sábado, novembro 28, 2020

Secretário diz que teste não é 'requisito' para tratar Covid e que letalidade caiu após gestão Pazuello

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, disse nesta sexta-feira (27) que a realização de testes não é requisito para que pacientes com a Covid-19 recebam tratamento.


O secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde, Elcio Franco, durante entrevista em maio de 2020 — Foto: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo


Franco afirmou, além disso, que a letalidade da doença causada pelo novo coronavírus caiu no Brasil após a chegada de Eduardo Pazuello ao comando do ministério.


A afirmação ocorre no momento em que o Ministério da Saúde é criticado por especialistas sobre uma gestão da pandemia que levou a:


7 milhões de testes correrem o risco de não serem usados, pois estão prestes a vencer e agora necessitam de uma aprovação da Anvisa para ampliação da validade;

Defesa de uso da cloroquina e hidroxicloroquina, apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontar que o remédio não foi eficaz contra a doença;

Exclusão de post nas redes sociais do Ministério da Saúde com a afirmação: "não existem vacina, alimento específico, substância ou remédio que previnam ou possam acabar com a Covid-19";

Queda no total de testes realizados, item considerado essencial para o rastreamento e isolamento de contato de pacientes de Covid.

Durante entrevista coletiva, Elcio Franco não tratou da importância da realização de testes moleculares de diagnóstico da Covid para o rastreamento de contatos e para isolar casos confirmados. Especialistas alertam que exames são essenciais para rastrear e frear avanço da pandemia.



"O teste vai ocorrer mediante demanda do médico. Nós destacamos que o médico poderá realizar o diagnóstico clínico físico. (...) Não é requisito que o paciente necessariamente faça o teste", disse o secretário.


O cardiologista e pesquisador do Hospital Universitário da USP Marcio Bittencourt diz que o teste não é requisito obrigatório, mas é "altamente recomendado".


"Não é requisito obrigatório, mas é altamente recomendado. Eu posso até fazer o diagnóstico clínico-epidemiológico ou por tomografia quando eu não tenho o teste. É um quebra-galho. Eu posso errar muito mais. A gente precisa do teste e precisava ter muito mais teste do que tem", afirma.

Bittencourt lembra, ainda, que a OMS recomenda uma taxa de positividade de testes em torno de 5% para que a disseminação da doença seja considerada sob controle. No Brasil, essa taxa é de 30% (a taxa de positividade representa o percentual de casos positivos em relação ao número de testes feitos).


"E [a taxa de positividade] nunca foi abaixo de 20%, em nenhuma semana. A nossa positividade msotra que a gente testa pouco, e quando testa pouco a positividade vem alta. Tem que testar de 5 a 10 vezes mais do que a gente testa para chegar em 5%", diz o médico da USP.


A afirmação do secretário do ministério sobre a possibilidade de os médicos adotarem condutas independentemente da confirmação laboratorial do diagnóstico foi feita depois de ele afirmar que há "excedentes" de testes já distribuídos aos estados.


A declaração foi proferida em um contexto em que cerca de 7 milhões de testes do tipo PCR, considerado o padrão "ouro" para diagnóstico da Covid-19, estão parados, perto da data de vencimento, em um armazém do governo.


Fonte: G1

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