sábado, abril 21, 2012

Prefeito ainda não prestou depoimento


O prefeito de Janduís, Salomão Gurgel, ainda não foi ouvido na investigação que apura as denúncias feitas contra policiais militares da cidade. Segundo o prefeito, os militares cobravam pagamento extra para executarem seus serviços, além do que já recebem mensalmente do Governo do Estado do Rio Grande do Norte. O então comandante da PM na cidade, sargento Edevânio Cunha, foi afastado do cargo. O depoimento de Salomão é considerado extremamente importante para as investigações.
Apesar da importância do depoimento, já se passou mais de uma semana que o JORNAL DE FATO divulgou as denúncias do prefeito. Segundo o comandante do X Batalhão de Polícia Militar, major Antônio Marinho, o Inquérito Policial Militar (IPM) foi aberto logo após a publicação da matéria. Ele diz que uma equipe foi enviada à Janduís para ouvir o prefeito, mas ele não foi localizado, e seu depoimento ainda continua pendente. Alguns moradores e comerciantes foram ouvidos, mas não teriam confirmado a versão do prefeito, conforme o major, responsável direto pela PM em Janduís.
Aberto no dia 12 desse mês, o IPM deve ser concluído no dia 12 do mês seguinte, mas pode ser prorrogado. O major cita, por exemplo, a possibilidade de ser solicitada perícia do Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP) de Mossoró, que geralmente demora vários meses para entregar seus laudos. Com isso, o prazo de 30 dias seria facilmente ultrapassado. É dentro desses 30 dias iniciais que o prefeito Salomão deverá ser ouvido, confirmando as denúncias feitas à reportagem. Ele alega está sendo cobrado, desde 2004, quando assumiu a Prefeitura de Janduís, por policias a pagar propina. 
Na reportagem, Salomão diz que recebe constantes cobranças e que elas voltaram a se repetir, indiretamente, logo após o arrastão praticado por uma quadrilha na cidade. O crime ocorreu no dia 10 desse mês, quando homens invadiram a cidade e roubaram dois terminais de autoatendimento da Caixa Econômica e Bradesco, além de dois supermercados. Os policiais teriam dito aos moradores da cidade que o prefeito se recusou a pagar verba extra e, por isso, a cidade não tinha a segurança necessária. Segundo o major Marinho, os moradores ouvidos não teriam confirmado essa história.
"Pelo que vimos até agora, não há nenhuma irregularidade por lá. Nada do que foi dito pelo prefeito foi confirmado", destaca o oficial, ressaltando que o único pagamento detectado, até então, é referente ao convênio firmado entre a Prefeitura de Janduís e a Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED) do Rio Grande do Norte, que garante alimentação, manutenção dos veículos etc. O dinheiro é todo revertido à instituição e não representa ganho extra aos policiais que trabalhavam na cidade. "Se for só isso, não há irregularidade. Se for do jeito que ele disse, é crime", diz.

Prefeito ‘abriu o verbo’ após arrastão humilhante
O prefeito de Janduís, Salomão Gurgel, resolveu denunciar a cobrança de propina por parte de policiais militares após um arrastão ocorrido no dia 10 deste mês, quando quatro pontos diferentes foram roubados. Na fuga, os criminosos atiraram para cima e saíram gritando: "Aqui quem manda é nóis (sic)", numa clara alusão à falta de temor das forças policiais.
Os bandidos chegaram pela manhã e foram direto a um supermercado. Renderam os donos e clientes e fugiram levando uma certa quantia em dinheiro. De lá foram para o terminal de autoatendimento do banco Bradesco, onde pegaram uma quantia maior em dinheiro. Noutro supermercado, eles fizeram um novo assalto.
Roubaram o estabelecimento e também o dinheiro de um posto da Caixa Econômica Federal, que funcionava no supermercado. Após roubarem quatro pontos diferentes, fugiram em direção à Caraúbas.
Na saída, a quadrilha atirava para cima e gritava: "Aqui quem manda é nóis (sic)". 
Passada mais de uma semana, a investigação ainda não apresentou nenhum avanço. Como não tem policiais civis na cidade, o caso é investigado pela delegacia de Patu, que fica a vários quilômetros do local.

Governo sem resposta para a falta de policiais
Uma das queixas do prefeito Salomão Gurgel foi com a falta de estrutura das forças policiais na cidade. Não há policiais civis, que são responsáveis pela investigação, e a presença da PM é bastante reduzida. A nota emitida pela Secretaria da Segurança reconhece a deficiência e diz que o problema só poderá ser definido com a contratação de novos policiais, ainda sem previsão para haver. 
"A Sesed é consciente, como toda a sociedade potiguar, que realmente existe um déficit de operadores da segurança pública", destacou o subsecretário da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social do RN, Clidenor Cosme da Silva Júnior, por meio de nota enviada para as redações.
Por enquanto, o Governo do Estado não fala em prazo para que a situação seja regularizada, tanto com relação à falta de policiais civis na cidade, quanto para o número reduzido de policiais militares.
"A Sesed ressalta o esforço que tem sido feito pelo Governo do Estado, no sentido de poder, futuramente, abrir concurso público para o preenchimento de vagas, bem como continuar trabalhando, diuturnamente, para oferecer melhores condições de vida para os potiguares", complementa.

Fonte: Defato

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