A delegada Lisandréa Zonzini Salvariego Colabuono, da 2ª Delegacia de Defesa da Mulher, em São Paulo, pediu nesta segunda-feira (17) a prisão preventiva de Conceição Tomaz Cruz, 52 anos, diretora da escola Trenzinho Feliz, na Vila Clementino, na Zona Sul. Conceição foi indiciada no dia 5 deste mês pelos crimes de maus-tratos e por submeter crianças sob sua autoridade a vexame. O advogado da diretora, Antonio Sidnei Ramos de Brito, disse que aguarda a notificação formal para se pronunciar sobre o caso.
A delegada pediu ainda a mudança na tipificação do crime de maus-tratos para crime de tortura, cuja pena prevê de dois a oito anos de prisão. “Após ouvir várias testemunhas, eu me convenci de que foi crime de tortura, mas isso vai depender do entendimento do juíz”, explicou Lisandréa ao G1.
De acordo com a delegada, as agressões ocorreram por 15 anos. “Isso influenciou no entendimento de que não foram só maus-tratos. Com certeza, não foi um episódio isolado”, afirmou. Os dois pedidos - de prisão e do indiciamento por tortura - serão apreciados pelo juiz do Fórum do Jabaquara.
A polícia ouviu mais de 40 pessoas, entre funcionários, ex-funcionários, professores, pais de alunos e de ex-alunos. Alguns dos depoimentos relatam que a diretora obrigava as crianças a comerem o próprio vômito. “Temos um laudo psicológico de um aluno de três anos, revelando que ele forçava o vômito antes de ir para o refeitório para não ser submetido àquele vexame”, disse Lisandréa.
Agressões
O caso veio à tona após duas professoras denunciarem a diretoria da escola onde trabalhavam, há duas semanas. A pedido de uma mãe, elas filmaram Conceição enquanto a diretora servia o almoço às crianças.
As imagens mostram o momento em que Conceição bate em uma menina de 1 ano e 9 meses que não queria comer. As agressões físicas e verbais flagradas pela câmera foram entregues à polícia.
Após o indiciamento de Conceição, a Diretoria Regional de Educação (DRE) Ipiranga realizou uma vistoria no estabelecimento e determinou o descredenciamento da creche. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, uma portaria com o conteúdo da decisão deverá ser publicada no Diário Oficial nos próximos dias.
Outro lado
O advogado da diretora, Antonio Sidnei Ramos de Brito, disse ao G1 que só irá se pronunciar sobre o caso após notificação da Justiça.
Há duas semanas, o advogado havia dito que sua cliente estava passando por estresse e pretendia se afastar da direção do estabelecimento de ensino, mesmo antes das denúncias de maus-tratos. Antonio Brito alegou ainda que Conceição estava se automedicando. “Talvez por essa automedicação ela tenha momentaneamente perdido o controle. O estado emocional dela já era um tanto quanto delicado e sua intenção e dos familiares era que ela se afastasse da diretoria”.
Fonte: G1/Cidade News Itaú
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