quinta-feira, junho 12, 2014

Praia de Ponta Negra passará Copa do Mundo como canteiro de obras

Obras-na-Praia-de-Ponta-Negra-WR-(1)Não é só o novo viaduto da BR 101, ao lado da Arena das Dunas, que vai chamar a atenção dos turistas como obra inconclusa. Um dos principais pontos turísticos da capital potiguar
também não estará completamente pronto até amanhã, data do primeiro jogo da Copa em Natal.

Os trabalhadores que sustentam a família do turismo na areia da praia são os que mais reclamam, como o locador de cadeiras Francisco Canindé de Souza. Aos 60 anos de idade, ele é um dos moradores da Vila de Ponta Negra que sempre trabalhou na praia. Segundo ele, o movimento de banhistas e turistas caiu 50% depois do início das obras no ano passado. “Nos domingos, antes dessas obras, dava pra ganhar uns R$ 300,00 de lucro [bruto]. Agora se ganhar R$ 100,00 é muito”, contabilizou.

A principal dificuldade para os frequentadores é o acesso à areia da praia. Muitas descidas são improvisadas com sacos de areia. “Ficou ruim de acesso para a gente trabalhar. E os turistas vem só olhar e não ficam mais na praia, vão embora. Eu tinha clientes cadeirantes que vinham para a praia, mas deixaram de vir. Ficaram condenados a não vir mais para praia”, contou Francisco de Souza.

Os turistas não são repelidos somente pelo quadro de canteiro de obras, mas também pelo fenômeno natural que destruiu o calçadão. “Quando dá 1h da tarde, a maré bate nessa parede [barreira de pedras]. Aí a gente tem que tirar tudinho. A maior parte do pessoal vai embora”, acrescentou. Na placa com informações da obra, a data de início consta 21 de outubro de 2013. A finalização estava prevista para ocorrer no dia 31 de maio. “Mas parece que vai ficar agora para as Olimpíadas”, brincou Francisco.

A equipe de reportagem d’O JORNAL DE HOJE encontrou apenas uma equipe trabalhando em um quiosque. O transtorno da obra incomoda os banhistas e turistas. “Não tem um que dê um elogio. Muitos disseram que iam voltar pra Natal, mas iam frequentar outras praias”, contou o locador de cadeiras. Mesmo desmotivado com o arrastado da execução da obra, ele espera que, ao final de tudo, as mudanças tragam benefícios.



Turistas

Apesar de tudo, os turistas ainda saem de Natal com uma boa impressão geral da cidade. José Moreira é cadeirante. Ele veio de São Paulo para conhecer a cidade do sol. “Ficou ruim assim. Deveria ter mais acessibilidade para a gente. Por mais que eu não tome banho, eu gosto de ficar perto do mar”, reclamou.

Ele encontrou obstáculos intransponíveis na maior parte da orla de Natal. O turista também foi a Praia do Meio, dos Artistas e do Forte, onde ficou igualmente frustrado. “Por lá, a dificuldade foi a mesma”, completou. No entanto, se encantou com a cidade. “Realmente a cidade é muito linda mesmo. E se puder voltar, eu volto”, concluiu com um sorriso no rosto.

Vindo de Brasília, o estudante Darley Silva se conforma com a situação. “É interessante inovações se for para a melhoria de todos. Não tenho o que reclamar”, disse. O pai do estudante acredita que o transtorno é necessário. “Olha, o brasileiro reclama de tudo”, comentou Raimundo Silva, servidor público.

FALTA MUITA COISA

Conforme o secretário de Obras Públicas e Infraestrutura de Natal, Tomaz Neto, “fica faltando quiosques, banheiros e caramanchões” na reestruturação da orla de Ponta Negra durante a Copa.

Ainda segundo o chefe da pasta de Infraestrutura, o enrocamento (formação de um paredão de pedras antes do calçadão) será concluído entre 15 e 20 dias. Faltam apenas 46 metros de orla.

Sobre os acessos à areia da praia, “a empresa responsável pela obra já começou a instalar mais seis escadas e duas rampas”, disse Tomaz Neto. De acordo com ele, o guarda-corpo e o calçadão foram concluídos. Mas nossa equipe de reportagem constatou que alguns pontos do calçadão e guarda-corpo estavam concluídos.

A construção dos quiosques foi uma das mais problemáticas em razão dos roubos. “Vamos isolar todos os quiosques para conseguir concluir a obra, porque estavam roubando rede hidráulica, elétrica, tudo”, disse o secretário. A obra vai custar R$ 12.692.890,02 com recursos federais e do município.

Para resolver o problema de avanço da maré será feito o processo de engorda. De acordo com o secretário, o termo de referência para a licitação dos estudos ainda está sendo elaborado por uma comissão formada inclusive pelo Ministério Público. Só depois desses estudos é que haverá uma nova licitação para a execução do serviço. A engorda da orla da praia consiste em retirar areia das profundezas do mar e colocar na costa evitar o avanço da maré.

Reprodução Cidade News Itaú via Portal JH

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!