de forma agressiva ao pedido, mas os dois não teriam chegado a ter uma discussão.
Quando todos achavam que o PM estava saindo com o veículo, ele sacou uma pistola e atirou duas vezes contra Ricardo. A polícia deve fazer uma resconstituição para confirmar o que realmente aconteceu.
A polícia vai confrontar as versões apresentadas pelas testemunhas durante a reconstituição que vai ocorrer na tarde da próxima terça (27). O delegado Marcelo Arruda, responsável pelo caso, disse que quer esclarecer as dúvidas que surgiram a partir dos depoimentos das testemunhas. Ele também afirmou que o fato do suspeito lamentar o ocorrido ou se arrepender não muda a investigação. O inquérito deve ser entregue à Justiça na quinta (29).

Fonte: G1

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