domingo, fevereiro 22, 2015

Maduro promete provas de tentativa de golpe da oposição venezuelana

Manifestantes seguram cartaz com foto de Ledezma e uma corrente em torno dele para protestar contra sua detençãoApós o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, ser preso sob acusação de conspirar contra o governo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,
prometeu mostrar na próxima semana evidências de planos golpistas da oposição com apoio externo.

Críticos dizem que a detenção de Ledezma revela um esforço de Maduro para tentar desviar o foco da grave crise econômica e acirrar divisões da oposição antes da eleição parlamentar do segundo semestre.

"Terça e quarta [24 e 25] mostrarei gravações e vídeos contundentes sobre o intervencionismo estrangeiro [e] o golpe de Estado que se queria aplicar", disse Maduro na sexta.

Ledezma foi preso na quinta (19) e indiciado por conspiração e formação de quadrilha. No dia seguinte, um juiz acatou as acusações do Ministério Público (MP) e ordenou que o prefeito fosse levado a um presídio militar. A defesa nega as acusações e irá recorrer.

O MP afirma que Ledezma tem ligação com estudantes presos por incitar os protestos antigoverno de 2014, nos quais 43 pessoas morreram. O governo divulgou vídeos que supostamente provam que os jovens agiram sob ordens da direita colombiana.

Até agora, porém, não foram apresentadas evidências contra Ledezma.

RACHA NA OPOSIÇÃO

A prisão de Ledezma e de outros opositores, como Leopoldo López, também pelos protestos de 2004, é uma maneira de jogar com as debilidades da oposição, segundo o cientista político Fernando Mires.

"[A ideia é] provocar e acentuar o racha opositor entre os que sustentam a ideia que, diante de um governo como o de Maduro, não pode haver saída eleitoral e os que afirmam que as eleições são a única via para derrotar o governo", escreveu no site opositor Prodavinci.

Ledezma forma a ala opositora radical, ao lado de López e da deputada cassada Maria Corina Machado, também acusada de golpismo.

Eles argumentam que a eleição parlamentar é incerta (o pleito estava previsto para dezembro, mas o governo cogita antecipá-la ou adiá-la) e que a presidencial de 2019 está longe demais.

Ledezma, Machado e López dizem que a única solução para a crise, que inclui inflação de 68%, desabastecimento e alta criminalidade, é a saída de Maduro.

Para atingir esse objetivo, defendem a continuação dos protestos, apesar das mortes já ocasionadas.

Na sexta, a mulher de prefeito, Mitzy de Capriles, divulgou mensagem que o marido enviou a simpatizantes: "Antonio pede que não abandonemos as ruas".

Maduro considera que os protestos são uma maneira de semear o caos para derrubar o governo. O presidente foi à TV na semana passada para dizer que uma recente carta assinada por Ledezma, Machado e López pedindo apoio a um governo de "união nacional", prova intenções golpistas.

O presidente lembra que a oposição já se mostrou capaz de um golpe quando, em 2002, derrubou o então presidente Hugo Chávez, que retomou o poder em três dias.

A ala mais moderada da oposição é comandada pelo governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, que já concorreu duas vezes à Presidência. Ele diz que a rejeição a Maduro (78%) se traduzirá em derrota governista nas urnas. Capriles defende que governos que usam meios inconstitucionais para chegar ao poder têm vida curta.

Capriles não apareceu em recentes eventos de apoio a López e Ledezma.

Próximo de Capriles, o secretário-geral da coalizão MUD, Jesus Torrealba, disse na sexta-feira que as primárias para definir candidatos ao pleito parlamentar será em 3 de maio. O anúncio é visto como resposta institucional à pressão autoritária do governo.

Fonte: Folha de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!