Fundador do Wikileaks, Julian Assange, refugiado na embaixada equatoriana em Londres, em foto de 2016 (Foto: Olivia Harris/Reuters)
O Equador anunciou nesta quarta-feira (28) que cortou os sistemas de comunicação "com o exterior" de Julian Assange, refugiado em sua embaixada em Londres. A medida é uma nova represália por interferir em assuntos de outros países.
Em um comunicado, o governo Lenín Moreno adverte o ciberativista australiano que pode adotar "novas medidas diante do descumprimento do compromisso [de não interferir] por parte de Assange".
"A medida foi adotada diante do descumprimento por parte de Assange do compromisso escrito que assumiu com o governo em dezembro de 2017, com o qual obrigava-se a não emitir mensagens que representassem uma ingerência em relação a outros Estados", diz o comunicado oficial do governo.
Depois de sucessivos pedidos por parte da Chancelaria equatoriana, Assange voltou a se manifestar sobre questões políticas que afetam outros países na segunda-feira (26), quando criticou pelo Twitter a decisão do governo britânico de expulsar diplomatas de Moscou em resposta ao envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal.
"Apesar de ser razoável que Theresa May [primeira-ministra britânica] pense que o Estado russo é o primeiro suspeito, até agora as provas são circunstanciais", comentou o ativista.
O fundador da Wikileaks - organização que revelou esquemas de espionagem secretos da agência americana NSA (Agência de Segurança Nacional) - já havia tido a comunicação cortada uma outra vez, em 2016.
Hóspede incômodo
Assange buscou refúgio na embaixada equatoriana fugindo de um mandado de prisão europeu porque a Suécia o reivindicava como suspeito de crimes sexuais cometidos em 2010. A Justiça sueca arquivou a investigação, mas a polícia britânica ainda quer prendê-lo por violar os termos de sua liberdade condicional em 2012.
Assange também teme sair da embaixada e acabar em uma prisão dos Estados Unidos pelo vazamento de segredos de Estado do país.
Em várias ocasiões, o governo de Quito criticou o fato de seu hóspede interferir em assuntos de países terceiros, como nas últimas eleições dos Estados Unidos -- nas quais o Wikileaks divulgou mensagens comprometedoras da campanha da candidata Hillary Clinton -- ou na recente crise política na Catalunha, onde se posicionou em favor dos independentistas.
Fonte: G1
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