O Instituto Butantan confirmou nesta quinta-feira (29) que as 104,8 mil doses da vacina CoronaVac que serão distribuídas pelo governo federal aos estados fazem parte de um lote emergencial de 180 mil doses que foi entregue pelo instituto no dia 22 de abril.
Após cidades de ao menos 18 estados interromperem a aplicação da segunda dose por falta do imunizante contra a Covid, o Ministério da Saúde informou que distribuiria as novas doses a partir desta quinta-feira. A pasta, no entanto, não havia detalhado a origem desses imunizantes e qual o motivo para que a entrega não tivesse sido realizada antes.
Em entrevista à GloboNews nesta quinta, o secretário Executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, explicou que as doses são oriundas de uma remessa emergencial do Instituto Butantan para o cumprimento de uma decisão judicial da Paraíba, que, em 20 de abril, determinou o envio imediato de 75,1 mil doses ao estado, a fim de garantir a continuidade ao plano estadual de vacinação em 2ª dose.
“São 180 mil doses que foram entregues [pelo Instituto Butantan], a pedido do ministério, para o cumprimento da decisão judicial e também para antecipação aos estados para aplicação da 2ª dose. Essas [180 mil] doses foram entregues no dia 22 de abril para o Centro de Distribuição. No dia 24, foram enviadas as 75 mil doses para o estado da Paraíba, com intuito de atender a demanda judicial", afirmou Cruz.
Segundo o ministério, o montante referente aos estados estava no depósito de distribuição do governo federal em Guarulhos, na Grande São Paulo, aguardando um agrupamento com outras vacinas para serem distribuídas aos estados conjuntamente.
"O restante, 104 mil doses, a gente agrupou com a outra entrega do laboratório da AstraZeneca, para poder encaminhar numa pauta conjunta, num total de 5,2 milhões de doses, que fechou ontem junto com a comissão tripartite e hoje a gente encaminha para os estados e municípios.”
Entregas do Instituto Butantan
Frascos da vacina CoronaVac, contra a Covid-19. — Foto: WILLIAN MOREIRA/ESTADÃO CONTEÚDO
Na quarta-feira (28), o Instituto Butantan havia anunciado a entrega de 600 mil doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde apenas na sexta-feira (30).
A nova remessa faz parte do primeiro contrato firmado com o governo federal para o fornecimento de 46 milhões de doses, que sofreu atraso de alguns dias após problemas com a entrega de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) vindos da China, matéria-prima para a produção da vacina.
Em coletiva de imprensa, o Butantan afirmou que até o dia 19 de abril havia entregue ao Ministério da Saúde o total de 41,4 milhões de doses da CoronaVac. Faltando, portanto, 4,6 milhões para completar o que estava previsto no primeiro contrato.
Nesta quinta, o instituto confirmou por meio de nota a entrega do lote emergencial de 180 mil doses no dia 22 de abril, alterando portanto a previsão de entrega da sexta-feira para 420 mil doses.
"O Instituto Butantan informa que, a pedido do Ministério da Saúde, antecipou no dia 22 de abril, em caráter de urgência, 180 mil doses ao Programa Nacional de Imunizações de um lote de 600 mil que estavam programadas para serem entregues a partir de 3 de maio. Com esforço adicional de toda a equipe de produção, amanhã (30/4) serão entregues mais 420 mil doses, totalizando uma antecipação de 600 mil", diz o texto.
O Butantan também manteve a previsão de liberar mais 1 milhão de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização (PNI) na próxima quarta-feira (5) e disse que a logística de distribuição das vacinas é de responsabilidade do governo federal.
"Cabe ao Ministério da Saúde coordenar e planejar a campanha de vacinação em todo o Brasil, incluindo a logística de distribuição de doses e as orientações técnicas aos estados. O próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu que a determinação dada há cerca de um mês para liberação de todo o estoque de Coronavac para a aplicação da primeira dose ocasionou desabastecimento em alguns estados para a segunda dose. A pasta federal recuou dessa orientação nesta semana."
Veja abaixo as entregas de doses do Butantan ao ministério:
Janeiro: 8,7 milhões
Fevereiro: 4,583 milhões
Março: 22,7 milhões
5 de abril : 1 milhão
7 de abril : 1 milhão
12 de abril : 1,5 milhão
14 de abril: 1 milhão
19 de abril: 700 mil
22 de abril: 180 mil
30 de abril: previsão de entrega de 420 mil
5 de maio: previsão de entrega de 1 milhão
Vacinas 'paradas'
Pelas redes sociais, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chegou a acusar o Ministério da Saúde de ter “esquecido” as 104 mil doses da vacina no depósito de Guarulhos.
“Inacreditável. 100 mil doses da Vacina do Butantan esquecidas pelo Ministério da Saúde em centro de distribuição em SP. O povo precisando de vacinas e o Governo Federal esquece vacinas em depósito. Vergonhoso”, disse o governador de SP.
Por meio de nota, contudo, o Ministério da Saúde disse que as doses não foram “esquecidas” no depósito de Guarulhos, mas estavam aguardado a chegada de um novo lote da vacina da FioCruz/ AstraZeneca para que fossem distribuídas ao país.
“O Ministério da Saúde esclarece que não retêm doses de vacina Covid-19. Toda semana a pasta recebe imunizantes do Butantan e Fiocruz. Em seguida é realizada reunião com representantes da União, Estados e Municípios para definir a pauta de distribuição das vacinas, que no dia seguinte são encaminhadas às secretaria de saúde das Unidades Federativas”, disse o órgão.
O governador de SP, João Doria (PSDB), acusa o Ministério da Saúde de ter esquecido as doses em depósito de Guarulhos, na Grande SP. — Foto: Reprodução
Decisão judicial
A Justiça Federal concedeu na terça-feira (20) liminar aos Ministérios Públicos Federal e da Paraíba, após ação conjunta cobrando medidas imediatas que garantam que os cidadãos paraibanos recebam a segunda dose da vacina contra a Covid-19 dentro dos prazos contemplados nas respectivas bulas.
Na decisão, o governo federal deveria incrementar ou garantir exclusividade de doses de CoronaVac nas próximas remessas de vacina à Paraíba.
Após a liminar, o governo da Paraíba recebeu no sábado (24) as 75,1 mil doses da vacina CoronaVac que o estado têm direito no Plano Nacional de Imunização. O lote desembarcou no Aeroporto Internacional Castro Pinto, na Grande João Pessoa. Com as novas vacinas, os idosos que estão com a segunda dose atrasada começaram a receber o imunizante.
Fonte: G1