domingo, setembro 12, 2021

ONU acusa Talibã de matar 4 em protesto pacífico no Afeganistão

A ONU afirmou nesta sexta-feira (10) que ao menos quatro pessoas foram mortas na violenta repressão do Talibã a uma manifestação pacífica em Cabul e denunciou que a resposta do grupo aos protestos tem sido cada vez mais violenta, com o uso de munição real, cassetetes e chicotes.


"Pedimos aos talibãs que parem de usar imediatamente a força e as detenções arbitrárias contra quem exerce seu direito de protestar pacificamente e contra jornalistas que cobrem essas manifestações", afirmou porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

Protestos, sobretudo os liderados por mulheres, representam um desafio para o novo governo do Talibã, que está tentando passar uma imagem de maior moderação ao Ocidente (apesar de a realidade confrontar o discurso do grupo extremista).


Mulheres afegãs protestam na capital Cabul em 7 de setembro de 2021 — Foto: Hoshang Hashimi/AFP


Ravina Shamdasani disse também que o grupo extremista proíbe desde quarta-feira (8) qualquer concentração não autorizada no país e pediu ao novo governo que respeite o direito humanitário internacional.


"Qualquer uso da força deve ser um último recurso em resposta às manifestações e deve ser estritamente necessário e proporcional", disse a porta-voz da ONU. "As armas de fogo nunca devem ser usadas caso não seja em resposta a uma ameaça mortal iminente".

O Talibã também é acusado de agredir e prender jornalistas que cobriam a mesma manifestação na terça-feira (7). Taqi Daryabi e Neamat Naghdi ficaram com ferimentos nas costas, nas pernas, no ombro e no braço, além de hematomas e cortes nos rostos.


Três dias antes, no sábado (4), um outro protesto de mulheres foi reprimido com gás lacrimogêneo e spray de pimenta.


Em 18 de agosto, três dias após o Talibã tomar a capital Cabul e voltar ao poder após 20 anos, ao menos três pessoas foram mortas após os extremistas reprimirem um protesto em Jalalabad.


"Além de deixar proibir as manifestações pacíficas, os talibãs deveriam deixar de usar a força e garantir o direito da reunião pacífica e da liberdade de expressão", afirmou Shamdasani. "As proibições de qualquer concentração pacífica representam uma violação do direito internacional".


Mulheres e o Talibã

Quando o Talibã assumiu o poder pela primeira vez, entre 1996 e 2001, o direito das mulheres foi brutalmente suspenso e elas foram impedidas de trabalhar e estudar.


Na época, os extremistas adotaram uma visão extremamente rigorosa da lei islâmica (a sharia), que incluía apedrejamentos, amputações e até execuções públicas.


As afegãs só podiam sair de casa acompanhadas por um familiar do sexo masculino e eram obrigadas a usar burcas que cobrissem totalmente o corpo.


Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!