sábado, junho 02, 2012

Criação de banheiro unissex na UFRN causa polêmica


Banheiro unisex Koreano
A UFRN agora tem um banheiro unissex coletivo. Fica no Departamento de Artes (Deart). Foi inaugurado depois que o Grupo Universitário em Defesa da Diversidade e Expressão das Sexualidades (Guddes) decidiu "extra-oficializar" um fato: o banheiro feminino do segundo andar do prédio era usado tanto por meninos quanto por meninas. A placa "feminino" foi retirada com pompa: teve direito até a peça de teatro e público de aproximadamente 80 pessoas acompanhando o momento histórico no campus. Aconteceu no dia 11 de maio, dia em que ocorreu a 1ª Calourada da Diversidade Sexual da UFRN, com o nome fantasia "Gaylourada".

Outro fator contribuiu para a criação do banheiro unissex de combate ao preconceito no campus universitário: a transexual Leilane Assunção, doutoranda em Ciências Sociais, foi impedida de entrar no banheiro feminino. Um funcionário da segurança do prédio alertou que ela não poderia usar o banheiro destinado às mulheres. Ontem Leilane não foi localizada pela reportagem para comentar o assunto. Como tudo que acontece no ambiente universitário, lugar de pluralidade de opiniões e pensamentos, o assunto virou polêmica. 

Alguns alunos aprovam, outros desaprovam. Os servidores técnico-administrativos idem. Os seguranças evitam dar entrevistas. A reitoria não se pronunciou oficialmente sobre o assunto e a chefia do Deart entende a reivindicação dos estudantes, embora reconheça que o banheiro não está adaptado para ser usado por ambos os sexos. Não tem mictório para os homens, por exemplo. "É uma questão de higiene mesmo", diz o chefe do departamento, professor Marcos Alberto Andruchak. 

A polêmica principal é o uso de banheiro público. No caso em questão, uma transexual, ou seja, alguém que nasceu homem e que se assume com identidade feminina, precisou usar o banheiro. Para evitar o constrangimento, o problema foi resolvido com a criação de um banheiro que pode ser usado por qualquer pessoa, independente do sexo. Simples assim, ou quase. "Muitas pessoas questionam se, nesse caso, ela deveria ter ido ao banheiro feminino ou ao banheiro masculino. Acho que o banheiro não tem nada demais. É um banheiro normal, como qualquer outro", afirmou um estudante do Deart, que pediu para não se identificar. Com efeito, o banheiro não difere de outros banheiros públicos. Apenas adesivos, placas e pichações na parte de fora indicam que homens e mulheres podem usá-lo. 

Entre os alunos, há quem seja a favor. "Já era um banheiro utilizado pelos dois sexos. Foi algo meio oficializado agora. Como o banheiro era próximo da porta e o outro fica distante, geralmente o pessoal usava rapidamente não para urinar, mas pra lavar as mãos. Por isso ele acabou sendo usado por ambos os sexos. Não costumo usar esse banheiro, mas eu acho normal a criação dele. Talvez a ideia devesse ser levada para toda a universidade", opinou o aluno de design, Anderson Divino. Já Aryellen Dias, se disse contra. "É uma discussão à toa. O normal é ter um banheiro masculino e outro feminino. Virou uma confusão desnecessária. Sempre vem alguém e escreve uma coisa diferente sem necessidade. É só um banheiro como outro qualquer", afirmou ela. 

Amanda Pereira, também estudante, disse que o tema é relativo. "Antes, nesse banheiro, havia uma parte comum no corredor de entrada e havia o lado masculino e o feminino. Só que como o feminino ficava sempre fechado, todo mundo usava o masculino mesmo", observou. "Se as pessoas souberem usar o banheiro com educação, souber deixá-lo limpo, será muito bom. Mas o mais provável é que homem e mulher entrem e possam juntos usar o mesmo banheiro. Ai vira bagunça", observou a universitária. 

Fonte: DN Online/Cidade News Itaú

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