sexta-feira, junho 23, 2023

Sem reforma há 40 anos, parte de teto desaba em escola do Estado

Parte do teto da Escola Estadual Alceu Amoroso Lima, no bairro de Lagoa Azul, zona Norte de Natal, desabou na manhã de terça-feira (20). A escola estava em recesso e não houve feridos. De acordo com a coordenação da unidade, a ocorrência está longe de ser algo isolado. Isso porque a instituição nunca passou por uma reforma completa em 40 anos de fundação e convive com diversos problemas,  que vão desde falta de espaços para prática esportiva até sala de aula interditada por risco de desabamento, segundo o coordenador pedagógico Andrey Oliveira.


Desabamento aconteceu após um dos caibros da cozinha quebrar e rachar o gesso com a queda das telhas (foto: Alex Regis)


O desabamento da última terça (20) ocorreu após um dos caibros da cozinha quebrar e rachar o gesso com a queda das telhas, reflexo do madeiramento antigo, da época da construção em 1983, conforme relatado pelos profissionais que faziam o conserto do problema. A previsão é de que o teto seja refeito até o retorno das aulas em 3 de julho. “Felizmente não tinha funcionárias no local, mas uma telha dessa caindo pode ser até fatal, é um risco grande. A gente não tem como prever”, destaca Oliveira.


Ainda segundo a direção da escola, que oferece ensino fundamental para 380 crianças e adolescentes, os maiores problemas estão dentro das salas de aulas. “Esse problema recente reflete a fragilidade estrutural de toda a unidade. O telhado e o madeiramento são muito antigos. Levando em consideração a altura de seis metros da sala, é um risco muito grande. Essa reforma geral é uma luta de dez anos, com diferentes governos, desde Wilma. Acirramos uma batalha nos últimos seis anos, mas não tivemos resposta. Existem projetos aqui de reforma de dez anos”, destaca Andrey Oliveira.


Apesar de estar localizado entre o Ginásio Nélio Dias e a Estação Cidadania, não há quadras para prática de esportes na escola, que foi projetada junto com a fundação do bairro de Lagoa Azul, entre os loteamentos Gramoré e Nova Natal, no início da década de 1980. Quarenta anos após a inauguração, a escola permanece com a “mesma cara” da época da construção. Nos dias chuvosos, por exemplo, os alunos precisam driblar as goteiras para permanecer nas salas.


A iluminação antiga e a falta de climatização também são problemas. “Estamos falando de coisas básicas  como a estrutura mínimas nas salas. Imagina essa parte elétrica antiga e exposta em dias de chuva. O risco de choque é muito grande e nós temos muitas crianças aqui. A gente fala da climatização, mas se isso acontece seria um luxo para a gente. Também não temos auditório. A gente até interditou uma sala, por conta própria, porque ela está com risco de desabamento”, conta Andrey Oliveira.


De acordo com a diretora Rosane Silva, não há perspectiva de uma reforma geral, uma vez que a Alceu Amoroso Lima não está contemplada na lista do programa Nova Escola Potiguar. O projeto do Governo do Estado prevê a criação de 12 Institutos Estaduais e a recuperação de 100 escolas do Rio Grande do Norte. “A necessidade da reforma é colocada em todas as reuniões com a Secretaria, inclusive o ex-secretário Getúlio já fez algumas visitas aqui”, afirma.


A Secretaria de Estado da Educação, da Cultura e do Lazer (SEEC) informou que está em contato com a diretoria da escola para fazer o reparo do teto da cozinha, mas que não há, até o momento, um projeto de uma reforma estrutural completa da escola. De acordo com o Governo, a escola conta com R$ 60 mil, divididos em duas parcelas, para fazer manutenções e reparos. Ao contrário do que relataram representantes da Escola Estadual Alceu Amoroso Lima, a SEEC disse que não recebeu nenhum pedido para reforma geral. 


“A escola não formalizou um pedido para reforma geral. Inclusive, até o final do dia de hoje, ainda não consta o pedido da escola para a manutenção do teto que cedeu. Os gestores devem informar, em sistema próprio para essa finalidade, este tipo de solicitação. Em contrapartida, a SEEC está tramitando um processo para manutenção geral na rede elétrica e no muro da unidade de ensino. A pasta está orientando a unidade de ensino de como deve ser feita a solicitação para que possamos proceder. Todas as escolas serão visitadas e terão serviços realizados, seja de pequena, média ou alta complexidade”, disse a pasta em nota.


Reconhecimento


A despeito das dificuldades estruturais, a escola já foi reconhecida pela Unesco por um projeto pedagógico, além de ter representado o País em um encontro sobre sustentabilidade da ONU em Portugal. Em 2018, a Escola Estadual Alceu Amoroso Lima foi reconhecida como exemplo de gestão pela Fundação Lemann. “A escola desenvolve o projeto dela com base nos três eixos da Unesco: cultura de paz, educação para sustentabilidade e educação para o patrimônio histórico”, explica Andrey Oliveira.


Fonte: Tribuna do Norte

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