terça-feira, janeiro 14, 2020

Incidência de zika no RN supera dados nacionais

O Rio Grande do Norte está em posição de destaque na lista nacional dos estados com maior incidência de arboviroses do País, e a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) acendeu o alerta para o risco de haver um novo surto de doenças provocadas pelo mosquito Aedes aegypti em 2020. A situação também preocupa o Ministério da Saúde (MS), que alertou para o alto índice de casos confirmados da febre zika no RN: 1.209 casos da doença até outubro de 2019, atrás apenas da Bahia com 1.824 casos e do Rio de Janeiro com 1.513 casos confirmados da doença.

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Ações de prevenção ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, devem ser intensificadas 

A incidência de zika no Estado, de 34,5 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, é sete vezes maior que o índice nacional que bateu na casa dos 5,1 casos por 100 mil habitantes; ficando atrás apenas de Tocantins com 36,8 casos/100 mil habitantes.


Ainda de acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde – que traz dados atualizados para casos de dengue e chikungunya até o dia 23 de novembro de 2019, e de zika até até 26 de outubro do ano passado – o Rio Grande do Norte registrou altos índices de arboviroses: os casos confirmados de dengue alcançaram a maior incidência do Nordeste com 905,2 casos/100 mil habitantes, frente aos 368,8 casos/100 mil habitantes da região e  723,5 do índice Brasil.

Já os casos de chikungunya são de 13.494 confirmações da doença e incidência de 384,8 para cada 100 mil habitantes, atrás apenas do Rio de Janeiro. Mais de seis vezes o índice nacional de 61,6 casos para cada 100 mil habitantes.


“Estamos bem preocupados, principalmente por termos isolado o vírus tipo 2 da dengue aqui no RN. Temos quatro tipos de vírus, e o tipo 2 é responsável pelas maiores epidemias no Estado. Por outro lado tivemos uma incidência silenciosa para os casos confirmados de zika, bem abaixo do que estávamos esperando. Porém, o risco para um novo surto se justifica no comportamento da distribuição dos casos, que começaram a aparecer e crescer tardiamente no RN: enquanto a curva do gráfico de incidências no Brasil apontou para uma tendência de queda a partir de maio, aqui os índices permaneceram estáveis até o mês de outubro. Isso demonstra que o RN quebrou o ciclo de sazonalidade da doença”, explicou Alessandra Lucchesi, subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap-RN.


Alessandra disse que os casos de chikungunya registrados em abril do ano passado no bairro do Tirol “contribuíram bastante para o resultado negativo das arboviroses. Comprovando que com apenas um foco, com surto significativo, pode mudar todo o gráfico e as estatísticas”.
A subcoordenadoria de Vigilância Epidemiológica da Sesap-RN deve finalizar, ainda esta semana, uma lista com os municípios e as regiões do RN que merecem atenção especial no trabalho de prevenção e combate. “Nossa maior preocupação é a persistência das notificações para novos casos (suspeitos ou confirmados)”, disse Alessandra Lucchesi, que se mostrou preocupada nos índices relacionados à 5ª Região de Saúde, com sede regional em Santa Cruz; à 3ª Região com regional em João Câmara; e a 1ª Regional de Saúde com sede regional em São José de Mipibu. “Essas são as regiões com maior concentração dos casos”, salientou a gestora.

Foco está nas ações dos  agentes de endemias
 A subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica lembrou que a Sesap-RN promoveu uma série de reuniões durante o mês de dezembro de 2019 com gestores municipais para tratar da possibilidade de um novo surto de arboviroses no Estado. Alessandra Lucchesi informou que o coordenador geral de vigilância de arboviroses do Ministério da Saúde, Rodrigo Said, também participou do encontro e orientou que as ações de prevenção e combate fossem intensificadas.

"Percebemos como a ocorrência do zika vírus está um pouco fora da sazonalidade, mostrando que temos um potencial importante e precisamos ficar atentos novamente com a ocorrência de grande magnitude de casos da Febre zika no Brasil. Esse alerta é para mostrar que precisamos estar atentos no diagnóstico diferencial, principalmente em relação a gestantes e crianças”, declarou Said na ocasião.

Alessandra observou que “a metodologia das ações desenvolvidas pela Sesap-RN se mostraram acertadas, e vamos seguir as orientações do MS para focar na intensificação do trabalho dos agentes de endemias nos municípios. É preciso identificar as áreas e zonas com maior incidências, para ações mais focais e estratégicas.  para melhores resultados. A notificação correta dos casos e a solicitação de exames são igualmente importantes para termos um mapa confiável das arboviroses”.

A gestora ressaltou ainda que acabar com possíveis criadouros de Aedes aegpty não é um trabalho só da população – que deve continuar atenta para evitar acúmulo de água em vasos, cisternas e caixas de água destampadas, e descarte irregular de lixo.

“Os maiores números de focos estão dentro de casas habitadas, por isso o trabalho dos agentes municipais de endemias deve ser priorizado. Os gestores municipais devem acompanhar de perto essas ações, e a Sesap também monitora esse trabalho através das regionais de saúde. Apoiamos qualquer iniciativa de prevenção e combate à proliferação do Aedes aegypti”. Lucchesi disse que “o ideal” seria a adoção de “Dias D”, e que a Secretaria de Saúde do Estado também se ocupa de articular a parte assistencial.

Ela destacou que a prevenção e o combate às arboviroses deve ser “um trabalho intersetorial, que envolve coleta de lixo, drenagem urbana, cuidados com cisternas. Têm que observar essas questões, e intensificar as ações de janeiro a março – antes do período que antecede o período chuvoso”. 

Devido o cenário identificado no ano passado, que quebrou o ciclo de sazonalidade da Febre zika, a orientação do Ministério da Saúde e da Sesap-RN é para que os municípios “também observem com atenção os meses de julho e agosto. Cada município têm autonomia para propor ações, e estamos aqui para apoiar”, reforçou a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica do RN.

Cuidados dentro das casas e apartamentos
Tampe tonéis, cisternas e caixas d’água;

Mantenha as calhas sempre limpas;

Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;

Mantenha lixeiras bem tampadas;

Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;

Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;

Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;

Retire água acumulada na área de serviço e atrás da máquina de lavar roupa.

Área externa de casas e condomínio
Cubra e realize manutenção periódica de áreas de piscinas e de hidromassagem;

Limpe ralos e canaletas externas;

Atenção com bromélia, babosa e outras plantas que podem acumular água;

Deixe lonas usadas para cobrir objetos bem esticadas, para evitar formação de poças d’água;

Verifique instalações de salão de festas, banheiros e copa.

Números - Incidência Zika
Brasil: 5,1 casos confirmados da doença para cada grupo de 100 mil habitantes

Nordeste: 8,9 casos/100 mil habitantes

RN: 34,5 casos/100 mil habitantes 

Incidência Chikungunya
Brasil: 61,6 casos confirmados da doença para cada grupo de 100 mil habitantes

Nordeste: 56,8 casos/100 mil habitantes

RN: 384,8/100 mil habitantes 

Incidência Dengue
Brasil: 723,5 casos confirmados da doença para cada grupo de 100 mil habitantes

Nordeste: 368,8 casos/100 mil habitantes

RN: 905,2/100 mil habitantes 

* Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde / Ministério da Saúde

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