domingo, dezembro 06, 2015

Hospital atende até 20 suspeitas de microcefalia por dia no Recife

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/Elas chegam desconfiadas, sem saber direito o que esperar. Mas, se entraram naquele prédio acanhado, é porque existe a suspeita de que seus bebês têm uma má-formação
que, se confirmada, os acompanhará para o resto da vida. E elas são muitas, vindas de todas as partes do Estado.

Algumas, poucas, saem aliviadas. As outras vão permanecer por ali. Em um único dia passam pelo serviço de infectologia infantil do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife, mais casos suspeitos de microcefalia do que todos os registrados em Pernambuco no último ano.

Desde o início do surto da má-formação, até 20 mulheres chegam diariamente ao serviço de referência. Em 2014, foram 12 casos no Estado, de acordo com o Ministério da Saúde.

Pernambuco lidera o ranking de microcefalia –relacionada, segundo a pasta, à infecção das gestantes pelo vírus zika. São 646 dos 1.248 casos suspeitos no país.

Com algumas variações, essas mães têm o mesmo número na ponta da língua: 32 cm –o tamanho da circunferência da cabeça de seus bebês quando nasceram.

Até esta quarta (2), quando o número foi reduzido em 1 cm pela Secretaria da Saúde, todos os bebês não prematuros com circunferência igual ou menor do que 33 cm eram considerados suspeitos.

Na sala de espera do ambulatório, nem se nota o problema em algumas crianças. Só a tomografia deixará claro se há ou não comprometimento do cérebro. Em outras, no entanto, isso é mais evidente.

A cada mãe que chega com um bebê no colo, os olhares se cruzam e, após um breve silêncio tenso, surge a pergunta: "Nasceu com 32, foi?"

Cinthia da Silva, 28, diz que não. Foi menos do que isso. E acrescenta: "Ainda tive febre, coceira, dor no corpo, na cabeça e essas manchas vermelhas, que o povo tá falando."

Ela chega com o filho, Fabrício Lucas da Silva, 15 dias de vida, ao ambulatório. "Disseram que ele tem. Chorei tanto que precisaram me colocar no soro", afirma.

Desempregada, Cinthia vive com os cerca de R$ 200 que o marido, também desempregado, arruma em "biscates". Os R$ 250 do aluguel é a sogra que dá. "Só de leite especial é R$ 50 a lata", diz.

Ela chegou pouco depois da dona de casa Ednalda de Oliveira, 34, e do eletricista, Kristhofferson Ribeiro de Lima, 24, seu marido, irem embora. Ainda assustado, o casal se dizia confiante.

Segundo o pai, Davi, de 11 dias, não tem a doença, apesar de Ednalda ter apresentado os sintomas na gravidez. Davi foi embora, Fabrício vai continuar.

Fonte: Folha de São Paulo

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