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quinta-feira, julho 11, 2024

Investigados criaram dossiê falso contra Moraes, falaram em agressão ao ministro, e espalhavam desinformação contra Barroso, diz PF


A nova fase da Operação Última Milha, que investiga o uso ilegal de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem, revelou ações de difamação contra os ministros do STF, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Segundo a Polícia Federal, os investigados Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet produziram dossiês falsos e disseminaram fake news para atacar a credibilidade das autoridades.


O ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo desta fase da operação, que desde 2023 apura o esquema conhecido como "Abin paralela". As investigações apontam que foram monitoradas autoridades do Judiciário, Legislativo e Executivo, além de jornalistas. Entre os alvos estavam ministros do STF, deputados, senadores e servidores públicos.


O dossiê falso contra Alexandre de Moraes, encontrado em um dispositivo de armazenamento, tentava associar o ministro ao delegado Osvaldo Nico Gonçalves. O documento tinha como objetivo difundir desinformação e atacar a credibilidade do STF. A ação fazia parte de um esforço maior para minar o sistema Judiciário e eleitoral brasileiro, segundo a PF.


"O dossiê produto da ação ilícita foi encontrado em dispositivo de armazenamento com o nome: 'Alexandre x Nico.docx' com metadado de criação de 18/06/2020 data da interlocução dos investigados. O dossiê produto da estrutura paralela apresenta fotos do Exmo. Ministro Alexandre de Moraes para tentar vinculá-lo ao delegado Osvaldo Nico Gonçalves. A tentativa de associar o Exmo. Ministro Alexandre de Moraes a determinada pessoa com o fito de difundir desinformação e atingir o poder Judiciário não foi a única ação clandestina realizada pela estrutura paralela da ABIN", disse a polícia.


Em uma troca de mensagens, interceptada pela polícia, Giancarlo reclama da atuação de Moraes à frente de investigações que contra as fake news. Bormevet responde: "Tá ficando foda isso. Esse careca tá merecendo algo a mais".


Giancarlo diz: "7.62 ", em referência a calibre de arma. Bormevet completa: "Headshot".


Já as ações contra Barroso incluíam a criação de informações falsas, relacionadas a declarações de perfis nas redes sociais. Bormevet e Giancarlo usaram seus cargos na Abin para atacar o assessor de Barroso, visando enfraquecer a imagem do ministro do STF e do TSE.


"O questionamento das urnas eletrônicas era um mantra reiterado nas 'ações de desinteligência' e, neste evento, a potencialidade ofensiva da Orcrim foi destacada ao tentar criar informações inverídicas relacionando ministros do STF. A partir de uma publicação no Twitter sobre as urnas eletrônicas e de declarações do perfil 'Kim Paim', Bormevet determinou ao subordinado Giancarlo que 'mandasse bala' para 'sentar o pau' no assessor do Exmo. ministro do STF Luís Roberto Barroso", continua a PF.


Sistema eleitoral

Os diálogos interceptados pela PF entre Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet indicam "ações clandestinas" contra Moraes e Barroso, com o objetivo de levantar suspeitas sobre a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro. Ambos foram alvos de mandados de prisão na operação.


Familiares de Bolsonaro

A PF também identificou a "instrumentalização" da Abin para monitorar pessoas ligadas a investigações envolvendo familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso incluía esforços para comprometer auditores da Receita Federal que elaboravam relatórios sobre o senador Flávio Bolsonaro.


CPI da Covid

As investigações mostraram que a Abin foi usada contra o senador Alessandro Vieira, integrante da CPI da Covid. O objetivo era produzir desinformação sobre Vieira, com diálogos entre Giancarlo e Bormevet evidenciando a tentativa de desacreditar o senador e marcar o vereador Carlos Bolsonaro.


Fonte: g1

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