A Rússia irá proibir a importação de todos os produtos alimentícios dos Estados Unidos, assim como frutas e verduras da União Europeia,
depois que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou uma retaliação às sanções ocidentais contra o seu governo, relatou uma agência de notícias estatal nesta quarta-feira (6).
Sendo a Rússia uma grande compradora de alimentos dos EUA e da UE, o gesto representa uma profunda escalada na guerra comercial do tipo "olho por olho" desencadeada pela crise na Ucrânia.
Putin assinou um decreto nesta quarta-feira interrompendo ou limitando a importação de produtos agrícolas de países que impuseram sanções à Rússia, ordenando o governo que elabore uma lista de importações a serem proibidas durante um ano.
"(Todos os produtos alimentícios) produzidos nos EUA e fornecidos à Rússia serão proibidos'', disse o porta-voz da agência de vigilância alimentar VPSS, Alexei Alekseenko, segundo a agência Ria Novosti. ''Frutas e verduras da União Europeia terão proibição total'', acrescentou.
Ninguém estava disponível para comentar o assunto na VPSS, mas Alekseenko disse anteriormente à Reuters que a ação retaliatória será ''bastante substancial" e irá incluir os frangos norte-americanos.
Um porta-voz da Comissão Europeia, em Bruxelas, disse que não tinha comentários sobre o tema.
Os russos são de longe os maiores compradores de frutas e verduras da UE, tendo adquirido 21,5 por cento das exportações de verduras e 28 por cento das vendas externas de frutas do bloco em 2011.
O país também tem um grande apetite pelos frangos dos EUA --compraram 276.100 toneladas do produto no ano passado, ou oito por cento das exportações norte-americanas. Assim, a Rússia é o segundo maior comprador, só atrás do México, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Frango brasileiro
Depois da emissão do decreto de Putin, a VPSS disse que irá discutir a opção de ampliar as importações de alimentos de Equador, Brasil, Chile e Argentina com os embaixadores destes países na quinta-feira.
Os produtores brasileiros poderiam enviar 150 mil toneladas adicionais de frango por ano para a Rússia para compensar a escassez, declarou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, em São Paulo.
Washington e a UE impuseram as primeiras sanções depois que a Rússia anexou a Crimeia em março e as aprofundaram após a derrubada de um avião comercial malaio no mês passado no leste ucraniano, controlado por rebeldes separatistas.
Moscou refuta as alegações ocidentais de que forneceu o míssil supostamente usado pelos rebeldes para abater o avião, matando as 298 pessoas a bordo.
As relações entre Ocidente e Oriente azedaram ainda mais nesta quarta-feira, quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) declarou que os russos podem usar o pretexto de uma missão humanitária para invadir o leste da Ucrânia.
Fonte: Uol
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