A maioria dos sindicatos de trabalhadores dos Correios decidiu nesta sexta-feira (6) aceitar a proposta de acordo apresentada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e encerrar a greve iniciada no dia 20 de setembro.
Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), dos 31 sindicatos filiados, 24 já realizaram assembleias e votaram por aceitar a proposta e encerrar a paralisação.
O secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva, afirmou ao G1 que os trabalhadores dos Correios voltarão ao trabalho em todo o país na segunda-feira (9). "Já temos quórum para assinar o acordo, mas a volta ao trabalho é na segunda-feira", disse.
Das assembleias realizadas, as de 3 sindicatos votaram por rejeitar a proposta: Piauí, Mato Grosso e Campinas. Mas também nestes locais, os trabalhadores retornarão ao trabalho a partir de segunda-feira. "Eles rejeitaram, mas com retorno ao trabalho", disse Silva.
A assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho 2017/2018 pela empresa e federações representantes dos trabalhadores está prevista para terça-feira (10).
A proposta de acordo prevê, entre outros pontos, reajuste de 2,07% (INPC) retroativo ao mês de agosto de 2017, compensação de 64 horas (8 dias) e desconto dos demais dias de ausência.
Trabalhadores dos Correios encerram greve no Recife (Foto: Divulgação/SINTECT-PE)
Efeitos da greve
Os Correios informaram que neste fim de semana será realizado mais um mutirão com a expectativa é de entregar aproximadamente 5 milhões de cartas e encomendas atrasadas.
Em nota, a estatal informou que dos cerca dos seus 108 mil empregados, aproximadamente 90% estavam "trabalhando normalmente em todo o país" nesta sexta-feira.
De acordo com entidades que representam os funcionários, a paralisação foi parcial, com redução de funcionários nas agências, afetando principalmente a área de distribuição. As agências franqueadas não participaram da greve - são cerca de 1 mil no país. Já as agências próprias totalizam mais de 6.500 pelo país.
Os serviços mais afetados durante a paralisação foram os de hora marcada. No período, foram suspensos: Sedex 10, Sedex 12, Sedex Hoje, Disque Coleta e Logística Reversa Domiciliária.
A proposta de acordo coletivo foi apresentada na quarta-feira (4) pelo ministrodo TST Emmanoel Pereira. Veja os principais termos:
reajuste de 2,07% (INPC) nos salários e benefícios retroativo ao mês de agosto deste ano
compensação de 64 horas e desconto dos demais dias de ausência
manutenção de cláusulas sociais no acordo
Crise nos Correios
Os Correios enfrentam uma severa crise econômica. Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal.
Neste mês, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que existe a possibilidade de privatizar os Correios, mas afirmou que ainda “não há uma decisão tomada”, já que “isso é uma coisa que tem que ser tratada com muito cuidado”.
Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa.
Os Correios anunciaram em março o fechamento de 250 agências, apenas em municípios com mais de 50 mil habitantes, além de uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos.
A estatal alega ainda que o custeio do plano de saúde dos funcionários é responsável pela maior parte do déficit da empresa registrado nos últimos anos. Hoje a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários, com 7%.
A crise atingiu também o Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (Postalis), fundo de pensão dos funcionários da estatal, que teve intervenção decretada pelo governo após prejuízos e denúncias de fraudes em investimentos em desacordo com a política interna do Postalis.
Fonte: G1