quarta-feira, outubro 29, 2014

MP-GO denuncia Cadu por latrocínio após morte de agente penitenciário

Cadu (Foto: Divulgação / PM)O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) alterou a tipificação de um dos crimes pelos quais denunciou Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, de 29 anos, para latrocínio. Conforme a assessoria de imprensa do órgão, a mudança é necessária devido à morte do agente penitenciário Marcos Vinícius Lemes da Abadia, de 45 anos, que teria sido baleado por Cadu e chegou a ficar quase dois meses internado em um hospital de Goiânia.
Cadu, que segue preso no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana, foi denunciado pelo MP-GO no dia 15 de setembro pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), receptação e porte ilegal de arma de fogo com numeração raspada.
Além disso, ele também foi denunciado pela tentativa de latrocínio contra Marcos Vinícius que, até então, se recuperava no hospital. Com a morte da vítima, houve mudança no tipo de crime e Cadu responderá por outro latrocínio. O MP-GO também requisitou o laudo do exame cadavérico de Marcos Vinícius.
O advogado de Cadu, Sérgio Divino Carvalho Filho, afirmou ao G1 na segunda-feira (27), quando o MP-GO comunicou que faria as alterações no processo, que o fato do agente ter morrido não muda a estratégia de defesa do suspeito. No entanto, a defesa não revela qual linha irá adotar.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), Cadu responde a três processos, sendo que todos tramitam em segredo de Justiça.
Crime
Marcos foi ferido durante um assalto no Setor Bueno, na capital, no último dia 28 de agosto. Câmeras de segurança das imediações mostraram quando a vítima reagiu ao assalto e lutou com o criminoso, que atirou na cabeça do servidor e fugiu com a ajuda de um comparsa. Cadu foi indiciado e responde pelo crime.
A família do agente diz que espera que o responsável seja punido. “Nada vai trazer meu irmão de volta, mas ele [suspeito] tem que pagar pelo que fez”, disse ao G1 a irmã da vítima, Maysa Lemes.
Ela reclama do fato de Cadu não poder ser julgado por ser considerado inimputável, ou seja, incapar de responder pelos seus dados. “Não tenho dúvidas de que esse Cadu tinha plena consciência do que estava fazendo. Quem pratica um roubo não pode dizer que estava fora de si. Por isso espero que a Justiça seja feita e ele responda também por mais esse homicídio”, ressaltou Maysa.
Logo após ser baleado, Marcos foi encaminhado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), onde permaneceu internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), respirando com a ajuda de aparelhos. No entanto, segundo a assessoria de imprensa do hospital, ele não resistiu e morreu na tarde de quinta-feira (23). O corpo dele foi enterrado no dia seguinte, no Cemitério Memorial Parque.

Marcos de Abadia está internado em estado grave, em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Marcos de Abadia morreu após passar dois meses
internado (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
A irmã conta que a família ainda tinha esperanças na recuperação de Marcos, mas agora só restou a dor. “Você não imagina como está a nossa situação. Vivemos o pior final de semana das nossas vidas e o pior é que não vai melhorar, não importa o remédio que tomemos. Meu irmão nos faz muita falta e isso dói demais”, lamentou Maysa.
Cadu
Assassino confesso do cartunista Glauco Vilas Boas e do filho dele, Raoni Vilas Boas, em 2010, Cadu foi indiciado e responde pelo crime. Ele voltou a ser preso no dia 1º de setembro, após fugir de uma abordagem policial, em Goiânia. Segundo a Polícia Civil, ele também foi indiciado por roubar o carro do estudante de direito Mateus Pinheiro de Morais, de 21 anos, e executá-lo, no dia 31 de agosto, no mesmo bairro da tentativa de latrocínio contra o agente penitenciário.
Após cometer o duplo homicídio contra o cartunista Glauco e o filho dele, Cadu, que possui esquizofrenia, foi considerado pela Justiça inimputável, ou seja, incapaz de perceber a gravidade de seus atos. A doença mental não tem cura, mas tem controle, desde que seja tratada.
Incluído no Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (Paili), Cadu estava em liberdade desde agosto de 2013 e era acompanhado mensalmente pela Justiça de Goiás, já que a família dele mora em Goiânia. A juíza Telma Aparecida Alves, que determinou que Cadu não precisava mais ficar internado, disse que ele não aparentava ter algum tipo de problema mental. "Era doce, amável com as pessoas. Entrava nas residências de algumas pessoas quando ele fazia prestação de serviço, limpando piscinas", disse.
Questionada se errou ao liberar Cadu, a magistrada afirmou que tomou a decisão "correta e mais adequada possível". Disse que é mãe e que também entende a dor da família de Mateus. Telma revelou que, a partir deste episódio, vai agir de outra forma.
"Eu vou ficar um pouco mais atenta, como ficaria qualquer pessoa que tiver sua casa roubada vai ficar mais atendo em fechar mais a janela, cuidar mais da porta. Vou fazer isso nos processos: olhar se está tudo certo mesmo, se a pessoa tem um amparo familiar capaz de auxiliá-lo. Com certeza, vou ser um pouquinho mais precavida", disse.

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!