terça-feira, julho 22, 2014

Família de morto em porta de hospital quer R$ 1,5 milhão de indenização

Cunhada mostra foto de vigia que morreu na porta de hospital (Foto: Amanda Previdelli/G1)A família de Nelson França, segurança que morreu após ter atendimento recusado na porta do Hospital Santo Expedito na quarta-feira (16), vai entrar na Justiça
contra o centro médico e os demais envolvidos. O advogado dos familiares, Ademar Gomes, disse que pedirá indenização de aproximadamente R$ 1,5 milhão e mais uma pensão para os três filhos do vigia, todos menores.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo abriu sindicância nesta segunda-feira (21) para investigar a responsabilidade da equipe médica na morte de França. Mauro Aranha de Lima, vice-presidente do Cremesp, disse que o órgão vai “apurar severamente o acontecido."
Testemunhas contaram que a vítima ficou cerca de uma hora agonizando na entrada do hospital até que os bombeiros chegassem.
A pedagoga Daniela Henrieta Gomes Marques estava no hospital com a mãe e fez fez um vídeo do caso. Nas imagens, o vigia aparece deitado no chão, agonizando, pedido atendimento. Segundo ela, dois enfermeiros tentaram ajudar o homem, mas foram impedidos por um terceiro profissional. 
“Vinha saindo dois enfermeiros já colocando luva pra socorrer. Aí nisso veio o enfermeiro Leonardo, falou que não podia sair lá para fora para socorrer e colocou os dois enfermeiros lá para dentro de novo”, relata Daniela.
Nelson foi colocado numa ambulância e levado para um hospital municipal a 3 km do centro médico Santo Expedito. Segundo o Corpo de Bombeiros, duas viaturas foram enviadas ao local e, ao chegarem para atender a vítima, ela ainda estava viva, mas inconsciente. As equipes realizaram os primeiros socorros e encaminharam o vigilante a um hospital próximo, onde teve uma parada cardiorrespiratória e morreu.
Luto e revolta
"Aquilo ali foi uma sentença de morte. Eles decretaram a morte do Nelson", disse Delcídio de Souza, 57 anos, porta voz da família. Souza, metroviário, é casado com Roseli Ribeiro Santos de Souza, cabeleireira e cunhada de Nelson.
"Eles estudaram para deixar uma pessoa ter vida ou para deixar morrer nos pés?", questionou Roseli. Segundo ela, a família de Nelson, que deixou uma esposa e três filhos de 10, 12 e 14 anos, além de uma enteada de 19, está inconsolável. "Que imagem vai ficar para essas crianças?", questionou a cunhada de Nelson, ao lembrar-se do vídeo em que ele aparece agonizando.
Em nota, a direção do Hospital Santo Expedito disse que não corrobora de forma alguma com qualquer tipo de omissão de seus profissionais e, caso seja apurada a responsabilidade de algum envolvido, não hesitará em punir com rigor. O hospital afirmou ainda que a vítima foi "irresponsavelmente" abandonada por um condutor de uma lotação e que, se tivesse entrado no hospital, isso não teria acontecido.
Processo
De acordo com a defesa da família de Nelson, os envolvidos serão processados por "omissão de socorro". "Para o presidente do hospital, os diretores e o médico de plantão, será uma ação cível de danos morais e materiais. Para todos e eles e também o enfermeiro, uma ação criminal", explicou Gomes.
Nelson França tinha 48 anos e morava em Cidade Tiradentes, na Zona Leste. Ainda de acordo com o advogado, o vigia ganhava cerca de R$ 2.700 mensais em "bicos".  "Um pai de família ser tratado como um verme, um lixo, na porta do hospital, sem eles prestarem os primeiros atendimentos, deixa a gente muito triste mesmo”, afirmou a cunhada da vítima.
A polícia revela que aguarda o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) e abriu investigação para saber se houve omissão de socorro.


Reprodução Cidade News Itaú via G1

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