segunda-feira, maio 21, 2018

Irã diz que apoio da UE é insuficiente para manter acordo nuclear

Em foto de 26 de setembro de 2017, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry (esquerda) se reúne com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, na sede da ONU (Foto:  AP Photo/Craig Ruttle)
Em foto de 26 de setembro de 2017, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry (esquerda) se reúne com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, na sede da ONU (Foto: AP Photo/Craig Ruttle)

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse neste domingo (20) que as ações da União Europeia para preservar o acordo nuclear firmado em 2015 com o Irã são insuficientes. Zarif sugeriu que esperava mais do bloco no contexto político atual -- principalmente após a saída dos Estados Unidos do pacto no início do mês. A informação é da agência Reuters.

O pronunciamento do ministro iraniano ocorre ainda meio a outro cenário que pode minar o acordo: o anúncio da saída de empresas europeias. Uma das primeiras a sair foi a dinamarquesa A.P. Moller-Maersk, uma das maiores empresas de transportes de contêineres do mundo. Outra a anunciar a saída foi a gigante petroleira francesa Total.

Com essa sinalização de empresas, o Irã está entendendo que o cenário não é consistente com o discurso europeu de se esforçar para manter o acordo.

"O anúncio da possível retirada das principais empresas européias de sua cooperação com o Irã não é consistente com o compromisso da União Européia em implementar (o acordo nuclear)", disse Zarif.
O ministro iraniano sugeriu ainda que, após a saída dos EUA, a expectativa do Irã era que a UE se empenhasse um pouco mais com o acordo -- mas o apoio não está sendo suficiente.

"Com a retirada da América, as expectativas públicas (do Irã) sobre União Européia aumentaram, mas, no contexto atual, o apoio político europeu ao acordo não é suficiente", disse Mohammad Javad Zarif.

Da esquerda: Federica Mogherini (representante de assuntos exteriores da UE),  Mohammad Javad Zarif (ministro do extereior iraniano), Philip Hammond (secretário do exterior britânico) e John Kerry (secretário de Estado americano) (Foto: AP )
Da esquerda: Federica Mogherini (representante de assuntos exteriores da UE), Mohammad Javad Zarif (ministro do extereior iraniano), Philip Hammond (secretário do exterior britânico) e John Kerry (secretário de Estado americano) (Foto: AP )

O acordo nuclear e a saída dos EUA
O acordo nuclear com o Irã foi alcançado em julho de 2015 após quase 20 meses de negociações entre o governo da República Islâmica e um grupo de potências internacionais. O pacto foi liderado pelos EUA sob o comando de Obama.

Para as potências ocidentais, o acordo tinha a vantagem de frear as intenções do Irã com uma bomba nuclear; para o Irã, os benefícios do acordo se centravam sobre ganhos econômicos e a retirada de sanções. De fato, bilhões de dólares de bens congelados de iranianos foram liberados após o pacto.

Uma das pontas "soltas" do acordo, principalmente no olhar dos EUA de Trump, era que ele permitia que o Irã prosseguisse no desenvolvimento de seu programa nuclear para fins comerciais, médicos e industriais.

O presidente dos EUA, Donald Trump, mostra sua assinatura oficializando a retirada do país do acordo nuclear com o Irã, retomando as sanções contra o país. Trata-se de uma das mais contundentes decisões de política externa do americano em seus 15 meses de governo (Foto: Jonathan Ernst/Reuters)
O presidente dos EUA, Donald Trump, mostra sua assinatura oficializando a retirada do país do acordo nuclear com o Irã, retomando as sanções contra o país. Trata-se de uma das mais contundentes decisões de política externa do americano em seus 15 meses de governo (Foto: Jonathan Ernst/Reuters)

Por isso, após Trump, o acordo foi duramente criticado. O presidente americano atual disse que o Irã é o principal financiador do terrorismo e que o acordo de 2015, ao invés de proteger os EUA e seus aliados, permitiu que o Irã continuasse enriquecendo urânio. No dia 8 de maio, assim, o país deixou o acordo.

Após a decisão de Trump, Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia, disse que o restante da comunidade internacional apoiaria o pacto.


"A União Europeia está determinada a agir de acordo com seus interesses de segurança e a proteger seus investimentos econômicos", disse Mogherini.
“O acordo nuclear com o Irã é o ponto culminante de 12 anos de diplomacia. Ele pertence a toda a comunidade internacional ”, continuou.

Fonte: G1

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