segunda-feira, agosto 20, 2018

Produção de peixes no RN é exemplo de desenvolvimento econômico aliado à preservação de nascentes

É possível aliar preservação ambiental e produção econômica? Uma fazenda de Brejinho, distante cerca de 60 quilômetros de Natal é uma prova que sim. O projeto de preservação das nascentes de rios começou há cerca de 20 anos e a qualidade da água é uma das principais vantagens para a criação de peixes.

Produção econômica e preservação ambiental andam lado a lado em fazenda de Brejinho, no RN (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
Produção econômica e preservação ambiental andam lado a lado em fazenda de Brejinho, no RN (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

A propriedade de Elias Miguel de Oliveira tem 60 hectares, que ele comprou há duas décadas. Era um ambiente bem diferente do atual. "Isso aqui era tudo desmatado. Então eu vi que tinha um potencial muito grande de água, das nascentes. E a partir dai a gente começou a deixar a mata se recompor", conta.

A Fazenda Laurence é uma jóia num estado que tem mais de 90% composto de semiárido. 60% da propriedad rural tem área preservada. Ao todo, ela comporta 12 nascentes do rio Ararai, que desagua na lagoa de Nísia Floresta.

No local, a vegetação é de caatinga e mata atlântica. Mesmo sem chuva, as nascentes nunca secaram. Isso é fruto de um trabalho sério de preservação, desde onde a vida começa. Na principal nascente do rio, a água é tão pura que dá para beber.

Fazenda em Brejinho, RN, tem mais de 60% de área preservada (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
Fazenda em Brejinho, RN, tem mais de 60% de área preservada (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

"Preservar tudo isso é muito importante, porque isso aqui nada mais é que do água de chuva que infiltrou no solo e na rocha e agora está aflorando aqui. Isso é a vida da fazenda", afirma o professor e presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Socioambiental (ABDA), José Salim, sobre um olho d'água que brota do solo.


Das nascentes, a água segue seu caminho, dando verde e vida à natureza por onde passa e matando a sede de animais. Um dos destinos são os viveiros de peixe da fazenda, que são um exemplo de que é possível desenvolver um bom negócio de psicultura. A água limpa que chega ao local é fundamental para o processo.

"A qualidade tem que ser pura, água de beber, para que eu tenha produção de alevinos com qualidade. Inclusive para fazer a regressão sexual das femeas, que é um processo natural, para evitar que quando ela chegue no viveiro comece a se proliferar e o criador do peixe que vai para o abate perca essa qualidade. Tudo é controlado: alimento, temperatura, PH da água, acidez da água. Tudo tem que estar muito bem controlado", ressalta Eliseu Augusto de Brito, presidente da Associação de Engenheiros de Pesca do Rio Grande do Norte.

No laboratório da fazenda, é possível ver o processo de crescimento dos peixes, desde os ovos até a fase em que se tornam alevinos, quando ficam prontos para serem vendidos aos produtores.

"Esses ovos são coletados, são tratados, limpos e estocados nas incubadoras. A partir daqui elas eclodem seletivamente, cada ovo é eclodido dentro do seu padrão de idade normal, e as larvas são recolhidas dessa forma para fazer uma seleção natural", explica o engenheiro de pesca Odilon Juvino de Araújo.

O engenheiro conta ainda que o ao longo dos anos a principal produção no estado é a de tilápia. Mas hoje ela divide espaço com o panga - um peixe natual do Vietnã, que chega a pesar até 50 quilos e pode render até 50% de filé - uma boa vantagem para o mercado e também ao consumidor. Por enquanto, a produção dele só é permitida em São Paulo e no Rio Grande do Norte.

Criação de alevinos é aliada à preservação ambiental no RN (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
Criação de alevinos é aliada à preservação ambiental no RN (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

"O panga é muito importado pelo país, todo o comércio é feito por importação do produto, e a gente precisa produzir esse animal aqui pela qualidade que ele tem no mercado mundial", argumenta Odilon.

A produção comandada Elias Miguel de Oliveira é considerada um sucesso e gera boa lucratividade. O produto é vendido para o Rio Grande do Norte e principalmente Paraíba. "Nós estamos produzindo em torno de 400 a 500 alevinos por mês", ressalta.

Tão importante quanto o sucesso econômico, o professor José Salim reforça o sucesso na preservação ambiental. "Tudo que existe ao longo desse rio depende dessa água. Isso é importante, porque é preciso ter proprietários concientes da importância das nascentes para que façam uso da água e não consumo da água", defende.

"Tudo é dificil no começo, mas com o tempo a gente vai fazendo os melhoramentos e vai dando certo", complementa seu Elias.

Fonte: G1

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