Mais um preso do Complexo Penitenciário do Curado, no Recife, morreu após conflito envolvendo detentos de dois pavilhões no
domingo (1º). Foi a segunda morte do fim de semana e a quinta deste ano no local.
Paulo da Silva Tavares, 39 anos, teve ferimentos múltiplos durante tumulto entre os pavilhões I e P do presídio Juiz Luiz Lins de Barros, uma das três unidades do complexo.
Segundo a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Tavares passou por uma cirurgia no Hospital Otávio de Freitas, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na noite de domingo.
Outros oito presos ficaram feridos no conflito –quatro tiveram ferimentos leves e foram atendidos na enfermaria do presídio, um foi hospitalizado e já recebeu alta e outros três continuam internados no setor de emergência do hospital, com quadro "estável", de acordo com a secretaria.
Nesta segunda (2), o Batalhão de Choque da Polícia Militar entrou novamente no complexo. Segundo a pasta, a entrada da polícia foi para fazer uma inspeção de rotina, e não para conter tumulto.
No último sábado (31), um motim no mesmo complexo deixou um preso morto e quatro feridos, antes da entrada de familiares para a visita íntima. A secretaria informou que foi aberto inquérito para apurar as circunstâncias da morte.
CRISE
Desde o início do ano, o sistema penitenciário de Pernambuco passa por uma crise, que levou o governo estadual a decretar estado de emergência.
A crise já resultou em diversos motins e na morte de um sargento da Polícia Militar e quatro presos, dos quais um foi decapitado.
No início do mês, a divulgação de irregularidades no complexo do Curado culminou com o pedido de demissão do ex-secretário-executivo de Ressocialização de Pernambuco, Humberto Inojosa.
Na última quinta-feira (29), os agentes penitenciários do Estado decidiram, em Assembleia, trabalhar em "operação padrão", o que, na prática, traz lentidão aos procedimentos dentro do complexo, como a entrada das visitas.
Um dos mais superlotados do país, o Complexo do Curado abriga 6.862 homens em um espaço para, no máximo, 2.114.
Pernambuco tem atualmente uma população carcerária de 32 mil presos, mas apenas 12 mil vagas, o que significa um deficit de cerca de 20 mil vagas.
Fonte: Folha de São Paulo
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