quarta-feira, maio 07, 2014

PMs suspeitos da morte do lutador Luiz de França iriam matar delegados da Polícia Civil

Coletiva-com-delegados---HDAs investigações do caso do assassinato do lutador de MMA, Luiz de França Sousa Trindade, de 25 anos, ocorrido no dia 10 de fevereiro passado, em frente para uma academia, no conjunto Cidade
Satélite. Segundo a polícia, o tenente PM Iranildo Fêlix foi mesmo o executor, enquanto o soldado PM Moisés Gonçalves, de 41 anos – preso na manhã desta terça-feira – por ter planejado o crime com Iranildo e estar pilotando a moto em que ambos fugiram, após o homicídio. Além disso, dois delegados que estavam investigando o caso foram ameaçados pela dupla.

“Moisés tinha fotos minhas no celular dele, que ficava passando para o Iranildo. Outros policiais vieram me avisar para tomar cuidado, falando que eu estava correndo perigo, que o Moisés não era profissional, que ele estava se sentindo perseguido por mim. O caso foi passado ao Ministério Público, que percebeu o que realmente estava acontecendo: uma ameaça velada contra a minha pessoa. Outro policial, também foi ameaçado por ele”, destacou a delegada Danielle Filgueira, da Divisão Especializada de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) “O meu nome estava em uma lista encontrada na casa do Iranildo quando ele foi preso no início de abril. O meu nome era o sexto da lista para ser assassinado”, contou o delegado Silvio Fernando, titular da 11ª DP.

Soldado PM Moisés Gonçalves repassava as imagens dos delegados para Iranildo. Ambos estariam planejando a execução. Foto: Divulgação

Danielle explicou que os dois já se conheciam há algum tempo e que eles planejaram todo o crime contra Luiz de França na madrugada de 9 de fevereiro (domingo), um dia antes do assassinato. “O Iranildo foi onde o Moisés trabalhava, na Rocam, e lá conversou com ele sobre a situação. Na segunda pela manhã, o Moisés foi pegar o Iranildo em casa e os dois passaram no 3º Batalhão da Polícia Militar, que fica cerca de uns 200 metros da academia onde a vítima trabalhava.

De lá eles foram executar o Luiz de França. O Iranildo desceu da moto e começou a atirar contra a vítima, que morreu na hora”. Apesar de Moisés ter confirmado que esteve com Iranildo no dia do homicídio, os dois negam o crime. Apesar disso, os delegados afirmam que existem evidências suficientes que provam que os dois estavam com as mesmas roupas dos suspeitos que aparecem nos vídeos de câmeras de segurança da região de onde o assassinato aconteceu.

“Quando mostramos os vídeos, vários policiais do 3ª Batalhão identificaram o Iranildo e o Moisés. Confirmaram que os dois estavam com as mesmas roupas dos dois suspeitos que aparecem nas imagens. Além disso, as imagens mostram duas pessoas com as mesmas características físicas do Iranildo e do Moisés”, frisou Silvio Fernando, que ainda informou que policiais receberam ligações de Moisés logo que a notícia da morte de Luiz de França começou a ganhar destaque na imprensa.

“Quando a repercussão começou, o Moisés ficou desesperado. Ele saiu ligando para um monte de policial, falando “Não acredito que o Iranildo fez isso comigo”. Ele não esperava que a repercussão do crime fosse ser tão grande como ela foi. Durante os depoimentos, os dois caíram em contradição o tempo todo”. Uma das contradições é enquanto ao álibi de Iranildo para onde ele esteve no horário do crime. “O Iranildo falou que foi para a academia às 8h05. Porém, a impressão digital da academia mostra que ele entrou às 10h08. Então, errar uma diferença tão grande de tempo não é normal. Ele também disse que treinou por duas horas, mas os registros mostram que ele ficou apenas 32 minutos”, lembrou Silvio Fernando. “Também temos provas que mostram que depois do crime o Moisés cortou relações totais com todo mundo, inclusive com o próprio Iranildo, de quem ele era muito amigo”, completou Danielle.

Iranildo Félix é o principal suspeito de ter assassinado Luiz de França com vários tiros de pistola. Foto: Divulgação

Depois de colherem diversos depois de colherem diversos depoimentos e provas, a polícia constatou que realmente o homicídio se deu por uma discussão entre Luiz de França e Iranildo. “O Iranildo já tinha sido expulso de outra academia. O Luiz de França não gostou do comportamento de Iranildo na academia dele. Falou que não aceitava desrespeito de ninguém, muito menos de um faixa branca e então expulsou o Iranildo. Essa discussão foi vista por um monte de gente. Essas pessoas nos confirmaram essa discussão e que o Iranildo ficava o tempo inteiro falando palavrões, que não tinha medo de ninguém. Ele se sentiu humilhado pelo Luiz de França e ele resolveu matar o lutador”.

Como alguns exames ainda estão sendo finalizados, o inquérito ainda não ficou pronto, o que deve ocorrer nos próximos dias. Os dois estão com prisão preventiva decretada pelos próximos 30 dias. Em relação a uma possível relação entre Luiz de França e a namorada de Iranildo, os delegados responsáveis pelo caso descartaram essa possibilidade.

Outros crimes

Além do assassinado de Luiz de França, Iranildo e Moisés estão sendo investigados por terem participado de outros crimes. “Realmente as investigações existem. Eles são suspeitos de outras mortes, mas não podemos revelar quais são para não atrapalhar as investigações”, afirmou Danielle Filgueira.

Segundo a Polícia Civil, existem indícios que mostram a participação de Moisés e Iranildo na morte do lutador Luiz de França (detalhe). Foto: Divulgação

Moisés, inclusive, foi indiciado pelo sequestro de Jaqueline Duarte e Leonardo Lima, ocorrido em 2012, no bairro de Cidade Nova, em Natal. “Segundo as investigações, o Leonardo presenciou uma chacina de cinco pessoas. Um dia, o Leonardo bebeu muito e falou que tinha visto esse crime. Moisés então foi na casa dele se identificando como policial e pediu para que o Leonardo o acompanhasse. A mãe dele, a Jaqueline, então falou que iria acompanhar o filho”, disse Danielle. Até hoje, nenhum dos desaparecidos foram encontrados.

A chacina citada pela delegada aconteceu em setembro de 2012. Por volta das 21h, dois homens armados com espingarda calibre 12 e pistola mataram cinco pessoas que estavam em um bar no bairro de Cidade Nova. As vítimas foram identificadas como Paulo Cassiano, José Aelson, José Adriano, Arnóbio Nascimento e Francisco Márcio.

Assim como Iranildo Fêlix, Moisés Gonçalves também ficou um longo período afastado por problemas psiquiátricos. De acordo com Danielle, Iranildo é suspeito de ter participado de um homicídio que aconteceu antes da morte de Luiz de França e outro depois.

Reprodução Cidade News Itaú via Portal JH

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