domingo, fevereiro 21, 2016

Preso morto durante rebelião em Mossoró não foi baleado, diz direção

Damião Fernandes dos Santos, de 36 anos, cumpria pena por tráfico de drogas (Foto: Divulgação/Direção da Penitenciária Agrícola Dr. Mário Negócio)Um preso foi morto na tarde deste sábado (20) durante uma rebelião na Penitenciária Agrícola Dr. Mário Negócio, em Mossoró, cidade da região Oeste potiguar. Agentes penitenciários foram atacados a pedradas após o fim
das visitas, logo após uma falta de energia. Disparos de munição não letal foram feitos para conter os detentos. A direção da unidade, no entanto, afirma que o preso não foi baleado. Damião Fernandes dos Santos, de 36 anos, cumpria pena por tráfico de drogas. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu a um ferimento no peito.
“O detento foi atingido no peito por algum objeto perfurante, como a ponta de um ferro, por exemplo. Mas não foi uma bala. Foi feita uma perícia preliminar, que revela que no corpo do preso não foi encontrado sequer resíduo de pólvora. Como o ferimento não foi transfixante, ou seja, não atravessou de um lado para o outro do corpo, deveria ter algum vestígio dentro, mas não havia nada, nem estilhaço”, afirmou Alrivaneide Lourenço de Oliveira, diretora da penitenciária.
“O laudo que vai revelar a causa da morte, no entanto, ainda não foi concluído. O corpo será levado para Natal ainda neste domingo para que a perícia seja finalizada”, acrescentou a diretora.
A Penitenciária Agrícola Dr. Mário Negócio é a maior unidade prisional de Mossoró. Possui atualmente algo em torno de 570 presos, entre homens e mulheres que cumprem pena nos regimes fechado e semiaberto.
A rebelião
Ao G1, Alrivaneide explicou que a rebelião aconteceu no lado A do pavilhão 5, onde 96 homens cumprem pena no regime fechado. Em determinado momento, durante a visita de familiares, houve uma queda de energia. A diretora conta que os agentes desconfiaram que o blackout ocorreu por causa de alguma gambiarra feita pelos próprios apenados.
“Havia a suspeita da existência de algum túnel dentro do pavilhão. Quando os detentos abrem escavações na tentativa de escapar, eles improvisam a iluminação com pedaços de fios emendados. Isso pode ter sobrecarregado a rede elétrica e causado o apagão. Então, quando as visitas saíram, os agentes entraram no pavilhão e determinaram que os presos fossem para o pátio. O objetivo era verificar a existência de algum túnel e também providenciar o restabelecimento da energia. Só que os presos se recusaram e começaram a jogar pedras nos agentes. A situação ficou tensa. Eram quase 100 homens contra apenas dois agentes. Por isso eles atiraram. Mesmo assim, usaram armamento não letal, como balas de borracha”, observou.
Ainda segundo a diretora, quando a situação foi controlada e os presos se acomodaram no pátio do pavilhão, os agentes encontraram Damião caído no chão. Ele ainda foi levado com vida ao Hospital Regional Tarcísio Maia, mas não resistiu ao ferimento.

Mortes em presídios
Este foi o segundo detento morto este ano no sistema prisional potiguar. No dia 21 de janeiro, Gledson Souza Saraiva, preso por assalto, foi encontrado pendurado pelo pescoço dentro da cela 5 do pavilhão 2 da Cadeia Pública de Mossoró.
Ano passado, 28 morreram dentro de unidades carcerárias do RN. Deste total, 25 foram assassinados a facadas ou encontrados enforcados, mortos em condições suspeitas. Outros dois morreram soterrados após o desabamento de um túnel na Penitenciária Estadual de Alcaçuz. E, no início de 2015, um adolescente morreu ao ser baleado em uma unidade para cumprimento de medida socioeducativa durante uma tentativa de resgate no Ceduc de Caicó. Os números são da Coordenadoria de Análises Criminais da Secretaria Estadual de Segurança Pública.

Fonte: G1

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