sexta-feira, maio 29, 2015

PF prende quatro pessoas em operação contra lavagem de dinheiro

Policial chega à sede da PF em Brasília com documentos apreendidos durante operação contra lavagem de dinheiro (Foto: Vianey Bentes/TV Globo)A Polícia Federal prendeu em flagrante em Brasília na manhã desta sexta-feira (29) quatro homens suspeitos de envolvimento em esquema de lavagem de
dinheiro por meio de sobrepreço e inexecução de contratos com o governo federal desde 2005. De acordo com o delegado regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Dennis Cali, há 30 empresas sendo investigadas. Uma delas teria tido faturamento de R$ 465 milhões.

As prisões em flagrante ocorreram porque os policiais encontraram mensagens trocadas entre os suspeitos que indicavam a prática de crimes. A corporação apreendeu ainda mais de R$ 100 mil em espécie e dez carros de luxo no Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás. Um avião avaliado em R$ 2,5 milhões também foi apreendido.

Entre os presos estão Marcier Trombiere Moreira, servidor de carreira do Banco do Brasil que trabalhou, na campanha do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT); o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, dono de uma gráfica que também prestou serviço para a campanha do governador petista e que, em 2010, chegou a ser investigado por supostas ligações com a produção de dossiês contra candidatos do PSDB; e um homem identificado como Pedro Medeiros.

Os três já haviam sido detidos em outubro do ano passado, quando a PF apreendeu um jatinho no Aeroporto Juscelino Kubitschek que transportava R$ 113 mil. A aeronave é a mesma apreendida na operação desta sexta. Cali afirmou que documentos apreendidos pela PF demonstraram que os homens mantinham a associação criminosa mesmo após a ação. A pena para associação criminosa é de 1 a 3 anos de prisão.
A Polícia Federal esteve na casa do ex-deputado Virgílio Guimarães (PT), no bairro Sion, região centro-sul de Belo Horizonte, para cumprir mandado de busca e apreensão. Nenhum detalhe do cumprimento do mandado foi divulgado. A reportagem tentou contato com o ex-deputado, mas ele não foi encontrado.
A Secretaria de Comunicação do Estado de Minas Gerais divulgou nota sobre a operação, dizendo que o governo mineiro "não é objeto de investigação neste processo". Em Brasília, o delegado Cali disse que "até o momento não há nenhuma autoridade com prerrogativa de foro ou partido político sendo investigado". "Até o momento o governador Pimentel não é alvo da investigação."

Avião bimotor apreendido em Brasília pela Polícia Federal na Operação Acrônimo (Foto: Divulgação / PF)Avião bimotor apreendido em Brasília pela Polícia Federal na Operação Acrônimo (Foto: Polícia Federal/Divulgação)

De acordo com a Polícia Federal, para ocultar a origem criminosa do dinheiro, os investigados usavam com frequência "laranjas" e fracionavam os valores em partes menores, manobra que é conhecida como "smurffing".
Eles também se valiam de uma manobra conhecida como confusão patrimonial, quando em um mesmo espaço funcionam várias empresas. "Isso visa justamente dificultar a responsabilização e identificar quem é o dono da empresa", disse o delegado.

Veículo apreendido pela Polícia Federal na Operação Acrônimo (Foto: Divulgação / PF)Veículo apreendido pela Polícia Federal na Operação Acrônimo (Foto: Divulgação / PF)

Operação Acrônimo
Cerca de 400 policiais federais cumprem 90 mandados de busca e apreensão expedidos pela 10ª Vara da Justiça Federal do DF. Nesta sexta, os policiais fizeram buscas em cerca de 30 endereços residenciais e 60 comerciais.
O nome da operação faz referência ao fato de o prefixo da aeronave na qual foi localizado o dinheiro ser uma sigla formada pelas iniciais dos nomes dos familiares dos principais investigados.
Na apreensão do ano passado, quando começou a investigação, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar suposta lavagem de dinheiro. À época, a Coligação Minas Pra Você, de Pimentel, informou que Moreira e a gráfica de Oliveira Neto foram desligados com o fim da campanha eleitoral.
Ao longo dos oito meses de apurações, os policiais analisaram dados obtidos em notebooks, smartphones, tablets e outros dispositivos eletrônicos apreendidos com os suspeitos. Os investigadores analisaram mais de 600 gigabytes de informações e as cruzaram com outras fontes de base e dados.

Fonte: G1

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