Encerrado o primeiro semestre do ano, os agricultores da cidade se deparam com um cenário entristecedor: mesmo com as chuvas que caíram em Mossoró e região a partir do mês de maio, 100% da safra foram perdidas, 40% do rebanho não sobreviveram à estiagem, resultando em um prejuízo aproximado de R$ 5 milhões.
O balanço foi divulgado pelo Sindicato dos Trabalhadores na Lavoura de Mossoró. De acordo com o presidente da entidade, como as chuvas este ano foram mal distribuídas e demoraram a acontecer, o prejuízo foi inevitável.
"Houve agricultores que fizeram até três plantios, sem sucesso. Podemos dizer que vivemos uma seca verde, pois até choveu, mas de forma irregular, e não foi suficiente para salvar a safra nem todo o rebanho, a situação agora está muito difícil", destaca Francisco Gomes.
Segundo o presidente do Sindicato, em épocas de chuvas regulares, em seis meses os agricultores da cidade conseguem colher cerca de uma tonelada de grãos por hectare, o que este ano foi inviável. Como consequência da estiagem prolongada, a população agora terá que enfrentar a alta nos preços dos grãos.
"É inevitável. Os preços vão subir. Se não teve bom inverno, não teve produção, trabalho. Infelizmente haverá esse baque nos preços ao consumidor, já que vêm da agricultura 85% do que está na mesa do brasileiro", argumenta.
Chuvas dos últimos meses amenizaram a situação de seca
Ainda conforme Francisco Gomes, a situação só não está pior porque com precipitações registradas nos últimos três meses foi possível salvar a maior parte do rebanho e abastecer alguns reservatórios de água.
"Graças a Deus o nosso pasto está garantido, o que nos faz segurar o rebanho, mas isso não significa que os problemas não existam. Muitos agricultores estão se perguntando como irão sobreviver, manter suas famílias a partir de agora", enfatiza o presidente.
O Sindicato dos Trabalhadores da Lavoura estima que existam hoje em Mossoró aproximadamente cinco mil agricultores, distribuídos em 40 assentamentos. "Os programas governamentais que oferecem linhas de crédito, como o Garantia-Safra, também ajudam os trabalhadores a continuarem na lavoura, mas nem todos os agricultores são contemplados, sem falar na burocracia para se obter esses benefícios", relata Francisco Gomes, acrescentando que é preciso também garantir a assistência técnica nos assentamentos. "Pedimos ao Incra, à Emater, que nos deem condições de trabalho. Hoje, em Mossoró, temos cinco poços profundos, que não funcionam porque os agricultores não têm condições de pagar a energia", conclui.
Reprodução Cidade News Itaú
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