domingo, junho 07, 2020

'Financial Times' diz que Bolsonaro desperta medo pela democracia brasileira

O jornal britânico “Financial Times”, uma das publicações econômicas mais conhecidas no mundo, publicou um editorial neste domingo (7) em que afirma que Jair Bolsonaro representa um risco para a democracia brasileira.

17 de maio - O presidente Jair Bolsonaro acena para apoiadores enquanto carrega uma criança vestida com um uniforme militar durante um protesto contra a Suprema Corte e o Congresso Nacional do Brasil no Palácio do Planalto, em Brasília, durante a epidemia de coronavírus no país — Foto: Andre Borges/AP
17 de maio - O presidente Jair Bolsonaro acena para apoiadores enquanto carrega uma criança vestida com um uniforme militar durante um protesto contra a Suprema Corte e o Congresso Nacional do Brasil no Palácio do Planalto, em Brasília, durante a epidemia de coronavírus no país — Foto: Andre Borges/AP

Editorial é o nome dado ao artigo que representa a opinião do veículo de comunicação que o publica. O texto do "FT" se intitula "Jair Bolsonaro desperta medo pela democracia brasileira".

Não é a primeira vez que o "FT" publica um editorial crítico a Bolsonaro. Em abril, o jornal escreveu que o presidente brasileiro estava se autodestruindo.

No texto deste domingo, os autores dizem que "há uma possibilidade perturbadora no Brasil: um Bolsonaro com cada vez mais dificuldades está frustrado com o processo democrático pelo qual ele mesmo foi eleito e quer erodir as instituições que dão sustentação ao país".


Eles citam a carta do ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello. "Ele argumentou aos colegas que o Brasil é cada vez mais como a Alemanha durante a República de Weimar, com apoiadores do Bolsonaro determinados a destruir a democracia e implementar uma 'ditadura abjeta'".

O jornal diz que "poucos presidentes iriam considerar a possibilidade de ir a um ato político em que as pessoas pedem o fechamento do Congresso e da Suprema Corte e pedir um regime militar", como o Bolsonaro tem feito.

"Ele apareceu cavalgando, os apoiadores levaram tochas e alguns vestem uniformes paramilitares. Um secretário de Cultura precisou sair depois de citar o nazista Joseph Goebbels."

O editorial lembra que o presidente é um capitão reformado e que há mais de cem autoridades militares no governo.

"A ditadura militar acabou em 1985, depois de mais de duas décadas, no meio de uma dívida externa fora de controle e caos econômico. Ela deixou cicatrizes profundas, com perseguições e mortes de centenas de oponentes políticos, exílio político de milhares e censura."

Financial Times cita STF, Congresso e imprensa
Desde o fim da ditadura, o maior país da América Latina "tomou alguns passos decisivos", afirma o jornal.

"Uma Constituição de 1988 estabeleceu as regras para a ordem democrática. Os militares se retiraram da política, e ganharam respeito como um corpo profissional, que presta serviço a presidentes eleitos e liderou missões de paz no exterior. Novas e poderosas instituições civis, como o Supremo Tribunal Federal, o Congresso e uma mídia vibrante e independente se fortaleceram até serem capazes de forçar dois presidentes a saírem do cargo por problemas de conduta."
Essas instituições agora atraíram a ira de Bolsonaro, segundo o jornal.

Eles descreveram a ação do STF sobre uma operação de fake news e o pedido feito pela oposição para que Bolsonaro entregue seu telefone celular para uma perícia, além da resposta de Augusto Heleno, que avisou que haveria “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional” se o Supremo desse a ordem para isso.


"Os brasileiros agora estão preocupados que Bolsonaro pode estar tentando provocar uma crise entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para justificar uma intervenção militar."

As pesquisas mostram popularidade em queda e problemas se amontoando com a pandemia do coronavírus —o Brasil tem o terceiro maior número de mortos do mundo— estão colocando em risco a chance de reeleição, publicou o "FT".

"Por enquanto, as instituições do Brasil aguentaram os ataques, com grande apoio público. É improvável que o exército desse apoio para instalar Bolsonaro como um autocrata. Mas outros países devem se dar conta: os riscos à maior democracia da América Latina são reais, e estão crescendo."

Fonte: G1

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