O presidente da Câmara Federal e líder estadual do PMDB, Henrique Eduardo Alves, afirmou que não poderia ficar sozinho apoiando o Governo do Estado se os correligionários dele demonstram insatisfação e querem o rompimento. E situação parecida vive o presidente estadual do Partido Progressista (PP) e vereador de Natal, Rafael Motta. Mesmo se fosse o caso dele querer continuar apoiando a gestão estadual do DEM, a insatisfação dos pepistas no interior do Estado também está caminhando para o rompimento com a administração estadual.
“Precisamos ouvir os correligionários para tomar qualquer decisão e faremos isso no momento certo. As eleições ainda estão distantes. O que sabemos hoje é que há muita insatisfação no interior do Estado com a gestão do DEM”, afirmou Rafael Motta, que desde que assumiu a presidência do PP tem percorrido várias cidades do interior do Estado, se reunindo com os diretórios municipais do PP e acumulando críticas tanto a gestão estadual.
As críticas seriam provenientes, sobretudo, das cidades que Rafael Motta visitou no mês passado, localizadas no Seridó, no Alto e no Médio Oeste – regiões que o DEM, tradicionalmente, tem grande influência eleitoral. “Os municípios têm reclamado de falta de autonomia provocada pela dependência dos recursos federais e estaduais”, comentou o presidente pepista.
Contudo, é importante ressaltar que, diferente do PMDB, o PP não tem tanto espaço no primeiro escalão do Governo do Estado. Não indicou nenhum secretário, por exemplo, nem conta com diretores/presidentes de fundações/instituições ligadas a gestão da governadora Rosalba Ciarlini. Então, porque a administração estadual estaria “preocupada” com o fato do PP apoiar ou não o Governo? Pela influência que o partido está conseguindo na Assembleia Legislativa.
É para o PP que o atual presidente da Assembleia, o deputado estadual Ricardo Motta (PMN), deve ir caso consiga a desfiliação partidária na Justiça Eleitoral – já deu entrada no pedido e tem, a favor dele, a permissão do deputado presidente estadual do PMN, Antônio Jácome. E só com a ida de Ricardo Motta para um partido que está caminhando para o rompimento, significaria a perda, para o Governo, de um de seus principais apoiadores políticos. Afinal, foi Ricardo Motta que, por diversas vezes, conseguiu amenizar crises políticas enfrentadas pelo Governo no Legislativo Estadual.
Amenizou crises, mas não conseguiu evitar que a última, referente ao pagamento integral do duodécimo à Assembleia Legislativa, provocasse uma crise entre poderes. Assumiu um tom crítico raro e condenou o corte percentual feito pelo Executivo, sendo apoiado por muitos outros parlamentares da Casa Legislativa.
Por sinal, nessa mudança de partido de Ricardo Motta, que pode configurar também uma mudança de lado – de aliado para oposição ou, no mínimo, independência – ele não estará sozinho. Deverá ser acompanhado pelos colegas Raimundo Fernandes (PMN) e Vivaldo Costa (PR). O primeiro até já pediu desfiliação do PMN junto com Ricardo Motta. Ambos já teriam conversas – e convites – para ir para o PP.
No entanto, o primeiro parlamentar a chegar ao PP não deve ser nem Raimundo Fernandes, nem Ricardo Motta, mas sim Kelps Lima. O deputado, que já conseguiu a desfiliação na Justiça Eleitoral do PR, tem convite de vários partidos, inclusive, um oficial do PP. Entre as “exigências” do parlamentar para o novo partido, estão o fórum permanente de debate sobre o Estado e que a sigla não seja da base aliada do governo Rosalba Ciarlini. Ou seja: indo para o PP, Kelps Lima praticamente confirma o perfil oposicionista da sigla dirigida por Rafael Motta.
ELEIÇÃO 2014
Com relação ao pleito de 2014, Rafael Motta evita falar mais claramente sobre conjeturas eleitorais ou apoio a candidatura de alguns dos partidos que devem ter candidatos a governador – como o PSD, PMDB e PSB. “Ainda está distante”, afirmou ele, ressaltando que o PP não tem pensado muito nisso, até porque, não é interesse do partido disputar a eleição majoritária.
“A Executiva Nacional do PP tem diretrizes muito claras para a eleição de 2014, que é aumentar os espaços tanto no legislativo estadual, quanto no federal”, afirmou Rafael Motta, explicando o porquê de buscar contato com atuais deputados estaduais – que podem trabalhar para tentar a reeleição – no próximo ano.
“Estamos tentando agregar deputados com mandato e lideranças políticas de vários municípios. No interior, há muitos bons nomes com grande potencial para ser candidato em 2014”, acrescentou ele, que pode ser um dos candidatos do partido a deputado federal, na busca de atender a outra parte da diretriz da Executiva Nacional. “Ainda falta muito tempo para isso”, despistou.
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