quarta-feira, julho 03, 2024

Questionado sobre o dólar, Lula diz que 'comida vai ficar mais barata' e que não está acompanhando cotação

O presidente Lula durante cerimônia de lançamento do Plano Safra — Foto: Reprodução/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou nesta quarta-feira (3) que, durante o lançamento do Plano Safra 2024-2025 para empresários, a imprensa insistiu em questioná-lo sobre o dólar (veja no vídeo acima).


Segundo ele, o evento que marca o lançamento do plano mais "importante para a agricultura brasileira", deveria ser o foco, e não algo que ele "não está acompanhando".


"Eu estou aqui lançando o mais importante Plano Safra para a agricultura brasileira, e você me pergunta de uma coisa que eu não estou acompanhando?", respondeu o presidente.

Nos últimos dias, Lula tem sido pressionado após o mercado financeiro apresentar um período turbulento. Em entrevistas ao longo da semana, o petista criticou o Banco Central e o titular da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, e o mercado reagiu às falas e à alta do dólar (veja mais abaixo).


O petista então defendeu que "a comida vai ficar barata, e que esse país jamais será irresponsável do ponto de vista fiscal".


"Eu não tenho um dia de experiência, tenho 10 anos de presidência. O país tem que estar calmo, porque tudo está acontecendo favoravelmente. Se você tem um desarranjo qualquer, você só tem que consertar", garantiu.


Pauta econômica

Nesta quarta-feira (3), Lula participou de uma reunião ordinária do Conselho da Federação, órgão criado para reunir governo federal, governadores e representantes de entidades municipalistas.


Em um tom parecido com o da declaração desta tarde, o presidente falou sobre a responsabilidade nos gastos do governo.


"Toda vez que a gente apresentar uma proposta de política de maior benefício no município, é importante que a gente apresente com que dinheiro vai ser financiada essa questão", afirmou.


Reunião com Haddad

No início da manhã, o presidente se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fora da agenda oficial. Segundo assessores, o encontro foi para discutir a questão fiscal do país.


Era esperado que os dois conversassem também, entre outras coisas, sobre a alta do dólar e sobre as críticas feitas por Lula ao Banco Central e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto.


Após a reunião entre Lula e o ministro da Fazenda, o dólar caiu mais de 2%. A moeda americana vive semanas de disparada e, nesta terça (2), encerrou o dia cotada a R$ 5,66, depois de bater R$ 5,70 durante a tarde.


Responsabilidade fiscal e taxa de juros

Um dos pontos centrais da responsabilidade fiscal é o equilíbrio entre a arrecadação e os gastos públicos.


A situação das contas públicas é algo que é acompanhado Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável por definir a taxa básica de juros, a Selic.


Lula tem resistido ao corte de gastos. Em entrevista nesta semana, o presidente chegou a dizer que é necessário avaliar "se a saída é o corte de gastos ou um aumento na arrecadação".


Críticas ao BC

Ao longo dos últimos dias, o presidente concedeu entrevistas e deu declarações em eventos públicos em que criticou o Banco Central e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto.


Nesta segunda (1º), por exemplo, Lula afirmou que, quando for escolher o novo presidente do BC, buscará alguém que "olhe para o país do jeito que ele é", e não "do jeito que o sistema financeiro fala".


O argumento do presidente é que o BC está mantendo a Selic (taxa básica de juros) em patamares altos — atualmente 10,5% ao ano — sem necessidade. Segundo ele, isso prejudica o crescimento do país, uma vez que fica mais caro captar dinheiro no sistema financeiro.


Por outro lado, o BC diz que o governo não cumpre a contento sua função de controlar os gastos públicos, o que faz persistir o risco de inflação e torna necessário manter juros mais altos


Desde 2021, o Banco Central tem autonomia. Isso significa que Lula não pode tirar Campos Neto do cargo. O mandato do atual presidente do BC, indicado no governo Jair Bolsonaro (PL), termina em dezembro. Lula poderá indicar o próximo.


Fonte: g1

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