domingo, agosto 02, 2020

Falha em armazenamento faz laboratório do Acre perder 200 exames de Covid-19

Após ficar parado por cinco dias por falta de insumos, o Laboratório Charles Mérieux recebeu um lote de material, que acabou sendo contaminado devido à uma falha de armazenamento, e perdeu 200 exames de Covid-19 nesta sexta-feira (31). A informação foi confirmada pela direção da unidade na manhã deste sábado (1º).

Laboratório Charles Merieux, em Rio Branco, vai ter que refazer 200 exames que foram perdidos devido à contaminação — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Laboratório Charles Merieux, em Rio Branco, vai ter que refazer 200 exames que foram perdidos devido à contaminação — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Ainda segundo a direção, os exames devem ser refeitos ainda neste sábado. Devido um problema no armazenamento, a gerência do laboratório disse que vazou um reagente do próprio material e contaminou os tubos.

“Duas caixas de um lote de enzimas de PCR estavam contaminadas com o próprio controle interno que chega dentro da caixa e, infelizmente, perdemos 200 resultados. Ontem [sexta,31] tínhamos 700 resultados, trabalhamos com muita força para acabar com a fila e perdemos 200 resultados por causa disso”, afirmou o gerente do laboratório Andreas Stocker.

A fila de exames em análise parados para a doença no estado chegou a ultrapassar os 1,2 mil.

O boletim de quinta-feira (30) apontou que 1.254 amostras estavam em análise no Laboratório Charles Mérieux e no Laboratório Central de Saúde Pública do Acre, o Lacen-AC. Desde o início da pandemia no estado, em março deste ano, a média diária era de 200 a 300 exames em análise nos laboratórios.

O aumento, que começou a ser percebido no último sábado (25), foi justificado pela falta de insumos no principal laboratório do estado. A previsão de chegada dos materiais era até a terça (28), mas houve um atraso na entrega e chegaram na tarde de quinta. Com a chegada do material, os exames voltaram a ser realizados e os resultados devem sair no boletim deste sábado.

“No começo faltava um reagente e precisamos de dois dias até receber de novo e depois acabaram nossos kits de extração e tínhamos uma pausa novamente de três dias e acumularam 1,5 mil amostras. Está tudo resolvido, o problema foi a falta da data porque a Sesacre demorou fazer um novo contrato porque teve impedimento de dinheiro e, claro, deveria ser bem feito para prevenir a corrupção, mas atrasou tanto que não tínhamos chance de comprar os materiais anteriormente”, lamentou.

O Acre tem mais de 19 mil infectados pela Covid-19 e contabiliza mais 531 mortes pela doença, conforme o boletim da Sesacre de sexta (31).

Óbitos antigos nos boletins
No boletim da Sesacre de quinta-feira (30), o número de óbitos por Covid-19 ocorridos no mês anterior chamou atenção. Do total de 11 mortes, nove ocorreram no mês de junho e as demais eram do início do mês de julho.

O atraso na informação, segundo informou o enfermeiro epidemiologista, que trabalha no departamento de vigilância da Sesacre, Marcos Malveira, se deu porque existe cerca de 50 óbitos que estavam aguardando resultado de exame para entrar nos boletins.

Todos esses casos eram de pacientes que morreram e no atestado de óbito constava que a causa da morte tinha sido Covid-19, porém, por não haver o exame laboratorial, a Sesacre não estava incluindo nos boletins.


Como as mortes tinham sido atestadas por médicos como sendo pela doença, através de análise clínica dos pacientes, após uma conversa com o Ministério Público e para evitar incongruência dos dados, a secretaria resolveu começar a inserir nos boletins.

Até a quinta, 22 dessas mortes foram incluídas nos dados oficiais e as demais devem entrar nos próximos dias. A inclusão dos casos que estavam parados no sistema começou a ser feita na última segunda (27).

“Quando o médico coloca que a causa foi Covid-19, esses óbitos vão entrar no sistema de informação de mortalidade como Covid-19 e daqui a dois anos, quando a base for disposta ao público, as pessoas vão ver que há uma diferença de dados. Ou seja, aqueles que a gente vem divulgando diariamente e a que está no sistema. Por isso, decidimos junto com o MP que a gente precisava liberar esses óbitos e colocar no boletim e é isso que a gente vem fazendo.

O enfermeiro explica que se trata de todo um processo de investigação, que leva um tempo. Muitas vezes, o paciente que veio a óbito não chegou a fazer o exame antes de falecer ou ainda, fez o exame em uma unidade, mas acabou sendo transferido para outro e esse exame não foi localizado.

“Por exemplo, a pessoa pode ter entrado pela UPA, fez a coleta e depois foi transferida para o Into. Então, para a gente fazer a localização desse exame, precisamos ir pelo nome e, às vezes, pode acontecer que por um erro de nome a gente não consiga encontrar. Por isso que esse processo demora realmente. Também é incrível a quantidade de pessoas que têm o mesmo nome no estado, todo dia encontro cinco ou seis pessoas desse jeito no banco de dados, o que também acaba causando essa demora”, explicou.


Outro ponto que tem chamado atenção nos boletins da Sesacre é o caso de pessoas que têm morrido em suas casas com a Covid-19. Segundo a secretaria, são casos de vítimas que apresentaram os sintomas, mas não procuraram uma unidade de saúde a tempo para buscar atendimento médico e logo evoluíram no quadro clínico.

Colaborou a repórter Aline Vieira, da Rede Amazônica Acre.

Fonte: G1

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