quarta-feira, junho 27, 2012

Mais de 100 casos de Aids foram registrados no Amazonas este ano


Especialista diz que trabalho preventivo deve ir além da distribuição de preservativos (Foto: Divulgação)

Neste ano, 104 novos casos de Aids foram diagnosticados no Amazonas, sendo que o maior volume registrado de pessoas infectadas pelo HIV ocorreu em Manaus com 83 casos. Os dados integram o levantamento da Coordenação Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Aids e Hepatites Virais. No comparativo entre os dois últimos anos, houve redução no número de novos casos da doença, que caiu de 661 no ano de 2010 para 529 no ano passado.
De acordo com o médico Noaldo Lucena, coordenador estadual de DST/Aids, em 2012 já há registros de quatro casos de Aids em Itacoatiara, seguido de outros municípios com dois casos da doença, respectivamente Borba, Careiro e São Sebastião do Uatumã.

Na avaliação do especialista, a redução de 132 casos da doença no comparativo dos dois últimos anos aponta uma pequena queda. Porém, Noaldo Lucena destacou a mudança em relação à Aids no Amazonas, que seria a equiparação do número de casos entre homens e mulheres.

“Antes eram muito mais casos masculinos do que feminino, mas isso já mudou tem algum tempo. Nos últimos sete anos isso começou a apontar para o mesmo número de casos de Aids tanto no sexo masculino como no feminino, ou seja, houve um aumento da Aids em relação às mulheres, o que continuamos chamando de ‘feminização do HIV’”, revelou.

O coordenador estadual destacou a ocorrência maior de casos da doença no que se refere às pessoas com idade entre 20 e 50 anos. Entretanto, ele ressaltou a preocupação do avanço da Aids com os jovens e adolescentes da faixa etária de 14 a 20 anos.“Essa faixa etária tem nos preocupado bastante porque tem se percebido claramente o aumento do número de casos novos”, afirmou Noaldo Lucena.

Para o especialista, as ações não devêm se restringir apenas aos atos governamentais. “Não é só uma coisa de responsabilidade do estado, precisamos começar a falar de uma forma mais aberta e com menos tabu. O Brasil tem uma coisa cultural onde sobre sexo e sexualidade quase não se fala. Acho que precisamos abrir mais esse pensamento para conversar, obviamente com uma linguagem mais adequada aos adolescentes sobre vida sexual. Tratamos nos filhos e adolescentes como nunca fosse ter uma vida sexual, como fosse algo proibido. É preciso um esclarecimento dessa população, porque ao tomar uma decisão de se ter uma vida sexual ativa, é importante que nessa atitude a possibilidade e o conhecimento de se evitar as doenças sexualmente transmissíveis e uma eventual gravidez indesejada estejam presentes”, enfatizou o coordenador.

Ações
Dentro da Programação de Ações e Metas (Pam), o direcionamento do trabalho de prevenção da Aids é voltado para as populações vulneráveis no estado. “Ações bem delimitadas onde tentamos atingir essas populações mais vulneráveis baseado em uma série de fatores. Como o oferecimento de teste rápido para identificar os possíveis casos de Aids, que possam existir antes mesmo da apresentação de sintomas. Além disso, desempenhamos a orientação para a utilização de preservativo e como evitar as doenças sexualmente transmissíveis, bem como locais onde se possa diagnosticar e tratar a doença. E fazer o acompanhamento dos pacientes de doenças que não são curáveis, como é o caso do HIV e da Hepatite B”, explicou Noaldo Lucena.

Para o coordenador estadual de DST/Aids, apesar dos resultados positivos das ações existirem, atualmente a doença tem sido banalizada pela população. “A internet tem levado em especial os jovens, que não assistiu o início da epidemia, a banalizar o HIV. Tem sido veiculada na mídia, principalmente nos sites de relacionamento social, que o HIV é uma doença que não se precisa tanta preocupação e isso não é uma verdade. Mesmo não levando a morte imediatamente, é uma doença crônica que se tem um tratamento não isento dos efeitos colaterais, que tem tendência progredir e é grave. Tirando o tratamento, inexoravelmente, o paciente irá caminhar para morte”, alertou Naldo Lucena.

Incidência Região Norte
De 1980 a junho de 2011, o Ministério da Saúde registrou um total de 28.248 casos de Aids na Região Norte, que corresponde a 4,7% do total de casos no Brasil. Já em 2010, os casos de Aids na Região Norte foram 3.274, o que corresponde a 9,6% do total do país.

Segundo o Ministério, na Região Norte o maior número de casos da doença, no período de 1980 a junho de 2011, encontra-se no estado do Pará (12.532 casos), compreendendo a 44,4% do total de casos da região, seguido pelo Amazonas com 8.470 casos (30%).

Em 2010, a distribuição percentual de casos de Aids entre os estados da Região Norte aponta que, do total de 3.274 casos, 1.476 encontram-se no Pará (45,1%), 1.077 no Amazonas (32,9%), 260 casos em Rondônia (7,9%), 161 em Roraima (4,9%), 132 em Tocantins (4,0%), 115 no Amapá (3,5%), e 53 no Acre (1,6%) menor percentual dentre os estados da região.

Aumento
No período de 1998 a 2010, o Ministério da Saúde apontou como maior aumento no número de casos de Aids entre as regiões brasileiras na Região Norte. Oito das 27 Unidades Federativas têm taxas de incidência para o ano de 2010 maiores que a média nacional (17,9/100 mil hab.): Amazonas (30,9), Roraima (35,7) e Pará (19,5) na região Norte; Espírito Santo (20,4) e Rio de Janeiro (28,2) na Região Sudeste, e todos os estados da Região Sul. Entretanto, dentre as cinco regiões do país uma diminuição de 30,9% na taxa de incidência na Região Sudeste, que apresentou 56,4% do total de casos acumulados no país.

Mortalidade
Durante o período 1980 a 2010, o Ministério da Saúde registrou no total 8.154 óbitos tendo como causa básica a Aids, na Região Norte. A maioria das mortes ocorreu no Pará com 4.186 óbitos (51,3%), no Amazonas foram registrados 2.117 óbitos (26%) e em Rondônia 820 (10,1%). Em 2010, ocorreram 923 óbitos na Região Norte, sendo 480 no Pará, 277 no Amazonas, 71 em Rondônia, 37 no Tocantins, 32 em Roraima, 14 no Acre e 12 no Amapá.
Com relação à mortalidade por Aids, no ano de 2010, o coeficiente de mortalidade bruto na Região Norte foi de 5,8 para cada grupo de 100 mil habitantes, inferior à media nacional de 6,3. O maior coeficiente de mortalidade da região ocorreu no Amazonas 8,0/100 mil habitantes, seguido por Roraima 7,1, Pará 6,3, Rondônia 4,5, Tocantins 2,7, Acre 1,9 e Amapá 1,8.

Fonte: G1/Cidade News Itaú

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