quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Primeiros meses de 2012 são violentos

A cada dois dias, uma pessoa é assassinada em Mossoró. Essa tem sido a média registrada nos dois primeiros meses de 2012. Foram 25 mortes (duas a menos que o mesmo período de 2011, ano que ficou marcado na história da cidade como o mais violento). Em 2011, a média era de duas a cada três dias. A insegurança na cidade foi amplamente discutida em 2011 e volta às mesas de debate. Na segunda sessão do ano da Câmara Municipal de Mossoró, cinco vereadores mostraram preocupação com o tema.
A violência foi debatida na sessão de ontem pelos vereadores Francisco José Júnior (PSD), presidente da Casa, Lahyre Rosado Neto (PSB), Genivan Vale (PR) e Jório Nogueira (PSD). Eles demonstraram preocupação com o avanço da violência, principalmente neste mês de fevereiro. O mês fecha com números maiores do que o mesmo mês de 2011, quando haviam sido registrados 13 homicídios. Até ontem à tarde, 17 tinham sido mortos (inclusos quatro que morreram em operações da Polícia Militar). Janeiro havia registrado uma queda em relação a 2011, compensada em fevereiro.
O presidente da Casa, Francisco José Júnior, abriu a sessão falando sobre a morte de duas mulheres, noticiado na edição de hoje do JORNAL DE FATO. Em termos comparativos, as duas mortes representam quase 50% de todas as ocorrências dessa natureza que foram registradas na cidade no ano que passou (cinco mortes). Ele citou que o ano havia começado mais calmo (foram seis mortes a menos que 2011), o que não se confirmou no mês seguinte. O presidente propôs uma audiência pública, envolvendo diversas entidades privadas e estatais para debater o problema e achar uma solução.
O presidente sugeriu que estejam presentes representantes da Prefeitura Municipal de Mossoró e do Governo do Estado, além de entidades representativas da sociedade civil, como Igreja e outras. A intenção, segundo ele, é elaborar um cronograma com atividades combativas, sem esquecer as ações preventivas, que passam pelas políticas públicas. Francisco José Júnior enfatizou que a situação está insustentável, já que a violência vem crescendo em Mossoró ano a ano (o ápice foi em 2011, quando foram registrados 185 assassinatos, incluindo aqueles ocorridos em ações de forças policiais locais).
O vereador Lahyre Rosado também falou sobre o assunto e foi apoiado por Jório Nogueira. Ele cobrou mais ação do Governo do Estado e falou sobre a criação do XII Batalhão de Polícia Militar de Mossoró, que funciona no bairro Alto de São Manoel (zona leste). O parlamentar criticou o fato da unidade no fim do ano passado ter sido criada sem a estrutura necessária, como foi revelado com exclusividade pelo DE FATO. A reportagem mostrou que o "novo" batalhão apenas dividiu a estrutura do antigo, o II BPM, que já havia na cidade e cedeu metade do seu efetivo à nova unidade. 
O vereador Jório Nogueira falou também sobre a falta de postos policiais nos bairros periféricos de Mossoró. Lançado há cerca de 11 anos, o projeto "Polícia Comunitária" previa a criação de bases comunitárias da Polícia Militar, aproximando a sociedade e a segurança. No entanto, o projeto ficou no papel e será retomado em 2012, segundo anunciou a Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social do RN. Além disso, Jório cobrou melhorias na estrutura da PM, que tem seu quadro extremamente defasado. Só em Mossoró, seriam necessários cerca de 1200, mas a cidade só tem a metade.

Intenção é evitar novo ano histórico
O ano de 2011 é daqueles que não merecem ser lembrado em Mossoró, pelo menos no que diz respeito ao âmbito da segurança pública. Foram 185 assassinatos, uma média de 15 por mês, quase dois a cada dia.
A Câmara Municipal de Mossoró decidiu ontem que irá convocar uma nova audiência pública com o Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Mossoró e demais entidades para evitar que esses números se repitam e quase 200 famílias percam seus entes queridos.
O número oficial da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social é de apenas 174 assassinatos. Os dados não incluem as mortes ocorridas durante operações das forças policiais, apesar de muitas dessas ações ainda estarem sob investigação (apura-se a legitimidade dessas mortes, podendo configurar-se como assassinatos nessas operações).
A maioria dos vereadores que falou sobre o assunto fez questão de frisar a importância de discutir ações combativas, feitas pelas forças policiais, sem esquecer as preventivas, que passam pela Educação, Assistência Social, Saúde e outros setores que atuam diretamente na melhoria da qualidade de vida dos mossoroenses, principalmente das classes baixas (mais afetadas pela violência). 
Só no primeiro semestre de 2011, Mossoró havia registrado número equivalente de assassinatos ocorridos em 2010. Apesar dessa sinalização de que seria um ano histórico, o Governo do Estado não conseguiu dar uma resposta e evitar que a perspectiva fosse confirmada. 
Comparando-se os dois primeiros meses de 2011 e 2012, a preocupação dos vereadores da cidade é facilmente entendida. No primeiro foram 27 mortes e no segundo 25.
Se os índices de homicídios continuarem nessa mesma escala, 2012 encerará com 150 casos, menos que o ano que passou, mas ainda muito alto.
No Rio Grande do Norte, essa tendência registrada em Mossoró também foi verificada. No ano de 2010 haviam sido registrados 727 assassinatos, segundo dados oficiais da Secretaria de Estado do RN. Em 2011 subiu para 901 mortes, um aumento de quase 20% (esses casos não incluem as mortes nas ações policiais do RN).

Fonte: Defato

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