domingo, janeiro 10, 2021

Em outra ligação, Trump pressionou autoridade da Geórgia para que 'encontrasse a fraude', diz jornal

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou em dezembro um fiscal para que "encontrasse a fraude" na contagem dos votos na Geórgia, um dos estados vencidos pelo presidente eleito Joe Biden em novembro.


O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta sexta (8) que não irá à posse de Biden no dia 20 — Foto: Evan Vucci/AP Photo


A ligação, obtida e revelada no sábado (9) pelo jornal "The Washington Post", mostra que o republicano ainda disse que faria do investigador um "herói nacional" se ele revertesse o resultado eleitoral. Porém, a auditoria liderada pelo fiscal nos mais de 15 mil votos auditáveis não encontrou irregularidades. Por questões de segurança pessoal, o jornal não revelou a identidade do funcionário pressionado por Trump.


Esse é mais um episódio que mostra Trump pedindo interferência às autoridades eleitorais da Geórgia para mudar o resultado das eleições. O presidente eleito Joe Biden venceu no estado por uma margem pequena, menor do que 0,5 ponto percentual, mas confirmada em duas recontagens. Foi a primeira vitória democrata na Geórgia desde 1992, quando Bill Clinton se elegeu para seu primeiro mandato.


Na semana passada, um áudio obtido pelo "The Washington Post" revelou que Trump, em um telefonema extraordinário de uma hora, pediu ao secretário de Estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, que "encontrasse" votos suficientes para reverter sua derrota.


Durante a ligação, Raffensperger e o conselheiro geral de seu escritório rejeitaram as afirmações de Trump, explicando que o presidente está contando com teorias conspiratórias desmascaradas e que a vitória do presidente eleito Joe Biden com 11.779 votos na Geórgia foi justa e precisa.


Trump rejeitou seus argumentos. "O povo da Geórgia está com raiva, o povo do país está com raiva", disse ele. "E não há nada de errado em dizer, você sabe, hum, que você recalculou." Raffensperger respondeu: "Bem, Sr. Presidente, o desafio que você tem é que os dados que você tem estão errados".


Somente depois da oficialização da vitória de Biden no Congresso, após uma invasão de apoiadores trumpistas ao Capitólio fortemente condenada inclusive por parlamentares republicanos, Trump admitiu que deixará o cargo em 20 de janeiro — data da posse do democrata. Ele, no entanto, não comparecerá à cerimônia. O vice-presidente, Mike Pence, sinalizou a assessores que estará lá.


Senador pede renúncia de Trump; impeachment ganha corpo


O senador Pat Toomey, que representa a Pensilvânia, disse neste domingo (10) que o presidente Trump deve renunciar ao cargo. O parlamentar é mais um integrante do Partido Republicano a romper com o magnata depois da invasão de apoiadores trumpistas ao Capitólio.


"O melhor jeito para nosso país é o presidente renunciar e ir embora, o mais rápido possível", disse Toomey em entrevista à emissora americana NBC News.

Toomey é o segundo senador republicano a pedir que Trump deixe o cargo. Ele se juntou à senadora Lisa Murkowski, do Alasca, no apoio ao pedido de impeachment que deverá ser apresentado por parlamentares do Partido Democrata nesta segunda-feira (11).


Porém, o congressista não crê que haverá tempo hábil para votar a destituição de Trump até 20 de janeiro, dia da posse de Joe Biden como novo presidente dos EUA. Embora a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, tenha pedido aos deputados que fiquem em Washington ou voltem à capital, o Senado está de recesso e não deve voltar até a véspera da posse.


A invasão ao Capitólio revoltou parlamentares dos dois partidos. Ao longo da semana, políticos democratas e mesmo republicanos disseram que Trump deveria sofrer impeachment por incitar a violência.


"É absolutamente essencial que aqueles que perpetraram uma agressão à nossa democracia sejam responsabilizados. Deve haver um reconhecimento de que essa dessacralização foi instigada pelo presidente", afirmou Pelosi.


Fonte: G1

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