quarta-feira, maio 23, 2018

Suécia orienta população a se preparar para guerra e distribui panfletos de alerta

Governo enviou folhetos a 4,7 milhões de famílias explicando como se preparar melhor em caso de guerra (Foto: Getty Images/ BBC)
Governo enviou folhetos a 4,7 milhões de famílias explicando como se preparar melhor em caso de guerra (Foto: Getty Images/ BBC)

Comida enlatada, velas e lenços umedecidos. Estes são alguns dos itens que a Suécia aconselhou todas as famílias a estocarem em panfletos que o governo começou a distribuir.

Os folhetos foram enviados a 4,7 milhões de famílias explicando como se preparar para crises maiores. Elas incluem ataques terroristas e cibernéticos, desastres naturais, acidentes graves e conflitos militares.

A iniciativa chamou atenção por ser a primeira reedição de tais instruções desde a década de 80 - as versões originais foram distribuídas pelo governo na Segunda Guerra Mundial e a publicação continuou durante grande parte da Guerra Fria.

Aqueles que se preparam melhoram "a capacidade do país como um todo para lidar com uma tensão maior", diz o livreto.

"Pense em como você e as pessoas ao seu redor seriam capazes de lidar com uma situação na qual os serviços normais da sociedade não estão funcionando como de costume", acrescenta.

O panfleto, intitulado If Crisis or War Comes (Se a Crise ou a Guerra Chegar), foi distribuído em meio a preocupações sobre as atividades militares da Rússia, além da ascensão do terrorismo e das "fake news".

O livreto sueco: instruções semelhantes foram distribuídas durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, mas a impressão dos panfletos cessou na década de 1980 (Foto: Swedish Civil Contingencies Agency/BBC)
O livreto sueco: instruções semelhantes foram distribuídas durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, mas a impressão dos panfletos cessou na década de 1980 (Foto: Swedish Civil Contingencies Agency/BBC)

Em uma sessão chamada "dicas para preparação da casa", há uma lista bem eclética de alguns dos principais produtos que os domicílios devem ter.


O governo dá ênfase à importância de comprar alimentos não perecíveis "que exijam pouca água ou que possam ser ingeridos sem preparo", como pães com um longo prazo de validade, bolachas, lentilha pré-cozida, feijão, homus em conserva, sardinhas, macarrão instantâneo, arroz, purê de batata instantâneo e barras energéticas.

O folheto também alerta que, caso ocorra uma grande crise, o fornecimento de eletricidade pode falhar. Com o clima frio, isso significa problemas graves com o aquecimento dos domicílios.

"Reúna a família em um cômodo, pendure cobertores nas janelas, cubra o chão com tapetes e construa um abrigo sob uma mesa para se aquecer", aconselha o texto.

Se não houver eletricidade, as pessoas devem se preparar para se manter aquecidas e informadas quando os sistemas de comunicações não estiverem mais funcionando. As recomendações para isso são deixar a postos roupas de lã, sacos de dormir, velas, rádios a pilhas ou a energia solar, uma lista de números de telefone importantes e um carregador de celular que funcione com a bateria do carro.

O folheto também inclui conselhos sobre como encontrar um abrigo antibombas e água limpa.

Como outros países se prepararam?
Diversos governos emitiram conselhos sobre qual seria a melhor forma de se preparar para uma grande crise ou mesmo uma guerra nos últimos anos.

Em 2016, a Alemanha aconselhou as pessoas a armazenarem alimentos e água para uso em caso de uma emergência nacional. O país sugeriu armazenar comida suficiente para 10 dias, assim como água para cinco dias.

Foi a primeira vez desde a Guerra Fria que o governo alemão emitiu esse tipo de conselho, e alguns parlamentares da oposição o acusaram de alarmismo.

Também em 2016, a Lituânia disse aos cidadãos o que fazer no caso de uma invasão russa. Seu livreto incluía instruções para identificar tanques inimigos.

As relações de Moscou com seus vizinhos do Báltico se deterioraram desde 2014, quando a Criméia foi anexada à Ucrânia.


Nos últimos anos, a Suécia aumentou seus gastos militares, citando a deterioração da situação de segurança na Europa, particularmente à luz do papel da Rússia no conflito na Ucrânia.

Em 2016, o país restaurou a presença de tropas na estratégica ilha báltica de Gotland, em meio a preocupações com exercícios militares por parte de Moscou, além de debater a possibilidade de se aproximar da aliança militar da Otan.

Também reintroduziu o recrutamento militar no ano passado.

Fonte: G1

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