quarta-feira, janeiro 12, 2022

Barra Torres diz que seria melhor enfrentar a pandemia com o apoio de Bolsonaro à vacinação



O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, deu nesta terça-feira (11) uma entrevista exclusiva para Andreia Sadi, da GloboNews. Na quinta-feira (6), depois que a Anvisa aprovou a vacinação de crianças acima de 5 anos, o presidente Jair Bolsonaro minimizou o número de mortes por Covid na infância. Mas, segundo o próprio Ministério da Saúde, foram mais de 300 na pandemia. E o presidente ainda pôs em dúvida a honestidade dos profissionais da agência.


No sábado (8), Barra Torres respondeu publicamente. Cobrou de Bolsonaro que determinasse uma investigação policial imediata - ou que se retratasse.


Na segunda-feira (10), o presidente disse que a resposta de Barra Torres tinha sido agressiva e negou que tivesse feito acusações. Mas, na mesma entrevista, voltou a atacar a Anvisa. Bolsonaro disse o seguinte: “que tem alguma coisa acontecendo, isso não há a menor dúvida que tem acontecendo”.


Na entrevista desta terça-feira (11) à GloboNews, Antonio Barra Torres diz que seria melhor enfrentar a pandemia com o apoio do presidente Bolsonaro à vacinação.


Barra Torres: “A adesão voluntária da população à vacinação é patente, a população expressivamente aderiu à primeira dose, segunda dose. Há de se trabalhar para a dose de reforço. E essa vacinação é feita pelo gestor do PNI, que é o Ministério da Saúde. Então, de fato, quando a gente vê algum posicionamento do presidente que se contrapõe ao que o próprio governo dele está fazendo, porque é o que está fazendo, isso é fato simples e claro. Quem está vacinando é o ministério. Então, eu vejo ali que seria tão bom se essas duas forças, a força da vacinação brasileira, que é maciça... Três forças perdão, a adesão da população que é tradição nossa, conquistada ao longo de décadas, e se houvesse também uma sinalização mais clara no sentido de que isso é importante e que a gente consegue sair dessa crise assim, sem dúvida nenhuma seria muito melhor, seria muito bom”.



Entre as críticas à Anvisa, o presidente Bolsonaro insinuou que haveria algum tipo de intenção por trás da aprovação da vacina contra Covid para crianças. Barra Torres disse que as relações institucionais entre a Anvisa e a Presidência da República não podem ser afetadas, e rebateu a acusação do presidente.


Barra Torres: “O que importa para a nossa população, para o cidadão que está tentando sobreviver em meio a toda essa situação de adversidade? É que os gestores continuem trabalhando em prol desse mesmo cidadão. Tendo, uns pelos outros, a relação que nunca pode ser arranhada que é a relação funcional. Qual a missão da Anvisa? Se um fabricante protocola para análise um dossiê de uma medicação, de uma vacina, ele inclusive paga uma taxa – há uma arrecadação -, e ele protocola um dossiê, a nós não resta nada a fazer que não dar segmento à análise. Essa análise, quando terminar, nós temos que dar um resultado. Esta vacina atingiu os níveis que tem que atingir? Ela está consoante aos protocolos praticados no mundo, ela está no estado da arte para esse produto? Sim ou não? Está? Ela está aprovada. Então, não é razoável, não é justo dizer que a Anvisa está com algum tipo de intenção. A Anvisa não tem intenção, não tem opinião. A Anvisa decide e oferece o resultado da decisão ao ministério, que escolhe”.



Andrea Sadi também questionou Barra Torres sobre as ameaças que servidores e diretores da Anvisa têm recebendo. Ele disse que o número de ameaças aumentou depois que o presidente Bolsonaro usou as redes sociais para ameaçar divulgar nomes dos responsáveis pela aprovação da vacina infantil contra Covid. Barra Torres disse que a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República estão agindo no caso.


Barra Torres: O que ocorre é que esse número todo que você fala, que é um número significativo, ele vem depois da fala do presidente que gostaria de ter a lista de nomes para que as pessoas formassem o seu juízo. No dia seguinte, chegaram 120 ameaças aqui, aproximadamente. O fato é que foi uma situação muito grave, porque quando esse tipo de força é colocado em marcha, ninguém consegue prever o que vai acontecer. Isso quando nós falamos das pessoas donas de suas faculdades mentais. Nós temos as pessoas mentalmente debilitadas, que são capazes de atos violentos. Isso teve impacto muito negativo, gerou impacto na nossa coletividade muito ruim, que já tem muito trabalho a fazer e ainda ter que se preocupar com olhar sobre os outros? Me parece algo completamente desprovido de razoabilidade, de qualquer cabimento, e soma uma dificuldade imensa ao trabalho da instituição, ao trabalho da agência”.


Fonte: g1

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