domingo, dezembro 14, 2014

Se precisar, Murilo vai ao Ministério Público denunciar cartolas da CBV

17. set. 2014 - Murilo volta à seleção brasileira e vibra muito com time na vitória contra a RússiaTerminar em pizza é tudo que Murilo não quer em relação as denúncias de que dirigentes da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) desviaram R$ 30 milhões.
O montante foi apontado pela CGU (Controladoria-Geral da União) e o ponteiro da seleção brasileira afirma que se for necessário vai pessoalmente levar o caso ao Ministério Público. Tanta disposição ocorre para garantir a punição dos envolvidos e preservação da imagem do esporte.

Para isso, Murilo considera importante os jogadores tomarem posição. Neste sábado quatro equipes entraram em quadra usando narizes de palhaço. A atitude também serve de mensagem aos patrocinadores. O ponteiro teme que o vôlei fique arranhado, perca investidores e uma crise comece. Além destes problemas, o escândalo acontece há um ano e meio dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e já atrapalha a preparação da seleção.

UOL Esporte - Você espera que o Ministério Público entre no caso daqui em diante?

Murilo - É isso que a gente espera. A gente conversa bastante e qual é o trâmite de agora em diante. Não posso eu ir no Ministério Público, mas se precisar eu vou. A gente espera que a CBV denúncie e mostre o relatório da CGU para o Ministério Público ou a Polícia Federal. Eu não sei quem agora vai investigar, mas é isso que a gente quer.

UOL Esporte - Os jogadores pensam em buscar auxílio jurídico se não acontecer nada?
Murilo - Se não acontecer nada a gente vai ver o passo que vai dar. A gente conversou um tempo atrás sobre formar uma associação dos jogadores. Então talvez esse seja um ótimo momento. Procurar uma assessoria jurídica e com certeza a gente vai ser mais forte.

UOL Esporte - Antes das matérias com denúncias contra a CBV você acreditava que isto acontecia?
Murilo - Não. A gente confiava porque...cara eu estou na seleção há 10 anos, o Ary (Graça, presidente na época dos desvios) já era presidente e ele sempre foi muito de se vangloriar do modelo de gestão que tinha lá dentro. A conquista do Centro de Treinamento de Saquarema. Conquista atrás de conquista e a gente sempre elogiando, brigando junto. Descobrir isso é praticamente como ser traído. A gente sempre ficou ao lado dele, sempre apoiou as decisões dele e na verdade aquele castelo meio que desmoronou.

UOL Esporte - Você se sente roubado?
Murilo - Não porque o dinheiro não era meu, mas era um dinheiro que devia ser investido no voleibol, nos clubes. Os clubes passam dificuldades a cada ano para procurar patrocinadores e pouco é investido por parte da confederação. Falaram dinheiro de prêmios. Talvez um ou outro campeonato a gente não tenha tido premiação, bonificação, mas isso era um acordo que a gente tinha com a CBV. A gente não tinha ideia de como era o contrato com o Banco do Brasil, não tinha acesso que todos os campeonatos eram premiados.

UOL Esporte - Os clubes de vôlei fecharam por falta de dinheiro é o que te mais indigna?
Murilo - Com certeza. São os clubes que pagam os salários da maioria de jogadores, de dirigentes, fisioterapeutas, preparadores físicos. Muita gente que tira o sustento de sua família do voleibol. Esse dinheiro porque não poderia ter sido investido melhor, dar segurança aos clubes de partir o ano com algum dinheiro.

UOL Esporte - Como nasceu o protesto de usar nariz de palhaço neste sábado?
Murilo - Essa indignação generalizada. A gente criou um grupo e apesar de ter ficado um pouco inativo depois que saiu o relatório da CGU a gente voltou a toda e falou dessa vez a gente não vai se omitir. Vamos protestar, vamos cobrar, vamos dar a cara à tapa e é isso que a gente tá fazendo. A gente vai até o fim para que a CBV tome atitude em relação a isso.

UOL Esporte - Espera que tipo de providências da CBV e estudam uma paralisação?
Murilo - A gente não pensa em paralisação. Acho que prejudicaria muito os clubes e os patrocinadores que na verdade não fazer parte da CBV. A gente espera que a nova gestão corra atrás, cumpra com o que o relatório do CGU falou. Ou seja, procure meios legais para que essas pessoas que fizeram mal ao voleibol sejam punidas e que o dinheiro seja ressarcido.

UOL Esporte - O atual presidente da CBV era vice do homem responsável pelas irregularidades. Com este histórico dá para esperar providências?
Murilo - A gente vai saber quando ele tomar atitudes ou não com relação ao que a gente cobrando sobre as irregularidades. O Toroca é vice-presidente há mais de20 anos. A gente tá dando uma oportunidade dele mostrar que não estava envolvido e vai cobrar isso. Ele dando sinais disso com certeza vai ter nosso total apoio.

UOL Esporte - Você teme que empresas tenha medo de investir no voleibol e gere uma crise nos clubes por causa das irregularidades?
Murilo - É possível, mas a gente espera que não. Eu vindo aqui falar sobre isso a gente tá reconhecendo um erro. Acho que nós atletas temos um papel fundamental nisso. Separar as coisas.

UOL Esporte - O Brasil planejava sediar as finais da Liga Mundial para os jogadores se ambientarem a pressão e estranharem menos nas Olimpíadas, mas mudou de ideia por causa das denúncias. Isto prejudica a preparação?
Murilo - Pra gente seria importante para se adaptar a cobrança da imprensa, dos torcedores. Nós tivemos aqui o Pan de 2007 no qual foi bem difícil. Conquistamos o ouro, mas foi muita pressão em cima da gente, muito assédio. Precisamos ficar o mais concentrado possível. (Houve) Uma final de Liga em 2008 na qual a gente não foi bem e talvez por isso o Bernardo queira que venham as finais aqui, para gente se acostumar.

UOL Esporte - A seleção já tá perdendo então?
Murilo - A gente vai dar um jeito (risos). Vamos resolver isso (escândalo) primeiro e dá para gente possa organizar um evento bacana.

UOL Esporte - Logo depois do relatório a Federação Internacional anunciou punições a você, Bernardinho, Mário Junior e o Bruninho. A entidade é dirigida por Ary Graça, presidente na época dos supostos desvios. Foi retaliação?
Murilo - Acho que por ter saído logo depois de a gente ter se pronunciado acho que sim. O caso estava em julgamento e tínhamos conhecimento, mas foi muito rápido cara. Não teve nem tempo de a gente se defender. 

Fonte: Uol

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