quinta-feira, dezembro 22, 2011

PF espera perícia para fazer prisões



A Polícia Federal vai encaminhar os computadores e outros equipamentos eletrônicos apreendidos na terça-feira passada em seis casas de Mossoró. O material foi apreendido a partir da identificação de máquinas que estavam sendo utilizadas para divulgar fotos pornográficas infanto-juvenis através de uma rede social virtual. Após a perícia e a identificação dos usuários responsáveis pela divulgação do conteúdo ilícito, a PF deverá solicitar mandados de prisão e cumpri-los - por enquanto, não existe um prazo. 
De acordo com o delegado-chefe da PF de Mossoró, José Wilson Ramos, o equipamento apreendido será encaminhado ao Setor de Perícia Técnica da PF, em Natal. Os computadores, notebooks, HDs portáteis (armazenam arquivos virtuais), mídias tipo CD e DVD serão entregues nos próximos dias. Ele afirma não ter um prazo para que a equipe analise todo o conteúdo apreendido. O delegado explica que a perícia no campo da informática pode ser mais demorada do que noutras áreas devido sua complexidade. "Pode ser que um arquivo esteja bloqueado, com senha, e isso dificultaria a perícia", esclarece.
Por enquanto, o delegado evita falar sobre os próximos passos que serão adotados durante a investigação. Ele afirma que o trabalho de levantamento de informações sobre o grupo que divulgava fotos pornográficas de crianças e adolescentes vai continuar com o objetivo de identificar todos os responsáveis. José Wilson afirma não ser possível, neste momento, afirmar quantas pessoas poderão ser presas até o final da investigação. "É uma coisa que não sabemos neste momento. É preciso que a perícia identifique os responsáveis e a investigação avance um pouco mais", adianta o policial.
Os mandados de busca e apreensão em seis casas diferentes foram cumpridos na manhã de terça-feira passada. Casas situadas em diferentes bairros da cidade foram alvo dos agentes federais. Como a ordem judicial era apenas de busca, não houve nenhuma prisão. Segundo explicou o agente Paulo Nascimento, do setor de comunicação da PF de Mossoró, as prisões não foram realizadas porque os usuários responsáveis pela divulgação do conteúdo ainda não foram identificados - o computador que divulgou as fotos foi achado, mas quem utilizou a máquina ainda não foi descoberto.
As imagens eram divulgadas através da comunidade virtual denominada "Rasgações de Mossoró", que foi removida pelo Orkut. As fotos começaram a ser postadas pelos usuários e moderadores (pessoas que administravam a comunidade) em 2009. Em poucos meses, o "Rasgações de Mossoró" virou sensação entre os jovens da cidade. Em julho de 2010, a comunidade tinha mais de 5 mil participantes. Segundo levantamento feito pelo DE FATO na época, aproximadamente 50 usuários participavam efetivamente, divulgando fotografias, vídeos e interagindo com aquelas publicações.

Crianças e adolescentes eram expostas na internet
A comunidade foi criada entre 2008 e 2009 e três pessoas se identificavam com seus proprietários (chamados de moderadores). Para divulgar uma fotografia ou vídeo pornográfico, bastava entrar em contato com um deles e enviar o conteúdo. Em pouco tempo, as imagens eram compartilhadas com os quase cinco mil usuários que integravam a rede.
Para ter acesso ao conteúdo que era exibido pelos moderadores, bastava solicitar participação aos proprietários. No início, três pessoas se identificavam como gestores, dois aparentando ser adolescentes.
O maior alvo das divulgações eram meninas e adolescentes e, curiosamente, quem mais publicava as imagens eram pessoas do sexo feminino.
Além de divulgar fotografias e vídeos, os agressores informavam ainda dados pessoas das vítimas, como telefones de contato e endereço residencial.
A comunidade "Rasgações de Mossoró" foi retirada do ar pelo Orkut, detentor dos direitos administrativos da rede, mas existem ainda outras três que se apresentam com a mesma finalidade: "Rasgação de Mossoró", "Rasgações: Bairros de Mossoró" e "Rasgações de Mossoró (Oficial)".
A reportagem buscou ontem pelo perfil virtual das três pessoas que se apresentavam como administradores. Dois deles foram cancelados e o terceiro continua na rede - hoje utiliza três perfis diferentes por excesso de participantes. Cada usuário só pode ter até um mil.
Os nomes não serão divulgados pela reportagem a pedido da Polícia Federal, que solicitou os dados da pesquisa feita pelo JORNAL DE FATO em julho de 2010 sobre essa rede.
Os dados haviam sido encaminhados à Vara da Infância e da Juventude do Ministério Público Estadual (MPE) em julho de 2010, mas hoje, mais de um ano depois, o MPE não se manifestou sobre a situação - se houve algum tipo de investigação, não foi divulgado.

Fonte: Defato

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