segunda-feira, abril 16, 2012

Pelo menos 13 morrem após a chegada de monitores da ONU à Síria



Violentos combates entre o exército da Síria e desertores e rebeldes, além de novos bombardeios, continuaram nesta segunda-feira (16) na cidade rebelde de Homs, apesar da chegada da missão de observadores internacionais da ONU, encarregada de avaliar a aplicação do frágil cessar-fogo, após 13 meses de confrontos entre o regime Assad e rebeldes antigoverno.

Pelo menos 13 civis morreram, segundo uma ONG.
A embaixadora americana na ONU, Susan Rice, advertiu que a missão de observadores será colocada em questão se a violência continuar depois de os ocidentais terem duvidado da disposição do regime em acabar com a repressão.

Os confrontos ocorreram em Idleb (noroeste), onde quatro civis morreram, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Em Homs (centro), o Exército bombardeou os bairros de Khaldiyé e Bayada, dominados pelos rebeldes. Outros civis foram mortos em Hama (centro) e em Deraa (sul).

Paralelamente, mais manifestações anti-regime ocuparam as ruas, segundo vídeos postados na internet pelos Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam a mobilização no terreno.

Soldados desertores a serviço dos rebeldes sírios em Maaret al-Numan, na província de Idlib. A imagem é de vídeo divulgado na internet nesta segunda-feira (16) (Foto: Reuters)Soldados desertores a serviço dos rebeldes sírios em Maaret al-Numan, na província de Idlib. A imagem é de vídeo divulgado na internet nesta segunda-feira (16) (Foto: Reuters)

Um vídeo mostra centenas de manifestantes em Idleb "denunciando a capitulação internacional" e "apoiando Homs e as regiões alvos" das forças do regime do presidente Bashar al Assad, que não reconhece a contestação e afirma que luta contra "gangues de terroristas" que tentam desestabilizar o governo.

A missão, aprovada sábado de forma unânime no Conselho de Segurança da ONU após a adesão da Rússia, alertou para o alto risco que correm os seis observadores desarmados liderados pelo coronel marroquino Ahmed Himmiche.

"Nada de cessar-fogo, nem mesmo o início de um processo político: esta missão será uma das mais difíceis realizadas pela ONU", acredita um diplomata, mesmo com o número de vítimas inferior aos registrados nos dias anteriores ao cessar-fogo, em 12 de abril.

Segundo o OSDH, cerca de 60 pessoas morreram desde o início da trégua, enquanto anteriormente eram dezenas de mortes contabilizadas diariamente. Em 13 meses de uma revolta que se militarizou com a repressão mais de 11.100 pessoas morreram, em sua maioria civis.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, exortou o regime a ter "moderação máxima" e pediu à oposição "cooperação plena" para o êxito do cessar-fogo.

A resolução 2042, a primeira adotada pelo Conselho de Segurança sobre a Síria desde o início da crise no dia 15 de março de 2011, prevê o envio de 30 observadores militares e passa a responsabilidade da segurança do grupo para Damasco.

O emissário internacional da Liga Árabe e da ONU, Kofi Annan, autor do plano de paz, deseja o envio de mais de 200 observadores à Síria, mas para isso seria necessário uma nova resolução e o fim total da violência.

A primeira tarefa dos observadores será "estabelecer uma sede operacional" em Damasco, afirmou a ONU. Em seguida, devem entrar em contato com o governo e a oposição a fim de explicar o seu papel. Por fim, visitará outras cidades para estabelecer novas bases.

A Síria aprovou a missão "porque não tem nada a esconder e espera que os observadores transmitam a imagem real do que está acontecendo no terreno", anunciou a agência de notícias oficial SANA.

Os LCC pediram a criação de uma "linha direta" entre os militantes e observadores para facilitar o monitoramento.

Para além da suspensão das hostilidades, o Plano Annan prevê o retorno do Exército aos quartéis, o direito ao protesto pacífico, a libertação de milhares de pessoas e a livre circulação dos meios de comunicação estrangeiros.

De acordo com os militantes, os tanques continuam nas cidades e o Exército não retirou suas tropas.
Além disso, as prisões prosseguem: o OSDH informou a detenção da jornalista Marie Issa e de seu marido, em sua casa perto de Damasco. Anouar Bunni, advogado de direitos Humanos, afirmou que 42 jovens, que protestavam em frente ao Parlamento de Damasco, também foram presos.

Após sua visita a Moscou na semana passada, o chefe da diplomacia síria Walid al-Mouallem chegou à China, outra aliada de seu regime.

Em Genebra, a Comissão de investigação sobre a Síria, criada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, denunciou os "assassinatos extra-judiciais de soldados capturados" cometidos por rebeldes e disse estar "seriamente preocupada" pela pilhagem de Homs e a utilização de armas pesadas pelo exército.

Representantes de tribos sírias, opostas ao regime, anunciaram em Istambul que uniriam seus esforços em uma "Assembleia de tribos".

Observadores da ONU caminham por hotel de Damasco nesta segunda-feira (16) (Foto: Khaled al-Hariri/Reuters)Observadores da ONU caminham por hotel de Damasco nesta segunda-feira (16) (Foto: Khaled al-Hariri/Reuters)

Fonte: G1

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