quarta-feira, fevereiro 15, 2023

Casal suspeito de lavar dinheiro do tráfico em igrejas é investigado por patrimônio de mais de R$ 6 milhões

O casal de pastores preso em Sorocaba (SP), apontado como membro de uma associação criminosa, também é investigado por constituir um patrimônio de mais de R$ 6 milhões, valor incompatível com os rendimentos declarados, de acordo com o Ministério Público do Rio Grande do Norte.


Policiais civis cumpriram mandado de busca em igreja evangélica em Sorocaba — Foto: Arquivo pessoal


Geraldo dos Santos Filho e Thais Cristina de Araújo Soares foram presos na terça-feira (14), durante a Operação Plata. Segundo o MP, os dois abriram, através de "laranjas", ao menos sete igrejas evangélicas para lavar dinheiro do tráfico de drogas.


A ação foi deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte, que cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão contra o grupo suspeito de lavar dinheiro com a compra de imóveis, fazendas, rebanhos e igrejas em oito estados, além do DF.


A investigação do MP apontou que o esquema é liderado por um homem do Rio Grande do Norte, identificado como Valdeci Alves dos Santos, conhecido como Colorido. Valdeci, irmão de Geraldo, foi condenado pela Justiça de São Paulo e já estava preso na Penitenciária Federal de Brasília (DF), onde foi cumprido um novo mandado de prisão nesta operação.


Segundo o MP, Valdeci é o segundo maior chefe de uma facção criminosa que surgiu nos presídios paulistas e que tem atuação em todo o Brasil e em países vizinhos. Há pelo menos duas décadas, os irmãos mantêm o esquema de lavagem de dinheiro, tendo como participantes seus irmãos, filhos, sobrinhos e comparsas fora da família, informou o MP.


Documentos apreendidos por promotores do Gaeco durante a Operação Plata, realizada em 8 estados e no DF — Foto: MP-RN/Divulgação


Fundadores e pastores de igreja

A Igreja Assembleia de Deus Para as Nações, em Sorocaba, foi alvo da operação, na qual a polícia cumpriu seis mandados de busca e dois de prisão.


Foram apreendidos celulares e documentos. A análise dos objetos, feita pela Polícia Científica, fará parte das investigações, que vão continuar para determinar se há outras pessoas que também integram o esquema criminoso.


Ainda conforme a polícia, Geraldo e Thais se autodenominavam fundadores e pastores da igreja. Todas teriam sido abertas através de "laranjas". Os promotores suspeitam que a associação criminosa, da qual o casal faz parte, tenha movimentado mais de R$ 23 milhões.



"Dá para ver que o casal vivia uma vida de alto padrão, com muitos objetos de luxo", aponta a promotora do Gaeco de Sorocaba, Luciana Andrade Maia.


Policiais cumprindo mandado de busca na unidade da igreja Assembleia de Deus Para as Nações no Rio Grande do Norte — Foto: MP-RN/Divulgação


Policiais também estiveram em dois condomínios fechados de alto padrão, um prédio comercial e na igreja em Sorocaba. A equipe ainda foi até um condomínio fechado em Araçoiaba da Serra (SP) e a um imóvel em Itu (SP).


A ação contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, e da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic).


Casal que se declarava de pastores são suspeitos de lavagem de dinheiro; eles foram presos em condomínio de alto padrão em Sorocaba (SP) — Foto: Arquivo pessoal


Integrantes de quadrilha

Geraldo e a esposa foram presos em um condomínio de alto padrão em Sorocaba, onde moram. A função deles dentro da quadrilha, a princípio e de acordo com a investigação, seria lavar o dinheiro das operações criminosas.


As investigações do MP-RN apontam que os irmãos ocultaram e dissimularam a origem dos recursos por meio do uso de "laranjas" em várias regiões do país. O dinheiro era lavado com a compra de bens e animais em nome dessas pessoas - a maioria irmãos, filhos, cunhados e sobrinhos deles.


O MP informou que "laranjas" com nenhuma ou quase nenhuma renda declarada movimentaram milhões de reais, sem justificativa aparente.



Ainda de acordo com o Ministério Público, Geraldo já foi preso em 2019 usando um documento falso. Ele tem uma extensa ficha criminal, com passagens por roubo, tráfico de drogas e uso de documento falso.


Geraldo foi encaminhado para a cadeia de São Roque (SP). Ele se manifestou e alegou que foi preso injustamente. Já Thais foi levada para a cadeia de Cesário Lange (SP). Os dois foram presos preventivamente.


A TV TEM não conseguiu contato com a defesa da mulher.


Fonte: g1

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