domingo, outubro 20, 2019

Chile decreta toque de recolher em mais regiões; governo diz que há mortos

O governo do Chile informou que três pessoas morreram durante um incêndio em um mercado na madrugada deste domingo (20) na região metropolitana de Santiago. O incêndio acontece em meio aos protestos e saques que tomaram as ruas do país.

Incêndio durante protestos no Chile — Foto: Reuters/Rodrigo Garrido
Incêndio durante protestos no Chile — Foto: Reuters/Rodrigo Garrido

A prefeita de Santiago, Karla Rubilar, afirmou que duas pessoas morreram queimadas e a terceira vítima faleceu no hospital.

O governo anunciou que a Provincia de Concepción, Valparaíso, Rancagua, La Serena e Coquimbo também estão sob toque de recolher. O general Javier Iturriaga, responsável por comandar o estado de emergência, já havia decretado a medida na capital Santiago e na região metropolitana após manifestantes continuarem nas ruas mesmo com a suspensão da alta na tarifa do metrô.

O Ministro de Defesa, Alberto Espina, afirmou que mais 1.500 militares atuarão nas ruas do Chile, chegando a mais de 9 mil o número de integrantes das Forças Armadas atuando contra os protestos, principalmente para controlar pontos estratégicos como centrais de abastecimento de água, eletricidade e cada uma das 136 estações de metrô, que são alguns dos alvos mais visados pelos manifestantes.

É a primeira vez que Santiago é patrulhada por soldados desde o fim da ditadura do general Augusto Pinochet, em 1990.


Segundo o jornal local La Tercera, companhias aéreas cancelaram e reagendaram voos no aeroporto de Santiago. Os passageiros, segundo a mídia, estão presos no terminal no meio do toque de recolher.

Suspensão na alta da tarifa

Após a onde de protestos, o presidente chileno Sebastián Piñera anunciou a suspensão do aumento de 30 pesos (quase 20 centavos) na passagem de metrô na capital Santiago. "Escutei com humildade a voz de meus compatriotas e não terei medo de seguir escutando esta voz. Vamos suspender o aumento nas passagens do metrô", disse o presidente em uma transmissão.

Estado de emergência
Na sexta e no sábado, auge das manifestações, as forças de segurança foram esmagadas pela multidão: houve destruição em pontos diversos da capital, entre incêndios em estações de metrô e inúmeros saques em lojas, supermercados, bancos e hotéis.

Isso levou à declaração de emergência no sábado para confiar ao Exército o controle da situação em Santiago, ao qual o governo acrescentou as regiões de Valparaíso (centro), Concepción (sul), as comunas de Coquimbo e La Serena, na região de Coquimbo (norte) e a comuna de Rancagua, O'Higgins (centro).

Piñera disse que o objetivo da medida é voltar a recuperar a normalidade. "O objetivo deste estado de emergência é muito simples, mas muito profundo: garantir a ordem pública, a tranquilidade dos habitantes da cidade de Santiago, proteger bens públicos e privados e, acima de tudo, garantir os direitos de todos", disse.


A militarização do país vem aumentando para tentar controlar a radicalização dos protestos contra o aumento do preço do metrô, apontados por observadores apenas como a ponta do iceberg do cansaço da sociedade com a desigualdade no país. O descontentamento da sociedade com o sistema previdenciário chileno, administrado por empresas privadas, o custo da saúde, o deficiente sistema público de educação e os baixos salários em relação ao custo de vida acabou emergindo junto com os protestos sobre o preço do metrô.

Piñera reconheceu que há "boas razões" para protestar, mas pediu uma "manifestação pacífica" e observou que "ninguém tem o direito de agir com violência criminosa brutal" em relação aos danos ao Metrô de Santiago, onde 78 estações foram danificadas.

Segundo a agência Reuters, no sábado, 156 policiais ficaram feridos, cinco deles gravemente, 49 carros da polícia foram danificados e 308 pessoas foram detidas. O metrô deve ficar fechado durante todo o final de semana. O governo anunciou a suspensão das aulas nas escolas em Santiago na segunda-feira.

Fonte: G1

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